Tríduo Pascal

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Evangelho I Domingo do Advento- Lc 21, 25-28.34-36


Continuação dos comentários ao Evangelho do 1º Domingo do Advento
Vigilância e oração

36 “Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar  de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.
Bem observam os professores de Salamanca o fato de São Lucas não acompanhar seu relato com parábolas, como fazem os outros sinópticos. Ele traz apenas uma exortação geral. “Em compensação, exprime bem o sentido dessa vigilância constante em pureza de vida e oração”.26
Ficar atento significa estar sempre preparado para o encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, mantendo bem abertos, não apenas os olhos do corpo, mas, sobretudo, os da alma, pois são estes que poderão indicar a proximidade do Senhor. E para isto precisamos viver continuamente em estado de oração, mesmo quando estivermos cumprindo nossas obrigações habituais. Só assim poderemos estar preparados para os grandes acontecimentos anunciados por Jesus e nos apresentar “de pé diante do Filho do Homem”, isto é, íntegros, honestos e virtuosos. Em suma, permanecendo no estado de graça.
Na vida terrena, muito mais importante do que conservar a saúde, o dinheiro ou qualquer outro bem, é manter-se na graça de Deus. Portanto, esforçando-se por jamais ofendê-Lo; mas, se tiver a desgraça de cair no pecado, procurando imediatamente reconciliar-se com Ele, pelo sacramento da Confissão. A isso nos exorta São Gregório Magno: “Emendai-vos, mudai vossos costumes, vencei as tentações e castigai com lágrimas os pecados cometidos, porque algum dia vereis a chegada do eterno Juiz com tanto maior segurança quanto mais tiverdes prevenido pelo temor Sua severidade”.27
 A “terceira vinda”
A Liturgia do Primeiro Domingo do Advento é toda ela penetrada pela perspectiva da comemoração da primeira vinda de Nosso Senhor, com Seu nascimento na gruta em Belém, e pela preparação da segunda, que se dará no fim do mundo para julgar toda a humanidade.
De acordo com São Bernardo de Claraval, porém, são três as vindas de Nosso Senhor: “A primeira, quando Ele veio por Sua Encarnação; a segunda é cotidiana, quando Ele vem a cada um de nós, pela Sua graça; e a terceira, quando virá para julgar o mundo”.28 Em outra passagem, especifica o Doutor Melífluo que o segundo advento de Cristo é oculto e “somente os eleitos o vêem em si mesmos, e com ele salvam suas almas”. Ele está vindo constantemente a nós para ser “nosso repouso e consolo”.29
Assim, a todo instante somos chamados a ter um encontro com Jesus. Será, sobretudo, na Eucaristia. Mas também, por exemplo, ao meditar este Evangelho do Primeiro de Advento, ou escutando uma palavra inspirada de algum ministro de Deus. Por isso, nossa vida deveria em realidade girar em torno de um Natal permanente, que se iniciasse ao acordar pela manhã e não terminasse sequer ao dormir à noite, porque para tudo dependemos da graça de Deus e devemos estar continuamente esperando o auxílio que nos vem dEle.
Fiquemos atentos e aproveitemos esses valiosos convites da graça de modo a estarmos em condições de receber, não com pavor e desespero, mas com júbilo, o justo Juiz que descerá do Céu em toda pompa e majestade e dirá àqueles que nesta terra confiaram em Sua misericórdia e cumpriram Seus Mandamentos: “Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25, 34). Quem tiver sempre em vista esse fim, terá ânimo redobrado para praticar a virtude e comparecer sem temor ao encontro definitivo com Nosso Senhor. 
Preparemo-nos, portanto, porque Ele virá quando menos esperarmos!


1Prefácio do Advento, I.
2Idem.
3BOSSUET. Oeuvres choisies. Versailles: Lebel, 1822, p. 156.
4SAN GREGORIO MAGNO. Obras de San Gregorio Magno. Madrid: BAC, 1958, p. 538.
5DEHAUT, P. Pierre Auguste Teóphile. L’Évangile expliqué, défendu, médité. Paris : Lethielleux, 1868, vol. 4, p. 405.
6GARRIDO, Manuel. Iniciación a la Liturgia de la Iglesia. Palabra, p. 275.
7LANDRIEUX, Mgr. Maurice. Courtes gloses sur les Evangiles du dimanche. Paris: Beauchesne, 1918, p. 2-3.
8THIRIET, P. Julien. Explication des Evangiles du dimanche. Hong-Kong: Société des Missions Étrangères, 1920, p. 2.
9Veja-se também I Ts 5, 2; II Pd 3, 10; Ap 16, 15.
10Cf. SAN JUAN CRISÓSTOMO. Homilias sobre el Evangelio de San Mateo, 76 e 77.
11Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.
12THIRIET, Op. cit., p. 5.
13Idem.
14SAN AGOSTÍN, Carta 199, 41-45. In Comentarios de San Agustín, Valladolid: Estudio Agustiniano, 1986, p. 52-53.
15Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.
16THIRIET, Op. cit., p. 6.
17LANDRIEUX, Op. cit. p. 7
18Apud ODEN, Thomas C.; JUST, Arthur A. La biblia comentada por los Padres de la Iglesia. Madrid: Ciudad Nueva, 2000, p. 431.
19SAN CIPRIANO. Sobre la mortalidad, 2 apud ODENJUST, Op. cit., p. 434.
20Homilías sobre el Levítico, 7, 1-237. Apud ODEN-JUST, Op. cit., p. 434-435.
21Idem.
22Apud ODEN-JUST, Op. cit., p. 432.
23Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.
24Apud idem.
25LANDRIEUX, Op. cit. p. 8-9.
26TUYA, OP, Pe. Manuel de. Biblia comentada. Madrid: BAC, 1964, p. 904.
27SAN GREGORIO MAGNO, Op.cit., p. 541.
28Cf. THIRIET, Op. cit., p. 2.
29SAN BERNARDO DE CLARAVAL. In Obras completas de San Bernardo. Madrid: BAC, 1953, p. 177.

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