Com sabedoria divina e usando de insuperável arte, neste mês de novembro, a Igreja termina um ciclo litúrgico e dá início a outro. A abertura do novo ano será muito semelhante ao fecho do anterior.
Por que usa a Igreja de um método, à primeira vista, repetitivo, sendo seu tesouro insuperavelmente amplo e variado? Qualquer um a quem ocorrer esta pergunta logo perceberá provir ela de uma impressão superficial e errônea. Em realidade, a Encarnação e o Nascimento do Salvador tomam cores mais ricas ao serem focalizados na perspectiva do retorno de Cristo no fim do mundo, pois todos esses acontecimentos referem-se a um mesmo Ser e têm, portanto, profundas analogias entre si. O Natal e o Juízo Final constituem os extremos opostos de um só e imenso arco. Na Manjedoura, encontramos o Menino “que há de vir julgar os vivos e os mortos” (2 Tm 4, 1). No Vale de Josafá, veremos o próprio Inocente nascido na Gruta de Belém “voltar sobre as nuvens com grande poder e glória” (Mc 13, 26).
Ao surgir, Jesus dividiu a História em duas eras e, em seu retorno, finalizará o tempo e abrirá as portas da eternidade: “A Ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e seu reino jamais será destruído” (Dn 7, 14). “O Senhor é rei e se revestiu de majestade, ele se cingiu com um cinto de poder” (Sl 92, 1).
A Realeza de Cristo
Esta festa foi estabelecida por Pio XI há menos de um século (1925). Entretanto, a consideração dessa divina realeza é tão antiga na piedade dos fiéis quanto a própria Liturgia. Referências a ela transbordam desde o Advento ao Tempo Pascoal, passando pela Natividade, Epifania e Paixão. A Teologia é rica em reflexões sobre essa temática, debaixo dos mais variados aspectos.
Por exemplo, São Tomás, ao discorrer sobre a origem do poder real de Cristo, demonstra-nos que Jesus é Rei por direito de natureza, por sua dignidade de Cabeça de todos os que estão unidos a Ele, pela plenitude da graça habitual, títulos estes gratuitos, ou seja, independentes dos merecimentos alcançados pelo Homem-Deus.
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