Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: Para onde vais? (Jo 16,5)
São João coloca aqui, no Evangelho, que Nosso Senhor Se queixa porque eles não perguntam: “Para onde vais?”
O que quer dizer essa afirmação feita por Nosso Senhor?
Quer dizer o seguinte: é que eles estavam com as vistas tão postas na matéria, eles estavam com as vistas tão postas no que se passava em torno deles e eles estavam, portanto, tão feitos para considerar os aspectos humanos de Nosso Senhor, que eles não tinham a preocupação de qual era o objetivo último de Nosso Senhor, de onde Ele veio e para onde Ele vai. Mas queriam saber de gozar da presença d’Ele de forma humana.
Ele está querendo chamar, sacudir os Apóstolos. Porque os Apóstolos estavam preocupados com o acontecimento humano.
Ora, dali a pouco Nosso Senhor ia ser morto e Ele precisava sacudi-los para que não prestassem atenção nos episódios que vinham imediatamente, mas que tivessem bem claro o fim.
Nosso Senhor nos dá uma lição aqui: desde que nós tenhamos bem claro o nosso fim, todo o resto fica ajustado. Por isso Ele diz em outro trecho:
– Procurai o reino de Deus e sua justiça e o resto vos será dado por acréscimo.
Ele o que está dizendo aqui? É que eles não prestavam atenção no fim, eles estavam com os olhos postos no meio. Nós não devemos prestar atenção no meio? Sim. Mas subjugado ao fim, sempre a ideia do fim deve estar clara em nossa cabeça.
“Mas porque vos falei assim, a tristeza encheu o vosso coração”.(Jo 16,6)
Os apóstolos estavam preocupados com os acontecimentos daquele momento, preocupados e atormentados pelos acontecimentos imediatos.
Ora, Nosso Senhor já lhes deveria ter revelado a Igreja que Ele ia fundar, que Ele ia ressuscitar, que a obra d’Ele se espalharia pelo mundo inteiro. Entretanto, eles tinham uma ideia mundana e julgavam que Nosso Senhor tinha dito isso de forma humana. E Nosso Senhor está querendo chamar a atenção deles para todo o aspecto sobrenatural.
Por que foi Nosso Senhor? Por que Nosso Senhor se foi?
Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei. (Jo 16,7)
São Tomás, Santo Agostinho, os doutores afirmam que para entrar em cena o Espírito Santo, Nosso Senhor precisava retirar-se; que o Espírito Santo procede do amor do Pai e do Filho e que era preciso, uma vez que Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e Homem, tendo dado origem à Igreja, do costado de Nosso Senhor Homem tivesse saído a Igreja, era preciso que Nosso Senhor Homem fosse ao trono do Pai Celeste e ali, enquanto Homem e enquanto Deus, adorasse na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade a Deus e para que daí, o Espírito Santo que procedeu desde toda a eternidade do amor dos Dois, também procedesse dessa forma para a Igreja e aí transformasse a Igreja.
Um outro argumento: os Apóstolos tinham uma ideia muito humana de Nosso Senhor e estavam com a vista turvada pela humanidade de Nosso Senhor. E era preciso que a humanidade de Nosso Senhor desaparecesse diante deles para que eles então, vindo o Espírito Santo, tivessem uma ideia exata de quem era Nosso Senhor.
Trecho adaptado para linguagem escrita, sem conhecimento e/ou revisão do autor
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