Tríduo Pascal

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

“Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores"


Cada uma das frases da Bíblia possui significado que ultrapassa a mera compreensão das palavras e descortina um pouco a infinita sabedoria divina.


Por exemplo, ao ler o Evangelho de São Lucas (5, 31-32), surgiu-nos uma dúvida intrigante, cuja solução foi encontrada num sermão do Pe. João Clá Dias — Fundador e Presidente Geral dos Arautos do Evangelho —, proferido em 04 de março de 2006.


Como esse problema havia nos custado muitas horas de pensamento — que, quase diríamos, em vão... —, resolvemos compartilhar com mais pessoas a resposta, tão brilhante quanto simples, bem como a pergunta.


“Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”.

Então Nossa Senhora — que nunca pecou —,


e aqueles que mantiveram a inocência batismal

estão excluídos do plano da Redenção?






Assim explicou o Mons. João S. Clá Dias[1]:


“Nosso Senhor diz:
“Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.

Essa afirmação parece demonstrar que Ele não veio para Nossa Senhora, nem para os que vivem na graça desde a infância, ou seja, para os inocentes.


Ora, nós devemos levar em conta que a humanidade inteira está doente, porque a partir do momento em que Adão e Eva pecaram, introduziu-se a doença na face da Terra.


Como se sabe, a Redenção possui um caráter universal, ou seja, Jesus veio para todos e não só para os pecadores. No entanto, nesta afirmação Nosso Senhor está mostrando que Ele veio para os pecadores, veio para os doentes, veio para converter aqueles que estão concebidos no pecado.
E Nossa Senhora? Nossa Senhora não foi concebida no pecado original em previsão aos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se Ele não tivesse comprado, pelo Sangue dEle, a própria Imaculada Conceição de Nossa Senhora, Ela também seria concebida no pecado.


Do mesmo modo, os Anjos que estão no Céu e que perseveraram são fruto dessa bondade de Deus, de ter se encarnado e ter sofrido o que sofreu. Portanto, a Paixão tem uma missão universalíssima e ela atinge também os que são inocentes. A uns, Ele protege e não permite que caiam no pecado, mantendo-os inocentes; a outros, que não foram suficientemente fiéis e caíram, Ele está para trazer o perdão, para trazer a reconciliação inteira.


Ele diz “Eu não vim chamar os justos” — porque os justos Ele já chamou —, “mas sim os pecadores para a conversão”. É verdade. Então, aqueles que não foram chamados por Ele a manter a inocência com antecipação, a esses Ele não veio chamar, pois já os havia chamado antes.
Por exemplo, imaginem que eu convide esses, aqueles e aqueles outros para um banquete. Um pouco antes do início do mesmo, vejo que estão sobrando cinco lugares. Eu saio e convido mais outras cinco pessoas. Seria loucura eu voltar e dizer:


— Olhe, eu não convidei aos que já estavam aqui, mas convidei esses outros cinco.


Não tem sentido! Eu convidei aqueles que já estavam lá e mais os cinco que estavam fora. Assim Deus fez com toda a humanidade: Ele veio chamar os pecadores para a conversão, mas já tinha chamado os outros para a inocência. A uns Ele já havia chamado para a inocência, a outros Ele chama para a conversão.

Saiba mais comentários ao Evangelho accesando no site dos Arautos http://www.arautos.com.br/

[1] Trecho adaptado para linguagem escrita, sem conhecimento e/ou revisão do autor.