Tríduo Pascal

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Homilia Mons João Clá Dias

Comentários de Mons João Clá Dias à Leitura do Livro do Profeta Jeremias 31,31-34
31“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; 32 não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor.

33 Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. 34 Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’; todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Evangelho I Domingo do Advento – Ano A

Comentários ao Evangelho I Domingo do Advento – Ano A
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: 37 “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38 Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39 E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41 Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. 42 Portanto, ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43 Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 37-44).
A vigilância: uma esquecida virtude?
Ao se iniciar o Ano Litúrgico, o Divino Mestre nos exorta a termos sempre diante dos olhos o fim último para o qual fomos criados e a estarmos preparados para o encontro com o Supremo Juiz. Para tal é indispensável a prática de uma virtude muitas vezes esquecida ou menosprezada: a vigilância.
I – Fundamental virtude da vigilância
Ao contemplar a natureza, seja no campo aberto, ou no interior de uma floresta, chamam-nos a atenção certos aspectos, dos quais podemos haurir uma lição para nossa vida espiritual. Vemos, por exemplo, o voo de um pássaro levando no bico um graveto a fim de construir o ninho para colocar os ovos e perpetuar sua espécie. Aquilo é feito com a precisão de um marceneiro – apenas por instinto e não por ter inteligência –, uma verdadeira obra de arte. Imaginemos, então, que essa ave recebesse uma alma, não como o principium vitæ que vegetais e animais têm, mas uma alma imortal como a do homem, que subsiste mesmo quando separada do corpo pela morte. Em tal caso, caberia ao pássaro considerar mais valioso o ninho que ele está armando ou a existência eterna de sua nova alma? A segunda opção é evidente. Sem deixar de fazer o ninho, ele deveria concentrar a primeira preocupação no seu destino sempiterno.
Ora, Deus dotou o homem desta alma imortal. A morte atinge apenas a parte animal da natureza humana, o corpo, o qual ainda ressuscitará. Por conseguinte, o homem tem obrigação de dar mais importância à alma que ao corpo, tudo fazendo com vistas à eternidade, sem, no entanto, descuidar do que é transitório, sem deixar de trabalhar, de ordenar o lar, de educar os filhos, caso siga a via matrimonial, ou de cumprir outras obrigações se abraçou a via religiosa. Não obstante, muitas vezes ocorre uma tragédia: o homem volta-se exageradamente para as coisas concretas e se esquece do que advirá após sua morte e no Juízo Universal.
Com o Advento inicia-se um novo Ano Litúrgico. As quatro semanas deste período simbolizam os milênios que a humanidade esperou pelo nascimento do Salvador. São dias de penitência e de expectativa que a Igreja propõe como preparação para a vinda do Menino Jesus, na Solenidade do Natal, bem como no fim dos tempos.
Por isso, a Liturgia do 1º Domingo do Advento tem em seu início o seguinte pedido, na Oração do Dia: “concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de possuir o Reino Celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”.1 É no desejo ardente do Céu e fixando nossos olhos no fim do mundo e na eternidade que teremos forças para praticar a virtude e realizar boas obras.
Em tempo de guerra, se uma sentinela dorme no posto a corte marcial a sujeitará a penas severas por ter abandonado sua obrigação; todos nós somos sentinelas numa guerra muito mais grave do que a defesa da pátria terrena. São Pedro diz que o demônio ronda em torno de nós como um leão, querendo nos devorar (cf. I Pd 5, 8). Constantemente nos vemos cercados de perigos e, se queremos salvar nossa alma, é preciso estar sempre em estado de alerta, sermos vigilantes.
Vigilância: eis o sinal distintivo do Evangelho que abre o Ano Litúrgico.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Evangelho III Domingo do Advento Domingo “Gaudete” - Ano A

Comentário ao Evangelho  III Domingo do Advento (Domingo “Gaudete”)
Naquele tempo, 2 João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-Lhe alguns discípulos, 3 para Lhe perguntarem: “És Tu, Aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”
4 Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5 os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6 Feliz aquele que não se escandaliza por causa de Mim!”
7 Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 8 O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis.
9 Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, Eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10 É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de Ti’. 11 Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele” (Mt 11, 2-11).
O caminho para a felicidade
A procura da felicidade norteia a existência de toda criatura humana, por disposição divina. A Liturgia do Domingo “Gaudete” indica o verdadeiro caminho para encontrá-la e oferece um exemplo seguro a seguir.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – Uma lufada de ânimo para chegar até o fim
Dizia o célebre teórico de guerra Karl von Clausewitz1 que a melhor forma de vencer um adversário é fazê-lo perder o ânimo de combater, pois a quebra de sua força moral é a causa principal de seu aniquilamento físico. Assim, quando empreendemos uma ação com desânimo, não atingimos a meta. Pelo contrário, quem tem uma confiança sólida, baseada numa fé vigorosa, desenvolve energias e entusiasmo para perseverar até o fim com galhardia. Se, por acaso, na realização de um árduo esforço, sentimos faltar o fôlego, basta uma lufada de esperança para redobrar as boas disposições e garantir o sucesso.
A Igreja, no 3º Domingo do Advento — chamado Domingo Gaudete —, tem em vista este propósito: fazer uma pausa nas admoestações do período de penitência e amenizar a tristeza causada pela lembrança dos pecados cometidos, para considerar com alegria a perspectiva do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em breve seremos libertados de nossa miséria, se soubermos ouvir os seus ensinamentos e nos abrirmos às graças que Ele nos traz, e poderemos seguir adiante com entusiasmo, confortados pela certeza de que nos será dada a salvação. Esse verdadeiro gáudio pela próxima vinda do Redentor é a nota tônica desta Missa, simbolizada pela cor rósea dos paramentos e expressa nos textos litúrgicos, sem, todavia, excluir totalmente o caráter penitencial. Depois do pecado original, a cruz tornou-se indispensável para obtermos a glória no cumprimento da finalidade para a qual fomos criados.