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sábado, 9 de março de 2013

Evangelho 5º Domingo da Quaresma - Ano C - 2013 - Jo 8, 1-11


Comentário ao Evangelho V Domingo da Quaresma Ano C 2013 Jo 8, 1-11


1 Dirigiu-se Jesus para o Monte das Oliveiras. 2 Ao romper da manhã, voltou ao Templo e todo o povo veio a Ele. Assentou-Se e começou a ensinar. 3 Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. 4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: “Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. 5 Moisés mandou-nos na Lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes Tu a isso?” 6 Perguntavam-Lhe isso, a fim de pô-Lo à prova e poderem acusá-Lo. Jesus, porém, Se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. 7 Como eles insistissem, ergueu-Se e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. 8 Inclinando-Se novamente, escrevia na terra. 9 A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante d’Ele. 10 Então Ele Se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” 11 Respondeu ela: “Ninguém, Senhor”. Disse-lhe então Jesus: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar” (Jo 8, 1-11).

A Lei ou a Bondade?

No episódio da mulher adúltera, os evangelistas não revelam tudo quanto estava oculto na urdidura feita pelos fariseus para colocar Jesus diante de um dilema: condenar a pecadora à morte, violando a lei romana, ou salvar-lhe a vida, desconsiderando a Lei de Moisés. Jesus superou a justiça salomônica.

Jesus veio para perdoar

Os Evangelhos são o testamento da Misericórdia. O anúncio do maior ato de bondade havido em toda a obra da criação — a Encarnação do Verbo — é o frontispício, a bela abertura de sua narração. A chave de ouro com a qual esta termina deixa-nos sem saber se ainda não é mais bela e comovedora: a crucifixão e morte de Cristo Jesus para restabelecer a harmonia entre Deus e a humanidade.

A Bondade divina une substanciosamente esses dois extremos, a Gruta de Belém e o Calvário, através de uma seqüência riquíssima em acontecimentos escachoantes de amor pelos miseráveis: “Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). Essa alegria de Jesus em perdoar transparece nas doutrinas, conselhos e até mesmo nas parábolas por Ele elaboradas a fim de que seus ouvintes melhor entendessem sua misericórdia, como, por exemplo, a do filho pródigo (Lc 15, 11-32), a da ovelha desgarrada (Lc 15, 4-7) e a da dracma perdida (Lc 15, 8-10). A euforia de quem encontra, em qualquer dos três casos, reflete o contentamento do próprio Cristo ao promover o retorno de uma alma às vias da graça.

Ele é o Bom Pastor que ao apanhar a ovelha imprudentemente destacada do rebanho, a reconduz ao redil, a fim de infundir-lhe nova vida de maneira superabundante. E Ele a leva sobre seus próprios ombros, enquanto os Céus se enchem de um júbilo ainda maoir do que o causado pela perseverança dos justos (cf. Jo 10, 11-16; Lc 15, 4-7).

Dentro dessa atmosfera de amor, jamais vimos Jesus, ao longo de sua vida pública, tomar a menor atitude depreciativa em relação a quem quer que fosse: samaritanos, centurião, cananéia, publicanos, etc. A todos invariavelmente atendia com divina atenção e carinho: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). Nenhuma pessoa d’Ele se aproximou em busca de uma cura, perdão ou consolo, sem ser plenamente atendida. Tal foi seu infinito empenho em fazer o bem, sobretudo aos mais necessitados: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2, 17); “o Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu; e enviou-Me (...) para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). O próprio Apóstolo dirá mais tarde: “Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro” (1 Tm 1, 15).

Malícia dos fariseus

Mas, assim como “é belo durante a noite acreditar na luz” (1), a Bondade substancial de Cristo Jesus se torna ainda mais luzidia aos nossos olhos quando contrastada com uma oposição toda feita de malícia. E esta nós a encontramos, radical e constante, do começo ao fim do Evangelho. Já o Precursor, ao distinguir entre os que o circundavam, alguns fariseus, os increpou: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos ameaça? (...) Não digais dentro de vós: Nós temos Abraão por pai!” (Mt 3, 7-9).

São tão numerosas as investidas dos escribas e fariseus contra Jesus, em razão de sua misericórdia, que reproduziríamos uma boa parte dos Evangelhos se procurássemos ser minuciosos nas citações a esse respeito. Lembremos de passagem que eles chegam a chamá-Lo de possesso do demônio (Jo 8, 52; 10, 20; Lc 11, 15), distorcem suas palavras e afirmações (Mc 14, 58), perseguem-No com intensidade crescente (Jo cap. 7 a 11) até O condenarem à morte, e O acusam de revolucionário, porque, segundo eles, sublevava o povo contra o poder civil e afirmava que não devia ser pago o imposto ao imperador (Lc 23, 2).

Jesus, a Misericórdia substancial, não é menos duro para com eles: “Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes” (Mt 12, 7). Por sete vezes, Jesus os chama de hipócritas, com a expressão: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas”, para — em cada uma — atribuir-lhes um pecado (cf. Mt 23, 13-29).

Ódio contra a bondade de Jesus

Essa indisposição farisaica contra Jesus tomava como motivo implícito sua infinita misericórdia, virtude específica de Deus: “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, e se vós não as ouvis é porque não sois de Deus” (Jo 8, 47). E, sobretudo, porque não queriam ser verdadeiros filhos de Deus, mas sim do diabo (Jo 8, 44). Além dessa terrível ascendência que lhes é definida por Jesus, recebem também o título de “ladrões” (Jo 10, 10), “homicidas” (id.), “víboras” (Mt 12, 34).

Ora, o ódio farisaico contra a Bondade também deveria se refletir na repulsa que manifestavam em relação aos necessitados. E é, portanto, no contraste com a acidez dos fariseus e escribas contra os pecadores que vemos rebrilhar ainda mais a Bondade de Cristo. Ela se torna histórica quando chega aos extremos limites de absolver uma Madalena (Lc 7, 47-48) ou, no alto do Calvário, o bom ladrão (Lc 23, 43).

Os fariseus se indignavam contra essas atitudes de Jesus porque seu puritanismo procedia de uma falsa justiça, toda feita de orgulho, e por isso se afastavam dos miseráveis, desprezavam-nos e jamais demonstravam sentimentos de compaixão por qualquer carente.

É no embate entre a Bondade infinita e o falso amor à Lei, que se desenrola o drama do Evangelho de hoje.

Continua nos próximos posts.

quinta-feira, 7 de março de 2013

EVANGELHO DO 4º DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32


CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA  ANO C  2013  - Lc 15,1-3;11-32


A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO


CONCLUSÃO

A qual dos filhos da metáfora poderíamos aproximar a humanidade deste milênio? Caminha ela pelas avenidas do pródigo ou pelas do primogênito?

Sem dúvida, há vários séculos juntou ela tudo o que tinha e partiu para longe do afeto paterno, dissipando seus bens e vivendo dissolutamente.

Depois de malbaratar tudo e passar por grande fome, comerá ela as bolotas dos porcos e terá saudades da casa paterna? Retornará profundamente arrependida e cheia de bons propósitos?

O futuro nos responderá e, se a parábola simbolizar os acontecimentos a se realizarem, compreendamos a bondade do Pai em querer perdoar e o destino daqueles que se negaram a entrar em consonância com Ele.

quarta-feira, 6 de março de 2013

EVANGELHO DO 4º DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32


CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO IV DOMINGO DA QUARESMA  ANO C  2013  - Lc 15,1-3;11-32

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO


Soberba, inveja e ira na reação do primogênito

O versículo 25 nos oferece outros elementos da pompa daquela grande solenidade: a música coral e instrumental ouvida pelo primogênito ao retornar do campo. Tão inusitado era haver em sua casa tais manifestações de contentamento, que receou entrar

nas dependências principais, certamente devido às suas vestes campestres, e talvez por julgar elevado o nível daquele evento, preferiu antes perguntar a um dos empregados qual a razão de tamanha e exuberante euforia. Nenhum outro motivo lhe teria arrancado tanta e tão indignada cólera. Esquematizemos os versículos 28 a 32 da Parábola:

O primogênito era boa pessoa, segundo a narração, pois vivia constantemente junto ao seu progenitor e tudo o que possuía deixara em mãos deste. Nunca havia praticado a menor desobediência, num serviço prestado por longos anos. Era, portanto, muito disciplinado e fiel.

Porém, sua reação face à conversão do pródigo não teve origem em nenhuma das qualidades enunciadas. Pelo contrário, foi movida pela soberba, a inveja e a ira, como inúmeras vezes encontramos em nossas relações sociais.

Soberba: Ao enunciar os motivos pelos quais se negava a participar das comemorações, começa por auto-elogiar-se, constituindo sua virtude na lei em função da qual deve ser julgada a conduta de seu pai. É bem exatamente esse o critério do orgulhoso: ele se senta no trono de Deus e passa a realizar o papel de Lei e de Juiz.
Em sua explosão de vaidade, não se dá conta do grande contentamento do pai pela recuperação do filho pródigo. O pai sabia perfeitamente por quais antros havia passado o menor, mas aquele era o momento de tudo esquecer. O orgulho tolhe a visão equilibrada e harmônica dos acontecimentos e, por isso, leva o primogênito a ferir o coração do pai com a recordação dos desvios morais de seu irmão.

Inveja: Transparece esse vício na comparação: a ele um vitelo gordo, a mim nem sequer um cabrito. Esse é outro costume comum existente no mundo, desde o assassinato de Abel, praticado por Caim.

Ira: “Ele indignou-se ...” Suas virtudes receberam o honroso convite para atingir o grau heróico com a notícia da reentrada de seu irmão, mas a exteriorização de sua cólera manchou essas humanas qualidades que poderiam ter sido sobrenaturalizadas.

Em síntese, o pai, ao avistar ao longe o filho, de alegria corre para encontrá-lo. O irmão, amargurado e triste, nega-se a tomar parte no banquete. O pai, tomado de emoção, abraça-o e o cobre de beijos. O primogênito se toma de indignação e recalcitra em permanecer fora.

O filho mais velho peca por falta de caridade, ao julgar injusta a festa pela volta de seu irmão. E, além do mais, peca contra o respeito devido ao pai, tornando claro, com seu procedimento, o quanto censura seu progenitor por tudo o que fez ao seu irmão menor. E, por fim, peca também por desobediência à determinação do pai no sentido de que todos participem do banquete.

Evidentemente, são mais graves as faltas do menor. Mas há algo de repugnante nos vícios praticados pelo maior. Em um transparece a debilidade da vontade; no outro, a maldade de coração.

Continua no próximo post.

terça-feira, 5 de março de 2013

EVANGELHO DO 4º DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32


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A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO



“Irei ter com meu pai”

“Tendo entrado em si, disse: Quantos diaristas há em casa de meu pai que têm pão em abundância e eu aqui morro de fome!” — A fome, a dor e a provação, acompanhadas da graça de Deus, bem podem nos conduzir a um raciocínio equilibrado e produzir em nós uma real conversão e emenda de vida. A comparação entre os benefícios das sendas virtuosas e as frustrações das avenidas do pecado, produziu a restauração através de uma forte resolução: “Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como a um dos teus diaristas. Levantou-se e foi ter com o pai.”

O CONTRASTE ENTRE DUAS JUSTIÇAS

Símbolo do Sacramento da Reconciliação

As reações do pai não poderiam ser mais comovedoras em matéria de bondade e ternura. Certamente há muito ansiava rever seu filho e por ele rezava. Ao avistá-lo a boa distância, sentiu-se penetrado de afetuosa compaixão e, apesar de sua idade, saiu ao seu encontro sem lentidão, muito pelo contrário, “correndo”. Recordemos de onde vinha aquele pobre miserável! De chiqueiros, nos quais disputava com os porcos seu alimento. Apresentava-se, pois, como um verdadeiro maltrapilho, nada limpo, totalmente impróprio para ser abraçado. Entretanto, o pai se lançou ao seu pescoço e o cobriu de beijos.

A certa altura da confissão de suas faltas, o pai o interrompeu, manifestamente não querendo ouvi-la por inteiro, e deu ordem aos empregados a que se apressassem em trazer-lhe a mais rica vestimenta, sandálias e anel.


22 Porém, o pai disse aos servos: Trazei depressa o vestido mais precioso, vesti-o, metei-lhe um anel no dedo e as sandálias nos pés

Quanta simbologia nesse curto versículo 22!

O filho, além de ter-se esquecido longamente de seu pai, havia esbanjado seus bens. É a imagem do efeito do pecado na alma de um batizado: o despoja dos méritos, dons e virtudes; priva-o das belas roupas sobrenaturais; sobretudo, rouba-lhe o incomensurável privilégio da adoção divina, e o faz retornar ao estado de mera criatura, e ainda manchada pela lama da ofensa a Deus. Porém, ao acusar suas misérias no confessionário e receber a absolvição, o homem é revestido dos mais preciosos tecidos da reconciliação, as sandálias dos méritos lhe são devolvidas e o anel de filho de Deus recolocado em seu dedo.

O pai não quer vê-lo com nenhum dos sinais que possam recordar a anterior vida pecadora e, como se esses gestos não bastassem, ordena que preparem uma festa, matando um “vitelo gordo” — indicando assim o caráter solene do banquete, porque normalmente se mataria um cordeiro ou um cabrito.

A razão alegada para tal comemoração é a mesma formulada por Jesus: “Haverá maior alegria no Céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15, 7). O filho se tinha perdido, o filho estava morto, e era incalculável o júbilo daquele reencontro.

Essa é a perfeita imagem da justiça divina, toda feita de misericórdia. Vejamos agora a reprodução metafórica da “justiça mundana” nas reações do filho mais velho.

Continua no próximo post.

segunda-feira, 4 de março de 2013

EVANGELHO DO 4º DOMINGO DA QUARESMA ANO C 2013 - Lc 15,1-3;11-32


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A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO



Dinamismo e radicalidade do mal

“Passados poucos dias” ... — Ou seja, o dinamismo do mal não conhece a paciência, a calma na espera, nem a sabedoria na ação. Uma vez consentida, a paixão não faz senão exacerbar-se em progressão geométrica, conduzindo à precipitação incontida em busca de sua satisfação, por quaisquer meios. ...

“juntando tudo o que era seu ...” — Ele quis romper todos os laços com os seus, pois suas inclinações não admitiam freios. Essa é a radicalidade dos que se lançam nas vias do mal. Se assim procedessem os bons, como seria outro o mundo de hoje! É bem a imagem do pecador abrasado por seus delírios e ansiando por satisfazer totalmente seus caprichos. Essa volúpia demonstra o quanto a alma humana tem sede de infinito. ...

“partiu para uma terra distante ...” — O pecador detesta a presença de olhos conhecidos que o analisem ou vigiem. Quanto se iludem os pecadores a esse respeito, pois Deus tudo vê, até nossos mais íntimos pensanimos detalhes de nossa existência, no dia do Juízo Final. ...

“e lá dissipou os seus bens vivendo dissolutamente.” — Quantas fortunas arruinadas, quantas famílias destroçadas, com os respectivos filhos abandonados, quantos efeitos maléficos incalculáveis, devidos à dissolução de costumes do homem! A esse propósito, quanto nos enganam o demônio e nossas más inclinações descontroladas!

De herdeiro a guardião de porcos

“Depois de ter consumido tudo ...” — A sede de infinito não permite o meio termo.

...“houve naquele país uma grande fome...” — É o amor da Providência Divina não abandonando jamais suas criaturas. ...

“… e ele começou a passar necessidades. Foi pôr-se ao serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos”. — É imagem da fome que têm os insensatos depois de se afastarem das consolações e dos tesouros do estado de graça. Aquilo que o demônio prometia, ele negou. O choque não poderia ser maior: passar da condição de filho para a de guardião de porcos. Sobretudo por ser considerado maldito o judeu que apascentasse essa espécie de animais declarados impuros pela antiga lei. A busca apaixonada do prazer faz o homem aceitar qualquer condição de vida.

“Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava”. — Essas bolotas, mais próprias a engordar do que a satisfazer o apetite, são vazias de substâncias benéficas para o homem. Constituem elas um símbolo adequado das vaidades e glórias do mundo: incham nosso orgulho mas não nos sustentam e nem saciam nossa sede de Deus. E ninguém nolas dá, pois o mundo se nega a reconhecer o valor alheio, e a implacável lei do egoísmo coordena seus mínimos gestos e atitudes.

Continua no próximo post.