Tríduo Pascal

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Comentários ao Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10, 46-52,

Continuação dos Comentários ao Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 10, 46-52

Terríveis consequências do pecado
São Tomás, que nunca abandona seu sereno equilíbrio, ultrapassa os limites que nós julgaríamos os do exagero quando trata dos terríveis efeitos do pecado: “Pecando, o homem se afasta da ordem racional. Decai, assim, da dignidade humana, que consiste em ser naturalmente livre e existir para si mesmo. Ele cai, de certo modo, no estado de escravidão dos animais, dispondo-se dele conforme convém à utilidade dos outros. É o que se diz no Salmo: ‘Estando elevado em honra, o homem não entendeu, viu-se nivelado aos animais sem razão e a eles se assemelhou’. E também se lê no livro dos Provérbios: ‘O insensato estará a serviço do sábio’. (...) Pois o homem mau é pior que um animal, e até mais nocivo, como afirma o Filósofo” (3)
Guerra contra Deus
Transpostos para o campo da espiritualidade mística, da grande Doutora da Igreja, Santa Teresa de Ávila, os conceitos se harmonizam: “Oh! não entendemos que o pecado é uma guerra campal de todos os nossos sentidos e potências da alma contra o nosso Deus! O que tem mais poder é o que mais traições favorece contra o seu Rei… Confesso, Pai Eterno, que guardei mal (a jóia preciosa de Cristo); mas ainda há remédio, Senhor, há remédio enquanto vivamos neste desterro” (4).
Essa grande reformadora do Carmelo, que aliás é rica em manifestar seus horrores ao pecado, dirá em outra de suas obras: “Agora, façamos de conta que Deus é como uma morada ou palácio muito grande e belo. Poderá, porventura, o pecador sair desse palácio para praticar o mal? É certo que não. Mas é dentro desse próprio palácio — que é Deus — que nós, pecadores, praticamos abominações, desonestidades e maldades. Oh! como isso é terrível, digno de toda a atenção e muito proveitoso para quem tem poucos conhecimentos e não entende inteiramente essas verdades! [Se pensássemos nisso] não seria possível fazer desaforo tão irresponsável. Consideremos, minhas irmãs, como Deus é enormemente misericordioso e paciente, não nos castigando logo. Devemos dar-Lhe muitíssimas graças e ter vergonha de ficar ressentidas por aquilo que façam ou digam contra nós. É uma enorme maldade ver que Deus, nosso Criador, tem dentro de Si mesmo tanta paciência para com suas criaturas, e ainda assim nós ficarmos ressentidas só porque, alguma vez, alguém disse algo [sobre nós] em nossa ausência e, talvez, sem má intenção” (5).
Cegueira de alma
Misterioso e causa de múltiplos efeitos é o pecado, sendo um deles — e quão terrível! — a cegueira de alma, bem simbolizada pela perda física da visão. A triste situação de quem não vê, move o coração do Sumo Sacerdote: “Ele sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro...” (Hb 5, 2); “dos extremos da terra hei de reuni-los; entre eles, o cego e o aleijado” (Jr 31, 8). Esta é uma das nota a respeito do Evangelho A cura de Bartimeu que será comentado nos próximos posts.

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