Tríduo Pascal

sexta-feira, 2 de março de 2012

Transfiguração Mt 17, 1-9

Papel das consolações na vida

Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Senhor, que bom é nós estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e outra para Elias.”

Pedro será confirmado em graça somente em Pentecostes; até lá, sua loquacidade lhe confere o mérito da manifestação de fé na divindade de Jesus (cf. Mt 16, 16; Mc 8, 29; Lc 9, 20), ou o demérito da promessa temerária de jamais romper sua fidelidade (cf. Mt 26, 33-35; Mc 14, 29; Lc 22, 33; Jo 13, 37), ou da negação na casa do Sumo Sacerdote  (cf. Mt 26, 69-74; Mc 14, 66-72; Lc 22, 55-60; Jo 18, 25-27). No Tabor, penetrado de desmedida alegria, deseja perpetuar aquela felicidade. Pedro não estava ainda suficientemente instruído pelo Espírito Santo para saber o quanto a Terra não era o ambiente para o gozo permanente. Não tinha noção de quanto as consolações são auxílios passageiros concedidos por Deus para nos estimular em Seu serviço e a sofrer por Ele.

“Eu e o Pai somos um”

Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem resplandecente os envolveu; e saiu da nuvem uma voz que dizia: “Este é o Meu Filho muito amado em Quem pus toda a Minha complacência; ouvi-O”.

Nas Escrituras Sagradas, aparece algumas vezes esta ou aquela nuvem para simbolizar a presença de Deus e Sua teofania. Várias são as passagens do Êxodo em que elas são utilizadas como sinais sensíveis da manifestação divina: “a glória do Senhor apareceu no meio da nuvem” (Ex 16, 10); “e logo que Moisés entrava no tabernáculo da aliança, a coluna de nuvem descia [...] vendo todos que a coluna de nuvem se conservava parada à porta do tabernáculo” (Ex 33, 9-10); etc.


Não resta a menor dúvida de ser do Pai a voz que proclama: “Este é o meu Filho”. E de fato, analisando em profundidade, somente Cristo Jesus preenche todos os requisitos de Filho perfeito. Possui a mesma substância do Pai de maneira tão plenamente cabal que constitui uma só e mesma coisa com Este: “O Pai e eu somos a mesma coisa” (Jo 10, 30). É, portanto, igual ao Pai: “Filipe, quem me vê, vê também a meu Pai” (Jo 14, 9).

Em Suas duas naturezas, Ele é a Palavra que manifesta o Pai: é “o resplendor de sua glória e a figura de sua substância” (Hb 1, 3), enquanto Deus. Por outro lado, também o fez através de Sua humanidade: “Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do meio do Mundo” (Jo 17, 6); “glorifiquei-Te sobre a Terra; acabei a obra que Me deste a fazer” (Jo 17, 4). Além disso, foi de uma insuperável obediência: “Não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22, 42); “o meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou” (Jo 4, 34); “fez-Se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2, 8). Sempre em inteira submissão, imitando-O em tudo: “O Filho não pode por Si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vê fazer o Pai” (Jo 5, 19).

Se bem que sejamos verdadeiros filhos de Deus, como nos assegura o Salmista — “Eu disse: ‘Sois deuses, e todos filhos do Altíssimo’” (Sl 81, 6) —, nós o somos por misericordiosa adoção. O Filho de Deus por natureza é um só: “O Filho de Deus veio e nos deu entendimento e luz para conhecer ao verdadeiro Deus” (1 Jo 5, 20).

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