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quarta-feira, 11 de março de 2015

Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B – Jo 3, 14-21

Conclusão dos comentários ao Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B
17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.
Algumas traduções usam o verbo “julgar” e não “condenar”. Realmente, no latim encontramos ut iudicet mundum. Ora, para os judeus — conforme nos explica Maldonado — os dois verbos têm o mesmo significado de “castigar”. Dada a manifestação do grande poder de Jesus através de seus numerosos milagres (10), Nicodemos se aproxima d’Ele tomado de forte temor reverencial. De fato, Jesus devia produzir em seus circunstantes um misto de atração e de temor. Por ser a Grandeza, Ele arrebata e ao mesmo tempo impõe respeito. Para um espírito culto e inteligente como Nicodemos, a compreensão da magna figura do Mestre — sobretudo depois das revelações que Ele fez, sintetizadas nos versículos anteriores — fê-lo imaginar o castigo de que um tal Profeta seria portador. Daí essas afirmações de Nosso Senhor contidas nos versículos 16 a 21, tornando claro quanto Ele traz a salvação, sob a condição da fé e das boas obras.

terça-feira, 10 de março de 2015

Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B – Jo 3, 14-21

Continuação dos comentários ao Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B

Pré-figura da Crucifixão
Entretanto, está também figurada a Crucifixão, como ressaltam todos os comentaristas; por exemplo, Santo Agostinho:
“Que significa a serpente levantada? A morte do Senhor na cruz. A morte proveniente da serpente foi representada pela imagem da serpente. A mordedura mortal da serpente representa a morte vital do Senhor. Olha-se para a serpente a fim de que a serpente não mate. Que significa isso? Olha-se para a morte, para o Senhor morto, para que a morte não mate. Mas para a morte de quem? Para a morte da Vida, se assim se pode dizer. (...) Cristo não é a Vida? Todavia, foi suspenso na cruz. (...) Mas a morte foi morta na morte de Cristo, porque a Vida que foi morta matou a morte.
“Assim como os que olhavam para a serpente de bronze não morriam com as mordeduras das serpentes, assim os que olham com fé para a morte de Cristo são curados das mordeduras dos pecados. Mas aqueles eram livres da morte no tocante à vida temporal, enquanto estes têm a vida eterna. Aqui está a diferença entre a figura e a realidade. A figura dava a vida temporal, e a realidade dá a vida eterna” (4).
Jesus prepara as mentalidades para a aceitação do dogma
Resta dizer uma palavra sobre a expressão “o Filho do Homem”, que aparece 82 vezes ao longo dos Evangelhos, quase sempre saída dos adoráveis lábios de Jesus e, ademais, exclusivamente aplicada a Ele. O Antigo Testamento traz à tona essa mesma expressão, ora referindo-se a um simples homem, ora a um ser sobrenatural superior a um homem comum (5).
No Cristo nós encontramos a misteriosa união de duas naturezas— a divina e a humana — numa só Pessoa. Era indispensável ir preparando as mentalidades para a aceitação, com base na fé, desse altíssimo dogma. Hoje — depois de dois milênios, com toda a tradição e o grande desenvolvimento doutrinário da Teologia — temos mais facilidade para abraçar essa fundamental verdade revelada. Contrariamente, naqueles tempos, a cultura religiosa prognosticava uma figura messiânica muito diferente. O Messias deveria ser um grande condestável de nacionalidade judaica que daria ao seu povo a supremacia sobre todas as outras nações, libertando-o de qualquer ônus, submissão ou tributo. Sobretudo naquele momento em que os judeus estavam subjugados política e tributariamente ao Império Romano, o termo “Messias”, lançado ao ar, colocava em movimento uma dinâmica cadeia de sentimentos nacionalistas.

domingo, 8 de março de 2015

Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B – Jo 3, 14-21

Comentários ao Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B
Disse Jesus a Nicodemos: 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crer, não é condenado, mas, quem não crer, já está condenado porque não acreditou no nome do Filho unigênito 19. Ora, o julgamento é esse: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas.21 Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. (Jo 3, 14-21)
A conversa noturna
Recebendo afavelmente um potencial discípulo, Jesus, o primeiro evangelizador da História, procura prepará-lo com cuidado e tato didático para ser capaz de crer na sua divindade.
Jesus fortalece a fé de um discreto discípulo
Ânimos divididos ante a figura de Jesus
O presente Evangelho é a parte final da conversa noturna havida entre Jesus e Nicodemos. Antes desse encontro, havia Ele realizado o milagre das bodas de Caná e expulsado os vendilhões do Templo. Crescia o número dos convertidos, pois todos comprovavam a grandiosidade de Jesus “ao verem os milagres que fazia” (Jo 2, 23). Entretanto não era íntegra, como deveria ser, a fé daqueles admiradores, porque as esperanças do povo judeu estavam voltadas para um Messias politizado, carregado de dotes humanos, segundo o conceito mundano da época. Por isso “Jesus não se fiava neles” (Jo 2, 24). Se alguns chegavam a discernir os aspectos sobrenaturais de Jesus, faltava-lhes entretanto a proporcionada abnegação e entrega para segui-Lo incondicionalmente.
Apesar disso, da parte do povo miúdo a nota tônica era de franca simpatia.
Não ocorria o mesmo com as autoridades religiosas. Aparecera diante deles um profeta pregando uma doutrina nova, dotada de potência, que abalava a estrutura dos princípios religiosos aprendidos por eles numa escola de longa tradição. Sobre essa dificuldade, acrescentara-se outra grave: a expulsão dos vendilhões do Templo. Por causa disso, os ânimos estavam fortemente susceptibilizados, e a figura de Jesus, além de lhes criar um tormentoso problema de consciência, a cada passo fazia-lhes sangrar as mal cicatrizadas feridas do ressentimento.
A discreta fidelidade de Nicodemos
De dentro dessa moldura sócio-psico-religiosa, surge a figura de Nicodemos. Segundo São João, trata-se de um fariseu, príncipe dos judeus, que receando comprometer sua reputação no meio de seus companheiros, procurou encontrar-se com Jesus de maneira oculta.(cf. Jo 3,1-2)
De fato, era tal a sanha de indignação dos fariseus contra o Divino Mestre que, se Nicodemos assim não procedesse, sofreria terríveis perseguições. Os Evangelhos são ricos em pormenores a esse respeito, mas bastaria relembrar o dito dos fariseus quando se indignaram contra os agentes que deveriam ter prendido Jesus: “Houve, porventura, alguém dentre os chefes do povo ou dos fariseus que acreditasse n’Ele? Quanto a esta plebe que não conhece a Lei, é maldita” (Jo 7, 48-49). Essa é a razão pela qual Nicodemos, como José de Arimatéia, embora sempre fiel, manteve grande discrição até o fim (1). Apesar disso, é digna de nota a imperfeição da fé de Nicodemos no Homem-Deus; chama-O de Mestre por causa de seus milagres, mas O vê apenas como um grande homem auxiliado pelo poder de Deus.
O Redentor aproveitou a circunstância de sua visita para ilustrar e fortalecer a fé desse seu novo e secreto discípulo (2), preparando-o para aceitar sua divindade, fazendo-o conhecer algo sobre o Batismo e a Encarnação. E acaba por lhe declarar o objetivo último de sua vinda a esta terra: a salvação dos homens através de sua morte, e morte de cruz. Esta é a temática da Liturgia de hoje.
A Serpente de bronze Símbolo do filho do homem
14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna.
São Cirilo de Alexandria faz uma aproximação entre o Batismo, anteriormente enunciado por Jesus, e a figura da serpente de bronze. Segundo ele, pelo fato de Nicodemos talvez não ter alcançado o significado dos aspectos sobrenaturais desse Sacramento, o Mestre resolveu recordar-lhe esse episódio tão conhecido de todo o povo israelita, a fortiori de quem era fariseu, como seu visitante.
O episódio do Antigo Testamento
Tendo partido do Monte Hor na direção do Mar Vermelho, o povo judeu se revoltara contra Moisés, e até mesmo diretamente contra Deus, devido ao cansaço, ao enfaramento e à falta de pão, água e de outro alimento que não o maná. Por castigo, Deus enviou serpentes cujas picadas produziam inflamação, febre e, finalmente, a morte; daí seu nome: “de fogo”. Imploraram então os judeus a intercessão de Moisés junto a Deus. Este não eliminou o mal, mas concedeu-lhes um remédio: todo aquele que fosse atacado pelo mortífero animal, ficaria imediatamente curado se olhasse para uma serpente de bronze a qual, por ordem divina, o Profeta havia fixado sobre um poste (3).
Esse objeto foi tomado pelo povo como um símbolo da cura que lhes era concedida por Deus.
Nicodemos devia conhecer a interpretação exata desse milagre, constante no Livro da Sabedoria: “E tiveram logo um sinal de salvação (...) Porque aquele que se voltava para o referido sinal não era curado porque o via, mas sim por Ti, que és o Salvador de todos os homens” (16, 5-7).
Imagem da Redenção
É divina a didática de Jesus. Conforme os comentaristas, entre as múltiplas imagens da Redenção do gênero humano, nenhuma é superior a esta: uma serpente sem veneno para curar os males produzidos por picadas de serpentes. Afirma São Paulo: “Assim como pelo pecado de um só, incorreram todos os homens na condenação, assim pela justiça de um só recebem todos os homens a justificação da vida” (Rm 5, 18). — “E, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Cor 15, 22).
Por que razão é o bronze a matéria da serpente salvadora? Variadas são as opiniões. Preferimos a de Eutímio: por representar Cristo, a serpente não deveria ser de substância frágil, de modo que pudesse tornar patente a diferença entre nossa carne, sujeita ao pecado, e a do Redentor, forte e invulnerável à mínima fímbria de imperfeição.
“Atrairei todos os homens a Mim”
O Filho do Homem deveria ser levantado tal qual a serpente de bronze de Moisés. O primeiro significado dessa comparação salta à mente como sendo sinônimo de glorificação. E certamente assim o entendeu Nicodemos, pois não pediu explicações a esse respeito, como faria a multidão mais tarde: “E como dizes Tu que o Filho do Homem deve ser levantado?” (Jo 12, 34). Essa nota de glória transparece claramente na voz que veio do céu: “Eu O glorifiquei e O glorificarei novamente” (Jo 12, 28), sobre a qual Jesus comenta: “E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim” (Jo 12, 32). Ou seja, todos os povos, judeus e pagãos, iriam reconhecê-Lo como o Salvador.

Pré-figura da Crucifixão
Continua no próximo post

sábado, 7 de março de 2015

Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B

Comentários ao Evangelho IV Domingo da Quaresma – Ano B
Domingo Laetare 
Disse Jesus a Nicodemos: 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crer, não é condenado, mas, quem não crer, já está condenado porque não acreditou no nome do Filho unigênito 19. Ora, o julgamento é esse: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas.21 Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus. (Jo 3, 14-21)
A conversa noturna
Recebendo afavelmente um potencial discípulo, Jesus, o primeiro evangelizador da História, procura prepará-lo com cuidado e tato didático para ser capaz de crer na sua divindade.
Jesus fortalece a fé de um discreto discípulo
Ânimos divididos ante a figura de Jesus
O presente Evangelho é a parte final da conversa noturna havida entre Jesus e Nicodemos. Antes desse encontro, havia Ele realizado o milagre das bodas de Caná e expulsado os vendilhões do Templo. Crescia o número dos convertidos, pois todos comprovavam a grandiosidade de Jesus “ao verem os milagres que fazia” (Jo 2, 23). Entretanto não era íntegra, como deveria ser, a fé daqueles admiradores, porque as esperanças do povo judeu estavam voltadas para um Messias politizado, carregado de dotes humanos, segundo o conceito mundano da época. Por isso “Jesus não se fiava neles” (Jo 2, 24). Se alguns chegavam a discernir os aspectos sobrenaturais de Jesus, faltava-lhes entretanto a proporcionada abnegação e entrega para segui-Lo incondicionalmente.
Apesar disso, da parte do povo miúdo a nota tônica era de franca simpatia.
Não ocorria o mesmo com as autoridades religiosas. Aparecera diante deles um profeta pregando uma doutrina nova, dotada de potência, que abalava a estrutura dos princípios religiosos aprendidos por eles numa escola de longa tradição. Sobre essa dificuldade, acrescentara-se outra grave: a expulsão dos vendilhões do Templo. Por causa disso, os ânimos estavam fortemente susceptibilizados, e a figura de Jesus, além de lhes criar um tormentoso problema de consciência, a cada passo fazia-lhes sangrar as mal cicatrizadas feridas do ressentimento.
A discreta fidelidade de Nicodemos
De dentro dessa moldura sócio-psico-religiosa, surge a figura de Nicodemos. Segundo São João, trata-se de um fariseu, príncipe dos judeus, que receando comprometer sua reputação no meio de seus companheiros, procurou encontrar-se com Jesus de maneira oculta.(cf. Jo 3,1-2)
De fato, era tal a sanha de indignação dos fariseus contra o Divino Mestre que, se Nicodemos assim não procedesse, sofreria terríveis perseguições. Os Evangelhos são ricos em pormenores a esse respeito, mas bastaria relembrar o dito dos fariseus quando se indignaram contra os agentes que deveriam ter prendido Jesus: “Houve, porventura, alguém dentre os chefes do povo ou dos fariseus que acreditasse n’Ele? Quanto a esta plebe que não conhece a Lei, é maldita” (Jo 7, 48-49). Essa é a razão pela qual Nicodemos, como José de Arimatéia, embora sempre fiel, manteve grande discrição até o fim (1). Apesar disso, é digna de nota a imperfeição da fé de Nicodemos no Homem-Deus; chama-O de Mestre por causa de seus milagres, mas O vê apenas como um grande homem auxiliado pelo poder de Deus.