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sábado, 2 de julho de 2016

Evangelho XV Domingo do Tempo Comum – Ano C

Comentários ao Evangelho 15º Domingo do Tempo Comum – Ano C – Lc 10, 25-37
25 Então, levantou-se um doutor da Lei, que Lhe disse para O experimentar: "Mestre, que devo eu fazer para alcançar a vida eterna?" 26 Jesus respondeu-lhe: "O que é que está escrito na Lei? Como lês tu?" 27 Ele respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e o teu próximo como a ti mesmo." 28 Jesus disse- lhe: "Respondeste bem: faze isso e viverás." 29 Mas ele, querendo justificar-se, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?". 30 Jesus, retomando a palavra, disse: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões que o despojaram, o espancaram e retiraram-se, deixando-o meio morto. 31 Ora aconteceu que descia pelo mesmo caminho um sacerdote que, quando o viu, passou de largo. 32 Igualmente um levita, chegando perto daquele lugar e vendo-o, passou adiante. 33 Um samaritano, porém, que ia de viagem, chegou perto dele e, quando o viu, encheu-se de compaixão. 34 Aproximou-se dele, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu jumento, levou-o a uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao estalajadeiro e disse-lhe: "Cuida dele; quanto gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. 36 Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? 37 Ele respondeu: "O que usou de misericórdia com ele." Então Jesus disse-lhe: "Vai e faze tu o mesmo." (Lc 10, 25-37)
A Lei mandava amar o próximo como a si mesmo. Os judeus, porém, limitavam o conceito de próximo, de forma a restringir essa importante obrigação. Jesus vem dar o verdadeiro sentido à Lei.
I - O principal objeto do pensamento, ontem e hoje
"Falhou o motor do carro, acabou a energia elétrica, os bancos entraram em greve, foi lançado um novo tipo de software, afinal a ciência encontrou a substância preventiva contra o câncer"... e, se tempo e espaço houvesse, poderíamos encher páginas e páginas com os assuntos que no mundo atual absorvem exageradamente a atenção da humanidade. Deus deixou de ser a preocupação principal de quase todas as pessoas para dar lugar a um desenfreado egocentrismo. A agitação passou a ser a nota tônica do dia-a-dia em toda a face da terra, o relacionamento humano e a própria estrutura da vida social já não mais facilitam a elevação do pensamento a Deus.
A esse respeito, a situação do gênero humano era bem diversa na época da Jesus; apesar da grande decadência na qual estava ele mergulhado, o empenho em conhecer idéias era mais notório. No povo judeu, em concreto, a apetência por explicitações doutrinárias, sobretudo quando estreitamente ligadas com a religião, era robusta e contagiante. Um exemplo característico deste estado de espírito ocorre com o legista que, no Evangelho de hoje, se levanta para fazer uma pergunta a Nosso Senhor. Por mais que seu intento não fosse inteiramente isento de segundas intenções, o questionamento exposto por ele deixa transparecer qual era o teor dos assuntos tratados nas conversas comuns daquele período histórico.
Contexto do diálogo entre Jesus e o doutor da Lei

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Evangelho XIV Domingo do Tempo Comum - Ano C - Lc 10, 1-12.17-20

Comentários ao Evangelho 14º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Naquele tempo, 1 o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes: ‘A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa nem sacola nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!'. 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós'. 10 Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11 ‘Até a poeira de vossa cidade que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós'. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo! 12 Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade'. 17 Os setenta  e dois voltaram muito contentes, dizendo: ‘Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome'. 18 Jesus respondeu: ‘Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19 Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no Céu'" (Lc 10, 1-12.17-20).
Válidas para todas as épocas históricas, as normas dadas pelo Divino Mestre aos setenta e dois discípulos delineiam o perfil de um autêntico evangelizador e constituem precioso guia para conduzir os homens à verdadeira felicidade
I - Como alcançar a felicidade?
Pródigo em irradiar a luz e o calor, o Astro Rei anuncia o início e o término de cada dia com fulgores sempre novos, oferecendo a quem quiser contemplá-lo, no alvorecer ou no ocaso, um belo espetáculo que proclama a grandeza de Deus. Algo semelhante pode ser observado em  todos os seres materiais, pois o Criador os dispôs, um a um, conforme os desígnios de sua sabedoria, e "tudo tende regularmente para a sua finalidade" (Eclo 43, 28). As árvores frutíferas, por exemplo, dão em alimento aos homens e aos animais a abundância de seus frutos, com a diversidade de sabores, perfumes, formatos e colorações que caracteriza a riqueza de sua vitalidade. E, quer em meio às águas, quer nas alturas do firmamento, sobre a Terra ou até nas profundezas dela, o reino animal manifesta com profusão ainda maior as infinitas perfeições do Autor da vida. Guiados por instintos inerrantes, os animais movem-se com impressionante acerto para obter o seu sustento, e algumas espécies constroem abrigos tão engenhosos, como é o caso das abelhas, que causam admiração à própria inteligência humana. A respeito de tão eloquente harmonia da criação, afirma São Boaventura: "O universo é semelhante a um canto magnífico que desenrola suas maravilhosas consonâncias; suas partes se sucedem até que todas as coisas sejam ordenadas em vista de seu fim".1 Este fim último e absoluto de todas as criaturas consiste em dar glória a seu Criador, pois o mundo foi por Ele tirado do nada, não por uma necessidade, mas como manifestação de uma bondade infinita, conforme ensina São Tomás.2
Da parte dos seres irracionais, esse louvor é tributado pelo simples fato de existirem e trazerem em si reflexos do Criador, como canta o Eclesiástico: "A obra do Senhor está cheia de sua glória" (42, 16). Entretanto, o dever de tal glorificação cabe em especial às criaturas inteligentes e livres - Anjos e homens -, por serem capazes de honrar a Deus por amor, de modo consciente, livre e voluntário. O renomado teólogo Frei Royo Marín, OP, pondera: "Ao homem, principalmente, por ser composto de espírito e matéria, corresponde recolher o clamor inteiro da criação, que suspira pela glória de Deus (cf. Rm 8, 18-23), e oferecê-la ao Criador, como um hino grandioso em união com sua própria adoração".3

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Evangelho Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (Missa do Dia) – 29 de Junho

Comentários ao Evangelho Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (Missa do Dia) – 29 de Junho
Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”
14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16, 13-19).
Um simples pescador da Betsaida proclama que o filho de um carpinteiro é realmente o Filho de Deus, por natureza. Ali é plantado o grão de mostarda, do qual nasceria a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana.
I - Considerações iniciais
Difícil é encontrar alguém que nunca tenha comprovado a consonância da sonoridade obtida através de cristais harmônicos. Basta um simples golpe, em um só deles, para os outros ressoarem em concomitância. É, até, uma prova para se conhecer a autenticidade destas ou daquelas taças.
Assim, também, no campo das almas. Discernimos a que é entranhadamente católica e herética, quando fazemos "soar" uma simples nota: o amor ao Papado, seja quem for o Papa. Tornam-se encandescidas as almas fervorosas, indiferentes as tíbias, indispostas algumas, etc.
Pois esta é a matéria do Evangelho de hoje. A fim de nos prepararmos para contemplar as perspectivas que ele nos manifesta, ocorreu-nos reproduzir as considerações transcritas a seguir. Poderemos, assim, ter uma noção da qualidade do "cristal" de nossa alma:
 "Tudo quanto na Igreja há de santidade, de autoridade, de virtude sobrenatural, tudo isto, mas absolutamente tudo sem exceção, nem condição, nem restrição, está subordinado, condicionado, dependente da união à Cátedra de São Pedro. As instituições mais sagradas, as obras mais veneráveis, as tradições mais santas, as pessoas mais conspícuas, tudo enfim que mais genuína e altamente possa exprimir o Catolicismo e ornar a Igreja de Deus, tudo isto se torna nulo, maldito, estéril, digno do fogo eterno e da ira de Deus, se separado do Romano Pontífice. Conhecemos a parábola da videira e dos sarmentos. Nessa parábola, a videira é Nosso Senhor, os sarmentos são os fiéis.

domingo, 26 de junho de 2016

Evangelho - Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (Missa da Vigília) – 29 de Junho

Comentários ao Evangelho da Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (Missa da Vigília) – 29 de Junho – Jo 21, 15-19
Jesus manifestou-Se aos seus discípulos 15 e depois de comer com eles, perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, Tu sabes que eu Te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”.
16 E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu Me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, Tu sabes que eu Te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17 Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu Me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele O amava. Respondeu: “Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu Te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19 Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-Me” (Jo 21, 15-19).
O amor deve sempre crescer
A pergunta de Jesus a São Pedro —“Tu Me amas?” — é feita hoje a todo batizado, convidando a crescer sempre na caridade a fim de que o Divino Amado viva em cada um.
I – A força da semente
Quem vê uma semente, sem ter conhecimentos de botânica, não é capaz de prever o tipo de planta que dela nascerá. Tanto mais que as sementes têm muita semelhança entre si. Não passam de um grãozinho ou de um caroço, de tamanho minúsculo, se contrastadas com a dimensão de uma árvore. Como descobrir o que está contido numa semente de sequoia, por exemplo, ou na de um cedro do Líbano? Ao olhá-la não nos é dado ver a árvore, e só conheceremos suas possibilidades de germinação algum tempo depois de lançada na terra. Foi o que Nosso Senhor ensinou, ao dizer: “O Reino de Deus é comparado a um grão de mostarda” (Mt 13, 31). Pequeniníssimo, ao ser plantado brota dele um vegetal que costuma atingir três ou quatro metros de altura, onde as aves do céu pousam e até fazem seus ninhos. Quem veria esses efeitos na minúscula semente? Pois bem, da mesma forma, o Reino de Deus começa a deitar suas raízes numa alma e se expande pelo mundo.