Continuação dos Comentários ao Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 10, 46-52
Terríveis consequências do pecado
Terríveis consequências do pecado
São Tomás, que nunca abandona seu sereno equilíbrio, ultrapassa os limites que nós julgaríamos os do exagero quando trata dos terríveis efeitos do pecado: “Pecando, o homem se afasta da ordem racional. Decai, assim, da dignidade humana, que consiste em ser naturalmente livre e existir para si mesmo. Ele cai, de certo modo, no estado de escravidão dos animais, dispondo-se dele conforme convém à utilidade dos outros. É o que se diz no Salmo: ‘Estando elevado em honra, o homem não entendeu, viu-se nivelado aos animais sem razão e a eles se assemelhou’. E também se lê no livro dos Provérbios: ‘O insensato estará a serviço do sábio’. (...) Pois o homem mau é pior que um animal, e até mais nocivo, como afirma o Filósofo” (3)
Guerra contra Deus
Transpostos para o campo da espiritualidade mística, da grande Doutora da Igreja, Santa Teresa de Ávila, os conceitos se harmonizam: “Oh! não entendemos que o pecado é uma guerra campal de todos os nossos sentidos e potências da alma contra o nosso Deus! O que tem mais poder é o que mais traições favorece contra o seu Rei… Confesso, Pai Eterno, que guardei mal (a jóia preciosa de Cristo); mas ainda há remédio, Senhor, há remédio enquanto vivamos neste desterro” (4).
Essa grande reformadora do Carmelo, que aliás é rica em manifestar seus horrores ao pecado, dirá em outra de suas obras: “Agora, façamos de conta que Deus é como uma morada ou palácio muito grande e belo. Poderá, porventura, o pecador sair desse palácio para praticar o mal? É certo que não. Mas é dentro desse próprio palácio — que é Deus — que nós, pecadores, praticamos abominações, desonestidades e maldades. Oh! como isso é terrível, digno de toda a atenção e muito proveitoso para quem tem poucos conhecimentos e não entende inteiramente essas verdades! [Se pensássemos nisso] não seria possível fazer desaforo tão irresponsável. Consideremos, minhas irmãs, como Deus é enormemente misericordioso e paciente, não nos castigando logo. Devemos dar-Lhe muitíssimas graças e ter vergonha de ficar ressentidas por aquilo que façam ou digam contra nós. É uma enorme maldade ver que Deus, nosso Criador, tem dentro de Si mesmo tanta paciência para com suas criaturas, e ainda assim nós ficarmos ressentidas só porque, alguma vez, alguém disse algo [sobre nós] em nossa ausência e, talvez, sem má intenção” (5).
Cegueira de alma
Misterioso e causa de múltiplos efeitos é o pecado, sendo um deles — e quão terrível! — a cegueira de alma, bem simbolizada pela perda física da visão. A triste situação de quem não vê, move o coração do Sumo Sacerdote: “Ele sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro...” (Hb 5, 2); “dos extremos da terra hei de reuni-los; entre eles, o cego e o aleijado” (Jr 31, 8). Esta é uma das nota a respeito do Evangelho A cura de Bartimeu que será comentado nos próximos posts.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva seus comentarios e sugerencias