Conclusão dos comentários ao Evangelho 25º Domingo do Tempo Comum - Ano C - 2013 - Lc 16, 1-13
Deus é o
verdadeiro proprietário de todo o Universo
10 Quem é fiel no pouco
também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.
Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiaria as
verdadeiras? E, se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? 13
Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro,
ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao
dinheiro.
Alguns autores dão a estes quatro versículos o título de
“apêndices parabólicos sobre as riquezas”. As três máximas neles contidas são
de fácil compreensão e dispensam longas considerações.
É de se notar que Jesus não condena a propriedade, mas a toma
como sendo um bem a ser gerido temporariamente com vistas à vida eterna. Não
passa o homem de simples administrador. Deus, sim, é o autêntico proprietário. Se
essa distinção é ignorada pelo homem, acaba ele por violar a supremacia de Deus
enquanto Senhor de todo o Criado, ingressando, assim, na injustiça.
“As riquezas existentes
nesta terra não são de posse absoluta do homem. Ele é administrador desses bens
de Deus. Deve, pois, ser-Lhe fiel neles. É a expressão externa de sua
fidelidade. Assim receberá os ‘próprios’ que, neste contexto, pela
contraposição estabelecida, parecem referir-se a dons espirituais que Deus, em
compensação por essa fidelidade requerida para os outros, concede em abundância
ao discípulo”.
As expressões: “riquezas verdadeiras” e “o que é vosso”
referem-se aos bens sobrenaturais, os dons da graça, os únicos eternos e
absolutos. Quanto ao último versículo , São Mateus o coloca ao longo do Sermão
da Montanha e numa formulação quase idêntica: “Ninguém pode servir a dois
senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou há de afeiçoar-se a um e
desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6, 24). Tanto em
Lucas como em Mateus, “põe-se a tese e dá-se a razão de não poder servir a dois
senhores: a Deus e às riquezas. Naturalmente, entendido num sentido de apego a
elas ou numa aquisição ou uso reprovável delas”.
Nestes versículos finais (9 a 13), o Divino Mestre se
manifesta como o Arauto do desprendimento de tudo quanto passa. Não é ilícito
guardar os bens num cofre, o que não podemos é entesourá-los em nossos
corações.
1)
Ver box Prudência: Virtude intelectual que aperfeiçoa a razão.
2) Pe. Juan de
Maldonado SJ, Comentarios a los
cuatro Evangelios, BAC, Madrid, 1951, v.
II, p. 673.
3)
São João Crisóstomo, apud São Tomás de Aquino, Catena Aurea.
4)
Teófilo apud São Tomás de Aquino, Catena
Aurea.
5) Pe. Juan de
Maldonado SJ, op. cit, p. 675.
6)
São João Crisóstomo, apud São Tomás de Aquino, Catena Aurea.
7)
Raniero Cantalamessa, Echad las redes — Ciclo C, EDICEP, p. 306.
8)
São João Crisóstomo, apud São Tomás de Aquino, Catena Aurea.
9)
Cf. op. cit.
10)
Santo Agostinho, apud São Tomás
de Aquino, Catena Aurea. 11) Cf. Orígenes, apud São Tomás de Aquino, Catena Aurea.
12)
Pe. Manuel de Tuya OP, Biblia Comentada, BAC, Madrid, 1964, v. II, p. 874.
13)
Id., ibid.