-->

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Evangelho Natal do Senhor (Missa do Dia) – Ano A

Comentários ao Evangelho Natal do Senhor (Missa do Dia) – Ano A
É uma lei da História, Deus sempre encontrou uma solução superior aos seus planos anteriores, ao serem estes  frustrados pela incorrespondência das criaturas. Como  contemplar o Natal sob  o prisma dessa constância do proceder divino?  Acompanhemos os comentários  da Liturgia:  
1 No princípio existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por Ele; e sem Ele nada foi feito. 4 N'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; 5 e a luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não O receberam. 6 Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João. 7 Veio como testemunha para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. 8 Não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 9 O Verbo era a luz verdadeira, que vindo a este mundo ilumina todo o homem. 10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, mas o mundo não O conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não O receberam. 12 Mas a todos os que O receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu poder de se tornarem filhos de Deus; 13 eles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo fez-se carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória como de Filho Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João dá testemunho d'Ele e clama: "Este era Aquele de Quem eu disse: O que há de vir depois de mim é mais do que eu, porque existia antes de mim". 16 Todos nós participamos da sua plenitude, e recebemos graça sobre graça; 17 porque a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade foram  trazidas por Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Unigênito de Deus, que está no seio do Pai, Ele mesmo é que O deu a conhecer (Jo 1, 1-18).
As autênticas obras de arte levam seus autores a com elas se encantarem logo após o último retoque. O grande Michelangelo foi um exemplo pitoresco ao contemplar seu famoso "Moisés". A escultura se apresentou diante de seus olhos com tanta realidade que arrancou de seu italianíssimo coração a célebre exclamação: "Parla! Perche non parla?" Sim, só faltava falar aquela bela figura lavrada em mármore. Mas, para tal, era preciso uma arte ainda mais requintada, a de poder transmitir-lhe a própria vida. Todavia, Michelangelo nada pôde fazer nesse sentido, a não ser, cheio de emoção, desferir um golpe de martelo no joelho da estátua, produzindo-lhe a marca que ainda hoje pode ser vista. 
Esse episódio nos faz recordar outro semelhante e mais antigo, o do insuperável e perfeitíssimo boneco de barro. Modelado com precisão absoluta, seu Autor se encantou ao contemplá-lo e, sendo infinitamente mais capaz do que Michelangelo, com um simples sopro, infundiu-lhe a vida humana: "O Senhor formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gen 2, 7). E se isso não bastasse para consagrar a onipotência de Deus, determinou Ele também a criação de Eva: "Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem" (Gen 2, 21-22). Assim, criou-os na graça, além de infundir-lhes especiais dons e virtudes.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Evangelho Missa da Aurora do Natal do Senhor - Lc 2, 15-20

Comentários ao Evangelho Missa da Aurora do Natal do Senhor - Lc 2, 15-20
15 Quando os Anjos se afastaram, voltando para o Céu, os pastores disseram entre si: “Vamos a Belém ver este acontecimento que o Senhor nos revelou”. 16 Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17 Tendo-O visto, contaram o que lhes fora dito sobre o Menino. 18 E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam.
19 Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.

20 Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito (Lc 2, 15-20).
Glória e Paz!
Neste Natal, em meio aos múltiplos dramas atuais, ecoam mais do que nunca para nós os cânticos dos Anjos, como outrora para os pastores. Eles nos oferecem a verdadeira paz, convidando-nos a subordinarmos nossas paixões à razão, e esta, à Fé.
I - Divina solução para os problemas atuais
"O presépio de Belém nos mostra o Homem perfeito que, unindo numa só pessoa a natureza divina e a natureza humana, restitui a esta a melhor parte de seus privilégios, perdidos pelo pecado, e a plenitude dos benefícios daí decorrentes. Donde se segue que não temos outro meio de sermos homens - tanto do ponto de vista espiritual quanto do social - senão o de nos aproximarmos do Homem perfeito, da plena estatura da vita de Cristo: ‘donec occurramus in virum perfectum, in mensuram ætatis plenitudinis Christi'". 1
O caminho para obter a harmonia, a concórdia e a paz
Por essa razão, ajoelhando-nos diante do Menino Deus - como o fizeram os Sagrados Esposos, os pastores, os Reis Magos e tantos outros -, estaremos contemplando os mais altos ensinamentos para ordenar toda a nossa vida cristã e social. Naquela Manjedoura se encontra "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6).

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Evangelho Missa da Noite do Natal do Senhor (Missa do Galo) - Ano A

Comentários ao Evangelho da Missa da Noite do Natal do Senhor - Missa do Galo - Ano A -
Mons João Clá Dias
Aconteceu que, naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se cada um na sua cidade natal. Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria.
Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura. E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.
O Evangelho do nascimento do Menino Jesus
Ao nos aproximarmos do Presépio, meditemos sobre aqueles acontecimentos que marcaram para sempre a História e que uma palavra hebraica sintetiza com justeza: Emanuel. Quer dizer “Deus conosco”, o próprio Senhor de todas as coisas assumiu a natureza humana e veio para estar no meio de nós.
A linguagem da Escritura
1Aconteceu que naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra.
São Lucas, ao introduzir o tema, não se exprime com exageros didáticos, mas sim, com encantadora singeleza. Encontramos esta mesma simplicidade ao longo de toda a Sagrada Escritura. Não se trata apenas de um princípio de sabedoria, mas de arte literária: ao se descrever algo substancialmente grandioso, torna-se desnecessário utilizar uma linguagem enfática. A ênfase é indispensável quando queremos chamar a atenção para algo que, de si, não tem ou parece não ter importância.
O que São Lucas descreverá é o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, fato insuperável na História. Deus se fez Homem! O que mais dizer?