Tríduo Pascal

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Evangelho 3º Domingo da Quaresma Lc 13, 1-9 Ano C - 2013


Continuação dos comentários ao Evangelho 3º Domingo da Quaresma Lc 13, 1-9  Ano C -  2013

Um segundo caso trazido à tona por Nosso Senhor

4“'E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo’”.

Logo a seguir, Cristo faz referência a outra tragédia recente: o desabamento da torre de Siloé, matando dezoito pessoas que se encontravam em seu interior. Desta vez a desgraça não decorrera de um acontecimento político, mas sim de um episódio fortuito.

Também sobre este caso pairava a suspeita de ter sido um desastre ocorrido para castigo das vítimas, pois, segundo julgavam os judeus daquele tempo, a morte acidental só advinha a quem houvesse ofendido gravemente a Deus. “Uma tal desgraça parecia mostrar a mão da Providência Divina como querendo castigar seus pecados”, comenta Maldonado.

Entretanto, aqui mais uma vez o Divino Mestre os corrige: aqueles dezoito não eram mais pecadores do que os outros judeus. E novamente adverte-os sobre a necessidade de se converterem.

Cumprimento das profecias de Jesus

“No plano de Deus há horas determinadas para a efetivação de castigos ou desgraças coletivas”, precisa o padre Tuya.9 Algumas décadas depois do episódio narrado neste Evangelho, foi Jerusalém sitiada pelas tropas de Tito, e sucumbiram os habitantes da cidade exatamente como esses galileus no Templo, pelas mãos de romanos.

Sublinha, a este propósito, o Cardeal Gomá: “O próprio recinto do Templo, como narra Flávio Josefo, encheu-se de cadáveres durante o cerco de Jerusalém, ‘do mesmo modo’, oferecendo sacrifícios”.

E escreve Didon: “É provável que os sábios de então, os saduceus, cortesãos do poder estrangeiro; os fariseus, que acreditavam no triunfo de Israel, no orgulho cego de sua piedade sem virtude, sorrissem das ameaças do Profeta; o próprio povo sempre mais comovido com o presente do que com o futuro afastado, não parece ter-se impressionado com elas.

“A profecia todavia não tardou em verificar-se: quarenta anos mais tarde, os soldados de Tito degolavam no Templo os últimos partidários exasperados da independência nacional; e as casas de Jerusalém, incendiadas, desabavam, como a torre de Siloé, sobre os habitantes da cidade impenitente.

“Este futuro terrível para o qual a nação se precipita, não deixa mais o pensamento do Profeta; comove-O e entristece-O mais do que a sua própria morte; quereria preveni-lo, abalando as consciências e abrindo-as à voz de Deus. Se compreendessem o dever do momento, renunciariam aos sonhos terrestres que as enganam, acolheriam a Boa-Nova do Reino, de Israel transformado, deixando os romanos prosseguir na sua obra, tornar-se-ia o verdadeiro povo espiritual de Deus. Nunca destino mais sublime foi oferecido a uma nação; nunca se deu exemplo de mais incurável cegueira. Jesus em vão procurava desenganá-la”.

Assim, no ano 70, segundo muitos comentaristas, se cumpriram ambas as profecias incluídas no Evangelho de hoje. O historiador judeu Flávio Josefo, testemunha ocular daqueles acontecimentos, relata cenas dramáticas, como a de uma mãe que, movida pela fome e pelo desespero, assou ao forno o próprio filho, para comê-lo.

Continua no próximo post

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