Tríduo Pascal

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Evangelho XXXIII Domingo do Tempo Comum Ano B Mc 13, 24-32

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AINDA É TEMPO DE ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO
Este mundo, manchado pelos pecados da humanidade, terá de ser purificado pelo fogo antes mesmo do Juízo Final. Que magnífico espetáculo nos oferece a Liturgia desses três domingos consecutivos! Excelente ocasião para meditarmos em nossos novíssimos, conforme nos aconselha o Eclesiástico: “Memorare novissima tua, et in aeternum non peccabis” — “Lembra-te, homem, dos teus novíssimos, e não pecarás jamais.” (7, 40). Ótima oportunidade para analisarmos nosso comportamento diante das graças recebidas, desde o nosso Batismo até agora. Fomos fiéis a todos os convites feitos pelo Espírito Santo no interior de nossas almas? Se nós, hoje, devêssemos nos apresentar diante do Juízo de Deus, certamente tremeríamos por tantos caprichos e desordens que emperram nosso progresso na vida espiritual.
Felizmente, ainda há oportunidade para bons propósitos e mudança de vida. Este é um dos objetivos da Liturgia de hoje. Não sabemos qual será o dia de nosso Juízo Particular, nem do Juízo Final (10). A morte se avizinha de nós a cada segundo, o pecado ganha terreno em nossos hábitos, nosso coração vai se endurecendo passo a passo e o livro diário de nossa vida vai sendo escrito por Deus sem que um só mínimo ato, pensamento ou desejo seja por Ele negligenciado.
Esse diário minucioso e implacável será objeto do julgamento de cada homem na hora de sua morte, e proclamado para conhecimento de toda a humanidade e dos Anjos no dia do Juízo Final. Resta-nos ainda tempo de misericórdia e de perdão, saibamos humilhar-nos e rogar especiais graças de conversão, para assim apagarmos, pelo arrependimento, os horrores que nos encherão de vergonha naquele dia de ira, calamidade e miséria.
Bem-aventurado o homem que recebeu o dom do temor de Deus”, diz a Sagrada Escritura (Eclo 25, 15). Mais adiante, acrescenta o Eclesiástico: “Se não te atas fortemente ao temor de Deus, pronto será derrubada tua casa” (27, 4). O ano litúrgico é pleno da suavidade, doçura e mansidão de Cristo, mas não devemos menosprezar o temor, especialmente nestes domingos em que são focalizados os fenômenos escatológicos.
Conforme nos ensina o Cardeal J. H. Newman, “o temor e o amor devem ir juntos; continuai temendo, continuai amando até o último dia de vossa vida (...) deveis saber o que significa semear aqui embaixo com lágrimas, se quereis colher com alegria no além” (11).
E Santo Agostinho, em seu sermão sobre a humildade e o temor de Deus, comenta: “Bem-aventurada a alma que teme a Deus, está forte contra as tentações do diabo. Bem-aventurado o homem que persevera no temor (Prov. 28, 14) e a quem foi dado ter sempre diante dos olhos o temor de Deus. Quem teme o Senhor se aparta do mau caminho e dirige seus passos pela senda da virtude. O temor de Deus torna o homem precavido e vigilante para não pecar. Onde não há temor de Deus, reina a vida dissoluta.
 1) Suma Teológica, III, qq. 7 e 59. 2) Suma Teológica, III, qq. 48-49. 3) Ernesto Mura, Il Corpo Mistico di Cristo, Ed. Paoline, Alba, 1949, p. 327. 4) Idem, p. 343. 5) Opúsculo 13, 241. 6) Suma Teológica - Suplemento, q. 73, a.1. 7) Opúsculo 13, 241. 8) Suma Teológica - Suplemento, q. 80, a. 1 9) Opúsculo 13, 157. 10) Cf. Mc 13, 28-33. 11) Sermões Paroquiais, Sermão 24.

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