Tríduo Pascal

domingo, 27 de novembro de 2011

Primeiro Domingo Advento ano B

Estai alerta! Vigiai, porque não  sabeis quando será o momento.
Enquanto discípulo muito íntimo de Pedro, Marcos transmite em seu Evangelho — que, aliás, foi o primeiro a ser escrito e divulgado — a síntese das pregações de nosso primeiro Papa. Sua ênfase no “Estai alerta! Vigiai ...”, tem origem no empenho especial manifestado por seu mestre nos últimos anos de vida, na cidade de Roma. Esse cuidado, pervadido de zelo pelas almas, cumprindo o mandato do Senhor: “Apascenta as minhas ovelhas”, visava aos problemas que então cercavam o nascimento da Igreja.
Sem nos determos na análise da história de há quase dois milênios, voltemos nossos olhos para os dias da atualidade.
A vigilância, virtude auxiliar da prudência, enquanto se identifica com a solicitude, tem um importante papel em nossa vida espiritual e moral. Ademais, a prudência tem estreita ligação com a vida social do homem. Sobre quais objetivos deveria se exercer a prática dessa virtude neste começo de terceiro milênio? Quase não há um só momento em que possamos baixar nossa guarda.
Ação deletéria dos meios de comunicação social
De há muito — com a evolução da técnica e das descobertas científicas — os meios de comunicação social têmse prestado a uma perigosa e atraente apresentação do mal e do pecado. Já na época de Leão XIII — fins do século XIX — encontramos a clara manifestação da preocupação daquele Papa de saudosa memória:
Acrescentemos a isso estas seduções do vício, estes funestos convites ao pecado: aludimos às representações teatrais nas quais se exibem a impiedade e a licenciosidade, aos livros e aos jornais escritos com o propósito de ridicularizar a virtude e glorificar a infâmia, e a todas as artes que, inventadas para as necessidades da vida e dos honestos espairecimentos do espírito, colocaram-se a serviço das paixões para subornar as almas” (6).
Quatro anos mais tarde, nova declaração:
“Enfim, a ordem social está rompida até seus fundamentos. Livros e jornais, escolas e cátedras de ensino, círculos e teatros, monumentos e discursos, fotografias e belas-artes, tudo conspira para perverter os espíritos e corromper os corações” (7).
Já no século XX, seguindo sempre a mesma linha de ensinamento, faz-se ouvir a voz de Pio XI, também de feliz memória:
“Não há hoje um meio mais poderoso para exercer influência sobre as massas, quer devido às figuras projetadas nas telas, quer pelo preço do espetáculo cinematográfico, ao alcance do povo comum, e pelas circunstâncias que o acompanham” (8).
“O poder do cinema provém de que ele fala por meio da imagem, que a inteligência recebe com alegria e sem esforço, mesmo se tratando de uma alma rude e primitiva, desprovida de capacidade ou ao menos do desejo de fazer esforço para a abstração e a dedução que acompanha o raciocínio. Para a leitura e audição, sempre se requer atenção e um esforço mental que, no espetáculo cinematográfico, é substituído pelo prazer continuado, resultante da sucessão de figuras concretas” (9).
“É geralmente sabido o mal enorme que os maus filmes produzem na alma. Por glorificarem o vício e as paixões, são ocasiões de pecado; desviam a mocidade do caminho da virtude; revelam a vida debaixo de um falso prisma; ofuscam e enfraquecem o ideal da perfeição; destroem o amor puro, o respeito devido ao casamento, as íntimas relações do convívio doméstico. Podem mesmo criar preconceitos entre indivíduos, mal-entendidos entre as várias classes sociais, entre as diversas raças e nações” (10).
Essa ação deletéria tem seu início junto ao despontar do uso da razão:
“E por isso sua fascinação se exerce com um atrativo particular sobre as crianças, os adolescentes e os jovens. Justamente na idade na qual o senso moral está em formação, quando se desenvolvem as noções e os sentimentos de justiça e de retidão, dos deveres e das obrigações, do ideal da vida, é que o cinema toma uma influência preponderante” (11).
Não fica atrás a advertência de Pio XII, em meados do século passado:
“Esse inimigo está corrompendo o mundo com uma imprensa e com espetáculos que matam o pudor nos moços e nas moças, destroem o amor entre os esposos, e inculcam um nacionalismo que leva à guerra” (12).
Outro Papa, sempre de saudosa memória, Paulo VI, assim se refere a esses males:
“Ao mesmo tempo em que esses instrumentos — destinados por sua natureza a difundir o pensamento, a palavra, a imagem, a informação e a publicidade — influenciam a opinião pública e, por conseguinte, o modo de pensar e de atuar dos indivíduos e dos grupos sociais, exercem também pressão sobre os espíritos que incide profundamente sobre a mentalidade e a consciência do homem, já incitado por múltiplas e opostas solicitações e quase submergido nelas.
“Quem pode ignorar os perigos e os danos que esses instrumentos, mesmo nobres, podem acarretar a cada um dos indivíduos e à sociedade, caso não sejam utilizados pelo homem com responsabilidade, com reta intenção e de acordo com a ordem moral objetiva? (...)
“Pensamos sobretudo nas jovens gerações, que procuram, não sem dificuldades e às vezes com aparentes ou reais extravios, uma orientação para suas vidas de hoje e de amanhã, e que devem poder tomar decisões, com liberdade de espírito e com senso de responsabilidade. Impedir ou desviar sua difícil procura com falsas perspectivas, com ilusões enganosas, com seduções degradantes, significaria decepcionar suas justas esperanças, desorientar suas nobres aspirações e mortificar seus generosos impulsos.” (13)
Continua no próximo post

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