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sábado, 28 de maio de 2011

A paz esteja convosco

À primeira vista seríamos levados a julgar compreensível que Nosso Senhor Jesus Cristo desejasse acalmar seus discípulos das perturbações que os acometiam desde a prisão no Horto das Oliveiras. E de fato, esse bem poderia ser um de seus intentos, mas o significado mais profundo não reside nessa interpretação. Para melhor o entendermos, perguntemo-nos o que é paz.
“Paz é a tranqüilidade da ordem”, diz Santo Agostinho (4), ou seja, uma ordem permanentemente tranqüila. E São Tomás demonstra ser a paz efeito próprio e específico da caridade, pois todo aquele que está em união com Deus vive na perfeita ordem, ao harmonizar todas as suas potências, sentidos e faculdades à sua causa eficiente e final (5).
Essa união faz brotar na alma que a possui um profundo repouso interior e nem sequer os inimigos externos a perturbam, porque nada lhe interessa a não ser Deus: “Se Deus está conosco, quem será contra nós?” (Rom. 8, 31).
Ora, sabemos pela Teologia que o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e procede do Pai e do Filho por via do Amor. N’Ele está a raiz, ou semente, da qual nasce o fruto da caridade. Ao amarmos a Deus e ao próximo, a alegria e o consolo penetram em nosso interior. Desse amor e gozo, procede a paz (6).
Jesus, desejando-lhes a paz, oferecia-lhes um dos principais frutos desse Amor infinito que é o Espírito Santo.
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se muito ao ver o Senhor.
Por esta atitude do Senhor podemos bem avaliar o quanto o pavor havia penetrado na alma de todos, apesar de ouvirem a voz do Divino Mestre desejando-lhes a paz.
Por isso tornou-se indispensável mostrar-lhes aquelas mãos que tanto haviam curado cegos, surdos, leprosos e inúmeras outras enfermidades, mãos que talvez eles mesmos tivessem, a seu tempo, osculado. Sim aquelas mãos que, havia pouco, tinham sido transpassadas por terríveis cravos. Era preciso comprovarem tratar-se do Redentor, vendo seu lado perfurado pela lança de Longinus.
Naquele momento sentiram a alegria pervadir suas almas, pois constataram não estar diante deles um fantasma, mas sim o próprio Jesus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Cumpria-se assim sua promessa: “Hei de ver-vos de novo, e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos tirará a vossa alegria” (Jo 16, 22).
Transparece nessa atitude seu profundo intuito apologético, ao fazê-los ver suas santas chagas, ao contrário de como procedera com Santa Maria Madalena, ou até mesmo com os discípulos de Emaús.
Ele disse-lhes novamente: “A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também vos envio a vós”.
Novamente Jesus lhes deseja a paz, e deixa assim entrever quão importante é a tranqüilidade da ordem. Como objetivo imediato, visava Jesus proporcionar-lhes a indispensável serenidade de espírito face às desavenças e mortais perseguições que lhes moveriam os judeus. Por outro lado, Jesus se dirige aos séculos futuros e, portanto, à própria era na qual vivemos. Também a nós Ele nos repete o mesmo desejo de paz formulado aos Apóstolos naquele momento. Sim, especialmente à nossa civilização que tem suas raízes em Cristo — Rei, Profeta e Sacerdote — cuja entrada neste mundo fez-se sob o belo cântico dos Anjos: “Paz na terra” (Lc 2, 14). Não foi outro o dom por Ele oferecido antes de morrer na Cruz, ao despedir-se: “Dou-vos a paz, deixo-vos minha paz” (Jo 14, 27). Entretanto, a humanidade hoje se suicida em guerras, terrorismos e revoluções. E qual a causa? Não queremos aceitar a paz de Cristo.
Tal qual a caridade, a paz começa na própria casa. Antes de tudo, é preciso construí-la dentro de nós mesmos, dando à razão iluminada pela Fé o governo de nossas paixões. Sem essa disciplina, entramos na desordem. Ora, vai se tornando cada vez mais raro encontrar-se um ser humano no qual esse equilíbrio é procurado com base no esforço e na graça. O espontaneísmo domina despoticamente em todos os rincões. Vivemos os axiomas da Sorbonne de 1968: “É proibido proibir” — “A imaginação tomou conta do poder” — “Nada reivindicar, nada pedir, mas tomar, invadir”. Eles pareciam ser para a humanidade uma pedra filosofal de felicidade, sucesso e prazer... Que desilusão!
A paz deve ser a condição normal e corrente para o bom relacionamento social, sobretudo na célula mater da sociedade, a família. Eis um dos grandes males de nossos dias: a autoridade paterna se auto-destruiu, a sujeição amorosa da mãe se evanesceu e a obediência dos filhos foi carcomida pelo capricho, desrespeito e revolta. Essas enfermidades morais, transpostas para a vida da sociedade, redundam em luta civil, de classes e até mesmo entre os povos.
A humanidade sofre essas e muitas outras conseqüências do pecado de ter repudiado a paz de Cristo e abraçado a paz do mundo, ou seja, o consumismo, o igualitarismo, o laicismo, a adoração da máquina, etc.
Sentencia a Escritura: “Não há paz — diz Javé — não há paz para os ímpios” (Is 57, 20). “Curavam as chagas da filha do meu povo com ignomínia, dizendo: Paz, paz; quando não havia paz” (Jer 6,14). Os milênios transcorreram e nos encontramos novamente na mesma perspectiva de outrora, com uma agravante: corruptio optimi pessima (a corrupção do ótimo resulta no péssimo). Sim, a rejeição da paz verdadeira trazida pelo Verbo Encarnado é muito pior do que a impiedade antiga, e de conseqüências ainda mais drásticas.
A ordem fundamental do edifício da paz deriva essencialmente do Evangelho e do Decálogo, ou seja, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo por amor a Ele. Daí floresce a paz interior do homem e a harmonia com todos os outros, amados por ele com real caridade. Esse é o melhor remédio para todos os males atuais, desde a “epidemia” das depressões — enfermidade paradigmática de nosso século — até o terrorismo. É indispensável reconhecermos em Deus nosso Legislador e Senhor, pois, se ao longo da vida não existir a moral individual nem a familiar, haverá menos ainda o verdadeiro equilíbrio social e internacional. O caos de nossos dias no-lo demonstra em demasia.
Sendo a paz fruto do Espírito Santo, fora do estado de graça, e da prática da caridade, não nos é dado encontrá-la. Por isso quem se torna empedernido no pecado não pode gozar da paz: “Mas os malvados são um mar proceloso que não pode aquietar-se e cujas ondas revolvem lodo e lama. Não há paz — diz Javé — para os ímpios” (Is 57, 20).
Essa é a razão mais específica do fato de Jesus ter desejado uma segunda vez a paz a seus discípulos. É Ele o autor da graça e, portanto, o autor da paz: “Cristo é a nossa paz” (Ef 2, 14). “A graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo” (Jo 1, 17).
Após esse segundo voto de paz, Jesus envia seus discípulos à ação, tornando claro o quanto é necessário jamais se deixar tomar pelo afã dos afazeres, perdendo a serenidade. Um dos elementos essenciais para o apostolado bem sucedido é a paz de alma de quem o faz.
Quanto se fala de paz, hoje em dia, e quanto se vive no extremo oposto dela! O interior dos corações se encontra penetrado de tédio, apreensão, medo, desânimo e frustração, quando não de orgulho, sensualidade e falta de pudor. A instituição da família vai se tornando uma peça de antiquário. A ânsia de obter, não importa por que meio, sem levar em conta o direito alheio, vai caracterizando todas as nações dos últimos tempos. Em síntese, não há paz individual, nem familiar, nem no interior das nações.
Eis porque nossos olhos devem voltar-se à Rainha da Paz a fim de rogar sua poderosa intercessão para que seu Divino Filho nos envie uma nova Pentecostes e seja, assim, renovada a face da terra, como melhor solução para o grande caos contemporâneo.

domingo, 22 de maio de 2011

DAR A CÉSAR, OU DAR A DEUS?

O homem foi criado por Deus para viver em sociedade, sob duas autoridades: a temporal e a espiritual. Qual deve ser sua atitude ante uma e outra?
Não há situação estática na vida moral
Nossa vida moral se encontra sempre em movimento. Em outras palavras, na escala de valores entre o extremo do bem e o extremo do mal, ninguém fica parado num grau determinado. Todos estamos de algum modo caminhando, ainda que muito devagar e imperceptivelmente, em direção a um dos pólos, ou embaraçados num vaivém contínuo. Há, também, acelerações para uma direção ou outra, resultantes de um grande ato de virtude ou de um gravíssimo pecado. Nessa escala, portanto, o movimento é constante, como acentuam inúmeros teólogos.
Ora, diante do Filho do Homem, esse fenômeno passou-se de forma intensa no coração de todos os que tiveram a graça de O conhecer, e, mais ainda, de com Ele conviver. Maria Santíssima não fez senão ascender a cada instante na sua já tão alta união com Deus. Em contrapartida, os adversários de Jesus cresceram de modo contínuo no ódio a Ele.

Os fariseus chegaram a um grande grau de indignação ao ouvir dos lábios do Divino Mestre parábolas ao mesmo tempo severíssimas e de clara aplicação a eles, como a dos vinhateiros homicidas, e a da festa de núpcias, como conta o Evangelho:
“Ouvindo isto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. E procuravam prendê-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta” (Mt 21, 45-46).
Foi essa a circunstância que os levou a se reunirem urgentemente em conselho. Esse mesmo episódio é mencionado em outros termos por São Marcos (Mc. 12, 12-13).
Tanto pela narração de um, quanto pela do outro evangelista, fica patente o dilema no qual se encontravam os fariseus. De um lado, desejavam prender Jesus para matá-Lo. De outro lado, era lhes impossível agir neste sentido, pois os milagres, as palavras e a própria figura do Divino Mestre arrebatavam o povo, que não O abandonava um instante sequer. Como realizar esse horroroso crime contra alguém constantemente rodeado de fiéis? Agarrá-Lo na calada da noite, de forma inesperada, seria o ideal, mas impossível também, uma vez que o Redentor jamais lhes dava a oportunidade de saber onde Ele estaria após o cair do sol.
Uma cilada para Nosso Senhor
Desse modo, não havia para eles outra alternativa senão armar uma cilada ao Divino Mestre, tentando desacreditá-Lo diante da opinião pública. Abandonado por seus seguidores, Ele se tornaria uma presa fácil. Melhor ainda se conseguissem arrancar d’Ele uma afirmação de rebeldia contra o poder romano...
Longe ia o tempo em que o povo judeu dependia da proteção dos romanos para fazer face aos adversários. Desaparecido o perigo, tornava-se difícil compreender as vantagens do pagamento de um tributo ao Imperador.
Precisamente naquela época acentuava-se entre os judeus o cansaço por se encontrarem, havia séculos, dependentes do poder estrangeiro, ao que se somava uma ânsia pela vinda de um Messias, considerado como o instaurador do poder israelita sobre todas as nações. As conversas e debates sobre tais questões, fortemente entrelaçadas com outras, de ordem moral, estavam na ordem do dia em todos os rincões de Israel.
O modo de ação do mal
Nesse episódio, merece igualmente nossa atenção a maneira de agirem os maus.
Quando deseja armar ciladas aos bons, o mal, antes de apresentar-se de forma declarada, costuma preparar sua ação por um longo processo. Assim agiram os fariseus com Nosso Senhor. Inicialmente usaram a astúcia da serpente para, depois, se insurgir contra Ele de forma pública e agressiva. Aqui vemo-los no decurso da primeira operação, desejando surpreender Jesus em flagrante, a fim de lançarem contra Ele a opinião pública.
Em nossa própria vida privada, quantas e quantas vezes da mesma maneira não somos nós surpreendidos pelo mesmo método farisaico, utilizado pelo mal para perseguir os que se esforçam em seguir os passos de Jesus? Imitemos a sabedoria do Divino Mestre, não nos deixemos surpreender...
A respeito das tais táticas farisaicas, consta mais este detalhe no Evangelho: “Enviaram seus discípulos com os herodianos...” (v. 16).
É outra demonstração de sua maldosa astúcia: escolheram alguns jovens, alunos de escolas rabínicas, para causar a impressão de autenticidade, como se tivessem real interesse em aprender. E os instruíram a se aproximar do Divino Mestre com demonstrações de respeito.
Mesmo quando estão em campos opostos, é incrível a capacidade dos maus de se unirem contra o Bem. Os fariseus anelavam a independência e supremacia de Israel, e odiavam os romanos; os herodianos apoiavam a família de Herodes, que recebeu seu poder dos romanos.
 Assim, embora encarniçados adversários, fariseus e herodianos encontram-se irmanados neste episódio, em busca de um fim comum: o deicídio.
Da astúcia da serpente faz parte a adulação insidiosa: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens”.
Com tais palavras, os fariseus condenam-se eles mesmos. Com efeito, não eram sinceros e viviam preocupados com a opinião alheia a respeito de si próprios, só cuidando das aparências.
“Dize-nos, pois, o que te parece: É permitido ou não pagar o imposto a César?”
Se Jesus optasse pela obrigação moral de pagar o imposto exigido pelos romanos, prontas já estavam as tubas dos adversários para sublevar os israelitas contra Ele, pois não era admissível um Messias que se manifestasse a favor da submissão ao estrangeiro gentio. De outro lado, se Jesus negasse a liceidade do tributo, seria denunciado às autoridades romanas, que por certo o condenariam à morte.
Aqui fica claro o papel dos herodianos nesse episódio. “Como adeptos do governo de Roma, seriam acusadores e testemunhas, se a resposta de Jesus lhes parecesse contrária aos interesses do Império”, comenta Fillion.
Jesus inverte os papéis
Na seqüência do episódio evangélico, Nosso Senhor quiçá haja surpreendido seus adversários pela veemência da resposta:
“Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me tentais, hipócritas?”.
Que grande diferença entre os métodos empregados respectivamente pelo mal e pelo bem! Os fariseus adulam para perder, Jesus increpa para salvar.
Não podiam os fariseus se queixar por receberem essa severa recriminação. Jesus, a Sabedoria Eterna e Encarnada, respondia em primeiro lugar à intenção oculta deles: tentar com hipocrisia. “Não lhes responde suavemente”, comenta São João Crisóstomo, “de acordo com as palavras pacíficas que Lhe haviam dirigido, mas com aspereza, segundo suas más intenções; porque Deus responde aos pensamentos e não às palavras” (apud Catena Aurea). E os desmascarava diante do público. Jesus continuou:
“Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto! Apresentaram-lhe um denário”.
Os romanos permitiam que moedas de cobre fossem cunhadas pelas autoridades do povo local. Nelas eram impressas figuras tiradas dos reinos vegetal e animal. O denário, entretanto, moeda de prata para uso em todo o Império, era monopólio de Roma. Com ele se pagava o imposto e tinha gravada a efígie do imperador, cingida de uma coroa de louros, com esta inscrição: “Tibério César, sublime filho do divino Augusto”.
Ao fazer os fariseus lhe mostrarem uma dessas moedas, Jesus acabava de inverter os papéis. Deixava evidente que, embora em teoria rejeitassem o imperador como senhor do país, na prática o aceitavam, utilizando-se de seu dinheiro. Eles, de seu lado, perceberam para onde caminharia a resposta. Contudo, em sua maldade e cegueira, iludiam-se, esperando ainda uma possível falha de Nosso Senhor. Podemos imaginar a atmosfera de suspense formada nesse instante:
“Perguntou Jesus: De quem é esta imagem e esta inscrição?”.
Método de suprema sabedoria em responder: obrigar o adversário a tirar a conclusão da própria afirmação que fez. Os inquiridos passaram a ser os fariseus:
“De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Eis a resposta que se gravou para sempre nos céus da História. Quem utilizava o dinheiro de César, que lhe pagasse o imposto devido, ainda mais tendo em vista os benefícios proporcionados à Palestina pela administração romana.
Em se tratando de uma nação essencialmente teocrática, como era a judaica, compreende-se a perplexidade na qual muitos podiam se encontrar. Porém, havia uma situação de fato da qual não se podia prescindir.
O ensinamento de Jesus sobre a harmonia entre a ordem espiritual e a temporal
As coisas de Deus e as coisas da terra não devem ser antagônicas. Pelo contrário, entre elas deve haver colaboração. Na harmonia entre ambas as esferas, a temporal e a espiritual, está o segredo do progresso. E a História nos mostra que nada pode haver de mais excelente do que seguir o conselho de Nosso Senhor: “Buscai, pois, o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Lc 12, 31).
Seja dito de passagem, nessa conjugação e colaboração entre o espiritual e o temporal é que, segundo o seu carisma, esforçam-se os Arautos do Evangelho: em atuar procurando a “consecratio mundi”, a sacralização da ordem temporal, enquanto leigos, e sendo filhos amorosos da Igreja, fiéis ao Papa, como instrumentos da Nova Evangelização.
Harmonia dentro de nós
Pode-se dizer que há uma espécie de convívio entre as duas esferas dentro do homem, uma vez que temos para conosco deveres referentes à nossa vida espiritual e às necessidades de nosso corpo. A tal respeito, comenta São Tomás de Aquino na Catena Aurea:
“Também podemos entender essa passagem [do Evangelho] no sentido moral, porque devemos dar ao corpo algumas coisas, como o tributo a César, isto é, o necessário; mas tudo o que corresponde à natureza das almas, isto é, o que se refere à virtude, devemos oferecer ao Senhor. Os que ensinam a lei de modo exagerado e ordenam que não cuidemos em absoluto das coisas devidas ao corpo .... são fariseus, que proíbem pagar o tributo a César; e os que dizem que devemos conceder ao corpo mais do que devemos, são herodianos. Nosso Salvador quer que a virtude não seja desprezada, quando prestamos atenção demasiada ao corpo; nem que seja oprimida a natureza, quando nos dedicamos com excesso à prática da virtude.”
 Concluamos, seguindo o conselho de Santo Agostinho: se nos preocupamos com as moedas nas quais está gravada a efígie de César, muito mais devemos nos preocupar com nossas almas, nas quais Deus gravou sua própria imagem. Se a perda de um bem terreno nos entristece, muito mais nos deve contristar o causar dano à nossa alma pelo pecado.