Continuação dos comentários ao Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum Mc 10,
35-45
A ÚLTIMA SUBIDA A JERUSALÉM
O Divino Redentor está subindo para Jerusalém pela derradeira
vez. Os Apóstolos tentaram dissuadi-Lo, alegando o quanto punha em risco sua
vida (cf. Jo 11, 7-8), devido ao tremendo ódio das autoridades religiosas
contra Ele. Mas o Mestre está decidido. Ficam eles, então, entre a insegurança
do instinto de conservação — pois se interessavam Certamente por Jesus, mas
também temiam pela própria vida — e a confiança naquele poder misterioso
manifestado por Ele em tantas circunstâncias.
De fato, os Apóstolos tinham dificuldade de entender a possibilidade
da morte de Jesus. Imaginavam um Messias de acordo com a inteligência
especulativa deles, com uma perfeicão segundo seus Critérios humanos, que deveria
assumir o governo político da nação. Julgavam que Nosso Senhor não poderia
morrer, pois, mediante os extraordinários poderes com os quais curava e
ressuscitava, tinha meios de viver indefinidamente, e desse modo organizar um
reino terreno sem igual.
Entretanto, as cogitações e as vias do Salvador eram bem
outras, e rumavam em direção oposta. Ao longo do caminho, revelou-lhes com toda
clareza o que iria acontecer: “Eis que estamos subindo para Jerusalém e o Filho
do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles O
condenarão à morte e O entregarão aos pagãos. Vão zombar d’Ele, cuspir n’Ele,
vão torturá-Lo e matá-Lo. E, depois de três dias, Ele ressuscitará” (Mc 10,
33-34). Mais explícito, realmente, Ele não poderia ter sido!
Logo em seguida a esta revelação, parecendo fazer abstração
completa do que acabavam de ouvir, os irmãos Tiago e João formulam a Jesus um
pedido de uma ousadia surpreendente. Observa, a este propósito, Lagrange:
“Parece, pois, que a lição dos sofrimentos ainda não causou séria impressão aos
discípulos; não suspeitam qual a finalidade destes na obra messiânica. Talvez
até julguem que o Mestre Se deixe impressionar por engano. De qualquer modo,
porém, Ele mesmo falou de ressurreição. Todo o resto não passa de um episódio
sobre o qual o pensamento deles desliza para deter-se nessa glória”.5
Um pedido despropositado acolhido
com bondade
“Naquele tempo, Tiago e João,
filhos de Zebedeu, foram a Jesus e Lhe disseram: ‘Mestre, queremos que faças
por nós o que vamos pedir”.
Eles expõem esta demanda a Nosso Senhor com toda confiança e
intimidade, diante dos outros. Dir-se-ia ser um pedido despropositado, feito de
modo pouco educado e de todo inadequado. Portanto, reuniria as condições para
não ser atendido. Surpreendente, porém, será a reação do Divino Mestre.
“Ele perguntou: ‘O que quereis que
Eu vos faça?”.
Embora conhecesse muito bem a intenção deles, o Senhor os
acolhe com bondade, mostrando-Se disposto a atender. Ou seja, até pedidos na
aparência absurdos, Deus os toma combenevolência. Por quê? Porque é tal o seu
desejo de nos facilitar os caminhos para a salvaçãoque, ainda quando nos
comportamos de maneira inconveniente, Ele nos recebe como Pai insuperável.
Continua no próximo post.
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