Imagem da Redenção
É divina a didática de Jesus. Conforme os comentaristas, entre as múltiplas imagens da Redenção do gênero humano, nenhuma é superior a esta: uma serpente sem veneno para curar os males produzidos por picadas de serpentes.
Afirma São Paulo: “Assim como pelo pecado de um só, incorreram todos os homens na condenação, assim pela justiça de um só recebem todos os homens a justificação da vida” (Rm 5, 18). — “E, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Cor 15, 22).
Por que razão é o bronze a matéria da serpente salvadora? Variadas são as opiniões. Preferimos a de Eutímio: por representar Cristo, a serpente não deveria ser de substância frágil, de modo que pudesse tornar patente a diferença entre nossa carne, sujeita ao pecado, e a do Redentor, forte e invulnerável à mínima fímbria de imperfeição.
“Atrairei todos os homens a Mim”
O Filho do Homem deveria ser levantado tal qual a serpente de bronze de Moisés. O primeiro significado dessa comparação salta à mente como sendo sinônimo de glorificação. E certamente assim o entendeu Nicodemos, pois não pediu explicações a esse respeito, como faria a multidão mais tarde: “E como dizes Tu que o Filho do Homem deve ser levantado?” (Jo 12, 34). Essa nota de glória transparece claramente na voz que veio do céu: “Eu O glorifiquei e O glorificarei novamente” (Jo 12, 28), sobre a qual Jesus comenta: “E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim” (Jo 12, 32). Ou seja, todos os povos, judeus e pagãos, iriam reconhecê-Lo como o Salvador.
Prefigura da Crucifixão
Entretanto, está também figurada a Crucifixão, como ressaltam todos os comentaristas; por exemplo, Santo Agostinho:
“Que significa a serpente levantada? A morte do Senhor na cruz. A morte proveniente da serpente foi representada pela imagem da serpente. A mordedura mortal da serpente representa a morte vital do Senhor. Olha-se para a serpente a fim de que a serpente não mate. Que significa isso? Olha-se para a morte, para o Senhor morto, para que a morte não mate. Mas para a morte de quem? Para a morte da Vida, se assim se pode dizer. (...) Cristo não é a Vida? Todavia, foi suspenso na cruz. (...) Mas a morte foi morta na morte de Cristo, porque a Vida que foi morta matou a morte.
“Assim como os que olhavam para a serpente de bronze não morriam com as mordeduras das serpentes, assim os que olham com fé para a morte de Cristo são curados das mordeduras dos pecados. Mas aqueles eram livres da morte no tocante à vida temporal, enquanto estes têm a vida eterna. Aqui está a diferença entre a figura e a realidade. A figura dava a vida temporal, e a realidade dá a vida eterna” (4).
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