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domingo, 29 de janeiro de 2017

Evangelho V Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 5,13-16

Comentários de Mons João Clá Dias ao Evangelho V Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 5,13-16
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 13Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.
14Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa.
16Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5,13-16)
O sal do convívio e a luz do bom exemplo
O convite à santidade, feito a todos os cristãos por Nosso senhor Jesus Cristo, tem como corolário a obrigação de trabalharmos pela salvação de nossos irmãos, com a palavra e o exemplo de vida.
1 – A estratégia evangelizadora de Jesus
Ao estudar a vida pública de Nosso Senhor Jesus Cristo, podemos comprovar a existência de um plano de apostolado muito bem traçado, lógico e coerente. Depois de quase trinta anos de vida oculta e da primeira fase de sua vida pública, chegado o momento de começar as suas mais importantes pregações, devia o Salvador escolher um centro estratégico a partir do qual anunciaria aos homens o Reino de Deus.
Rejeitando Jesus da maneira mais vil, a ponto de desejar matá-Lo, os moradores da pequena cidade onde Se havia criado, Nazaré, se tornaram indignos de continuar convivendo com “o filho de José” (Lc. 4,22). Entretanto, mesmo que a acolhida tivesse sido respeitosa, era improvável que Ele permanecesse ali, em razão de sua localização desfavorável: isolada no fundo de um vale, em região de difícil acesso e pouco povoada, ficava distante das zonas mais importantes da Galileia.

Cafarnaum: a cidade de Cristo
Por isso, além dos motivos referidos no comentário ao Evangelho do 3º domingo do tempo comum (1) quis Nosso Senhor estabelecer-Se próximo das grandes vias de comunicação: “Quando, pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-Se para a Galucia. Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum” (Mt. 4,12-13). Situada ao leste da Galileia, nas terras que haviam pertencido às tribos de Zabulon e Neftali, a cidade contava, nos tempos evangélicos, entre 15 e 20 mil habitantes, e constituía o núcleo comercial dos arredores. Aos seus pés, o Lago de Genesaré - conhecido também como Mar da Galileia ou ainda Mar de Tiberíades - com cerca de 21 km. de comprimento por 12 km. de largura, abundava em peixes e era sulcado, todos os dias, por centenas de barcos de pescadores que singravam suas límpidas águas. As margens erguiam-se numerosas outras cidades, como Betsaida, Tiberíades, Magdala, sendo esta última, então com 40 mil almas, a mais prestigiosa dentre elas (2). Cafarnaum encontrava-se em um lugar particularmente fecundo — a Galileia era considerada o celeiro da Palestina (3) — que serviria como fonte de inspiração das belas parábolas do Divino Mestre.
Nenhuma outra região de Israel parecia tão apropriada para receber a doutrina de Nosso Senhor, “pois os galileus do lago, apesar do trato com milhares de estrangeiros, tinham conservado a simplicidade dos seus pais. Viviam tranquilos do produto da pesca e esperavam pelo novo reino pregado por João Batista”.4 Por essa razão foram as palavras de Jesus mais bem acolhidas nos prados e sinagogas da Galileia do que no Templo de Jerusalém.
Além disso, por sua condição fronteiriça e mercantil, e graças à proximidade de diversas estradas importantes — dentre as quais a Via Maris, que unia a Síria ao Egito — Cafarnaum oferecia muitas vantagens ao Redentor. Sem sair dela, podia instruir não só os seus conterrâneos, como também os numerosos estrangeiros que transitavam por esse movimentado entroncamento de caminhos. Ali “faziam alto os mercadores da Armênia, as caravanas de Damasco e da Babilônia, carregadas com os produtos do Oriente, as guarnições romanas que marchavam para a Samaria ou para a Judeia e as multidões de peregrinos que nos dias festivos subiam à Cidade Santa. Aqueles mercadores, soldados, pagãos e peregrinos rodearão a Jesus nas margens do lago e recolherão, de caminho, os seus divinos ensinamentos” (5)
Todas estas características fizeram de Cafarnaum a cidade de Cristo, como nos é referida pelo Evangelho (cf. Mc. 2,1; 9,33). A partir dela começou Nosso Senhor a pregar a iminência do Reino dos Céus e a necessidade de conversão. Ele libertava os possessos, restituía a saúde a epiléticos e paralíticos, curava todo tipo de doenças, e, em consequência, sua fama crescia a cada dia. Além de galileus, acompanhavam-No grandes multidões vindas da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e das localidades do outro lado do Jordão (cf. Mt. 4,23-25).
A Carta Magna do Reino de Deus
Na área abarcada pela pregação de Jesus se levanta uma colina verdejante. Ele, “vendo as multidões” (Mt. 5,1) que tinham chegado de toda parte à sua procura, subiu a essa montanha e pronunciou seu mais sublime sermão, síntese de todos os seus ensinamentos.
Como tivemos oportunidade de considerar em outras ocasiões,6 já era chegado o momento de expor sua doutrina e indicar aos discípulos o caminho da salvação. Assim, contradizendo de modo frontal as máximas e os costumes vigentes em sua época, nas oito Bem-aventuranças o Divino Mestre prega “aos avarentos a pobreza, aos orgulhosos a humildade, aos voluptuosos a castidade, aos homens do ócio e do prazer o trabalho e as lágrimas da penitência, aos invejosos a caridade, aos vingativos a misericórdia e aos perseguidos as alegrias do martírio”.7
Não sem razão receberam estas Bem-aventuranças o título de “Carta Magna do Reino de Deus”. Segundo explica o Catecismo da Igreja Católica, elas “traçam a imagem de Cristo e descrevem sua caridade; exprimem a vocação dos fiéis associados à glória de sua Paixão e Ressurreição; iluminam as ações e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; são iniciadas na vida da Virgem Maria e de todos os Santos” (8)
As características da missão dos discípulos
O simples enunciado das Bem aventuranças pressagiava uma renovação do mundo, o advento de uma nova civilização, de uma humanidade libertada do paganismo. Enfim, algo que a História ainda não conhecera. Não nos esqueçamos de que em geral vigorava a escravidão e a lei de talião — olho por olho, dente por dente —, que hoje nos causa horror, mas que na Antiguidade representou uma mitigação da violência arraigada na sociedade em que prevalecia sempre o mais forte e a vingança desapiedada, era prática comum.
Logo depois de proclamá-las solenemente, Jesus vai Se dirigir sobretudo aos Apóstolos e discípulos, utilizando uma linguagem muito expressiva para lhes indicar as qualidades necessárias ao cumprimento de sua missão. E o faz diante de todos, de modo a tornar manifesta a obrigação daqueles mais chamados a guiar, ensinar e santificar os fiéis.
O sal do convívio humano
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 13a “Vós sois o sal da terra”.
Foi o sal sempre muito apreciado e valorizado pela humanidade, por ser bom conservante dos alimentos e por realçar o seu sabor. No Império Romano o pagamento aos soldados era feito com ele ou também se destinava uma quantia em dinheiro para sua aquisição, originando o termo salário. O elevado grau de salinidade do Mar Morto facilitou o uso frequente de tal condimento na Palestina, desde tempos imemoriais Havia no Templo, inclusive, um depósito no qual se guardava o sal a ser empregado nas diversas cerimônias, uma vez que no Antigo Testamento não se oferecia a Deus animal algum sem antes temperá-lo com sal (cf. Lv. 2,13; Ez. 43, 24), que também era usado na preparação dos perfumes litúrgicos (cf. Ex. 30, 35).
Ao afirmar: “Vós sois o sal da terra”, Nosso Senhor declara que seus discípulos — ou seja, todos os batizados — devem enriquecer o mundo propiciando um novo sabor ao convívio humano, evitando a brutalidade e a corrupção dos costumes.
A graça: o sal da vida sobrenatural
13b “Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.
Para bem compreendermos o que o Salvador nos quer ensinar com esta figura, podemos imaginar uma matéria neutra, semelhante à areia branca, finíssima, que ao ser objeto de um influxo passasse a ser sai. Ela salgaria porque transmitiria uma propriedade que não pertence à sua natureza, mas lhe foi infundida. Ora, se esse sai se tornasse insosso, voltaria a ser o que era antes, ou seja, areia!
De modo análogo, pelo Sacramento do Batismo, que nos confere a graça santificante, somos elevados da ordem natural à ordem sobrenatural e recebemos uma como que capacidade salífera para dar um novo sabor à existência e fazer bem aos outros. Todavia, o discípulo que perde a vida da graça e renuncia a ser “o sal da terra”, “não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.
A luz do bom exemplo
14a “Vós sois a luz do mundo”.
Confiando-nos a missão de sermos “a luz do mundo”, Jesus nos convida exatamente a participar de sua própria missão, a mesma que fora proclamada pelo velho Simeão no Templo, quando, tomando o Menino Deus nos braços, profetizou que Ele seria “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). Nosso Senhor veio trazer a luz da Boa-nova e do modelo de vida santa. A doutrina ilumina e indica o caminho, enquanto o exemplo edificante move a vontade a percorrê-lo.
Neste mundo imerso no caos e nas trevas, pela ignorância ou pelo desprezo dos princípios morais, os discípulos de Jesus devem, com o auxílio da graça e o bom exemplo, iluminar e orientar as pessoas, ajudando-as a reavivar a distinção entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio, apontando o fim último da humanidade: a glória de Deus e a salvação das almas, que acarretará o gozo da visão beatífica.
Para que isso se concretize, a condição é sermos despndidos e admirativos de tudo o que no universo é reflexo das perfeições divinas, de modo a sempre procurarmos ver o Criador nas criaturas. Assim, nossas cogitações e nossas vias terão um brilho proveniente da graça. Expressiva figura dessa realidade espiritual nos é proporcionada pela lâmpada elétrica incandescente. O tungstênio é, em si, um elemento vil e de escassa utilidade. No entanto, perpassado pela corrente elétrica e em uma atmosfera na qual o ar foi substituído, ele ilumina como nenhum outro metal. A eletricidade representa a graçadivina, enquanto a debilidade do tungstênio bem simboliza o nosso nada. A necessidade de certo vácuo para a incandescência do filamento ressalta ainda mais como, para refletirmos a luz sobrenatural, precisamos reconhecer com alegria o nosso vazio, o nosso pouco mérito, as nossas limitações e faltas, e não opor nenhuma resistência à ação de Deus. Deste modo, como filamentos de tungstênio ligados à corrente da graça, poderemos ser transmissores da verdadeira luz para o mundo.
O pregador deve ser coerente
14b Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte”.
Relativamente próxima do monte das Bem-aventuranças se eleva a cidade de Safed, situada a cerca de mil metros de altitude (9). Supõe-se, então, que Jesus tenha feito alusão a ela nesta passagem, utilizando uma imagem familiar a todos os presentes. Ao mencionar a impossibilidade de permanecer oculta uma cidade com essas características, Nosso Senhor chama a atenção para a visibilidade de todas as ações do homem, a fortiori se ele recebeu uma missão especial de Deus: “fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos Anjos e aos homens” (1Cor. 4,9). Nesse sentido, nada no agir humano é neutro, e tudo o que fazemos repercute no universo em benefício ou prejuízo das demais criaturas. Por conseguinte, temos a obrigação de irradiar o bem, pela palavra e pela vida.
Em virtude disso, Santo Antônio de Pádua afirma ser indispensável para o pregador viver o que prega: “A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, por favor, as palavras; falem as obras. Estamos cheios de palavras, mas vazios de obras, e, por isso, somos amaldiçoados pelo Senhor. Ele mesmo amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente fothas. Ao pregador foi dada a lei, escreve São Gregório, de realizar aquilo que prega. Em vão se gaba do conhecimento da lei quem destrói com as obras a doutrina” 10
A luz deve brilhar para todos
15 “Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde eia brilha para todos os que estão na casa”.
Postas em lugar alto para melhor difusão da luz, as lâmpadas de azeite, naquela época, eram em geral feitas de argila, sendo dotadas de dois orifícios: um para o azeite e outro para o pavio. A linguagem do Divino Mestre, como sempre, é ao mesmo tempo simples e muito cogente, e o exemplo não poderia ser mais significativo, pois só um insensato ocultaria uma lâmpada acesa debaixo de um alqueire — vasilha para medir cereais — ou de uma cama (cf. Mc. 4,21; Lc. 8,16), onde, além de ser totalmente inútil, correria o risco de provocar um incêndio.
Não tenhamos medo de praticar a virtude
16 ‘Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos Céus”.
Como lâmpadas a reluzir na escuridão, Nosso Senhor quer que os cristãos iluminem os homens com suas boas ações. Isto é, o bem precisa ser proclamado sem respeito humano e aos quatro ventos, num mundo que estadeia a luxúria e o ateísmo. Ao se encontrar em um ambiente hostil, o bom muitas vezes tende a se encolher, a se intimidar, quase se desculpando por não ser dos maus.., o que é absurdo! Pelo contrário, devem a verdade e o bem gozar de plena cidadania, onde quer que seja.
Contudo, caberia perguntar se tal recomendação não estaria em conflito com os conselhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, transmitidos pouco mais adiante pelo próprio São Mateus: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles” (6,1), e “que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita” (6,3).
A resposta é simples: Jesus não quer que nossas boas obras sejam movidas por interesses mundanos ou por desejo de chamar a atenção, como acontecia aos fariseus, os quais faziam “todas as suas ações para serem vistos pelos homens” (Mt. 23,5) e mandavam tocar a trombeta quando davam alguma esmola. Ele pede de nós, isto sim, uma vida tão edificante que os homens se sintam impelidos a imitá-la, glorificando a Deus cuja face resplandece nos que Lhe são fiéis.
Acrescente-se a isso que o reluzimento do justo é fruto de sua união com Deus e da ação da graça, não dependendo, portanto, da vontade de cada pessoa.
“Sejam os cristãos no mundo aquilo que a alma é no corpo”.” Por isso, é necessário não ter receio de proclamar por toda parte a nossa Fé, a nossa vocação, a nossa determinação de seguir a Cristo. Expressivo nesse sentido é o célebre episódio da vida de são Francisco de Assis, ao convidar frei Leão para acompanhá-lo a uma pregação. Os dois simplesmente andaram pela cidade, imersos em sobrenatural recolhimento, e retornaram ao convento sem dizer uma palavra. Ao ser indagado acerca da pregação, o Santo respondeu ter ela sido realizada pelo fato de dois homens se mostrarem de hábito religioso pelas ruas, guardando a modéstia do olhar (12). É o apostolado do bom exemplo.
Se isso era válido para o século XIII, quanto mais o será para os nossos dias! Por tal razão, sentimo-nos nós, Arautos do Evangelho, motivados ao uso cotidiano de nosso característico hábito: envergando-o sem respeito humano e manifestando de forma pública nossa inteira adesão à Santa Igreja, pomos em prática o mandato de Jesus.
III - SE QUEREMOS SER SANTOS, DEVEMOS SER SAL E LUZ
Evangelho de hoje expressa com muita clareza a obrigação de cuidarmos de nossa vida espiritual não só pelo desejo da salvação pessoal. Sem dúvida, é mister abraçar a perfeição para contemplar o Criador face a face por toda a eternidade no Céu, o mais precioso dom que possamos obter; e precisamos ser virtuosos, porque o exige a glória de Deus, para tal fomos criados e disso prestaremos contas. Entretanto, Nosso Senhor nos quer santos também com vistas a sermos sai e luz para o mundo! Enquanto sai, devemos empenhar-nos em fazer bem aos demais, pois temos a responsabilidade de lhes tornar a vida aprazível, sustentando-os na fé e no propósito de honrar a Deus. São eles credores de nosso apoio colateral, como membros do Corpo Místico de Cristo. E seremos luz na medida em que nos santificarmos, pois ensina a Escritura: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado” (Mt. 6,22). Deste modo, nossa diligência, aplicação e zelo no cumprimento dos Mandamentos servirá ao próximo de referência, de orientação pelo exemplo, fazendo com que ele se beneficie das graças que recebemos. Assim, seremos acolhidos por Nosso Senhor, no dia do Juízo, com estas consoladoras palavras: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim mesmo que o fizestes!” (Mt. 25,40).
Pelo contrário, se sou orgulhoso, egoísta ou vaidoso, se somente me preocupo em chamar a atenção sobre mim, significa que me converti num sal insosso que já não salga mais, e privo os outros de meu amparo; se sou preguiçoso, significa que apaguei a luz de Deus em minha alma e já não proporciono a iluminação que muitas pessoas necessitam para ver com clareza o caminho a seguir. E devo me preparar para ouvir a terrível condenação de Jesus: “Em verdade Eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer” (Mt. 25,45).
Em última análise, tanto o sal que não salga quanto a luz que não ilumina são o fruto da falta de integridade. O discípulo, para ser sal e para ser luz, deve ser um reflexo fiel do Absoluto, que é Deus, e, portanto, nunca ceder ao relativismo, vivendo na incoerência de ser chamado a representar a verdade e fazê-lo de forma ambígua e vacilante. Procedendo desta maneira, nosso testemunho de nada vale e nos tornamos sal que só serve “para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Quem convence é o discípulo íntegro que reflete em sua vida a luz trazida pelo Salvador dos homens.
1) Cf. CLA DIAS, EP, João Scognamiglio. O início da vida pública. In: Arautos do Evangelho. São Paulo. N.73 (Jan., 2008); p.10-17
2) Cf. FERNÁNDEZ TRUYOLS, SJ, Andrés. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. 2.ed. Madrid: BAC, 1954, 162-165; RENIE, SM, Jules-Edouard. Manuel d’Ecriture Sainte. Les Evangiles. 4.ed. Paris: Emmanuel Vitte, 1948, t.IV, p.207-209.
3) Cf. WILLAM, Franz Michel. A vida de Jesus no país e no povo de Israel. Petrópolis: Vozes, 1939, p.119-122.
4) BERTHE, CSsR, Augustin. Jesus Cristo, sua vida, sua Paixão, seu triunfo. Eiisiedehi: Benziger, 1925, p.112.
5) Idem, p.112-113.
6) Cf. CLA DIAS, EP, João Scognamiglio. Radical mudança de padrões no relacionamento divino e humano. In: Arautos do Evangelho. São Paulo. N.109 (Jan., 2011); p.10-16;
7) BERTHE, op. cit., p.144.
8) CCE 1717.
9) Cf. RENIÉ, op. cit., p.208.
10) SANTO ANTÔNIO DE PADUA. Sermões Dominicajs. Pentecostes. Sermão In: Fontes franciscanas III. Biografias - Sermões. Braga: Franciscana. 1998, v.I, p.411.
11) CONCÍLIO VATICANO II. Lumen gentium, n.38.
12) Cf. SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. La dignidad y santidad sacertodal. La Selva. Sevilla: Apostolado Mariano, 2000, p.306.


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