Continuação dos comentários ao Evangelho 3º Domingo da Quaresma Lc 13, 1-9 Ano C - 2013
Um segundo caso trazido à tona por Nosso Senhor
4“'E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé
caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros
moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo’”.
Logo a seguir, Cristo faz referência a outra tragédia
recente: o desabamento da torre de Siloé, matando dezoito pessoas que se
encontravam em seu interior. Desta vez a desgraça não decorrera de um
acontecimento político, mas sim de um episódio fortuito.
Também sobre este caso pairava a suspeita de ter sido um
desastre ocorrido para castigo das vítimas, pois, segundo julgavam os judeus
daquele tempo, a morte acidental só advinha a quem houvesse ofendido gravemente
a Deus. “Uma tal desgraça parecia mostrar a mão da Providência Divina como
querendo castigar seus pecados”, comenta Maldonado.
Entretanto, aqui mais uma vez o Divino Mestre os corrige:
aqueles dezoito não eram mais pecadores do que os outros judeus. E novamente
adverte-os sobre a necessidade de se converterem.
Cumprimento das profecias de Jesus
“No plano de Deus há horas determinadas para a efetivação de
castigos ou desgraças coletivas”, precisa o padre Tuya.9 Algumas décadas depois
do episódio narrado neste Evangelho, foi Jerusalém sitiada pelas tropas de
Tito, e sucumbiram os habitantes da cidade exatamente como esses galileus no
Templo, pelas mãos de romanos.
Sublinha, a este propósito, o Cardeal Gomá: “O próprio
recinto do Templo, como narra Flávio Josefo, encheu-se de cadáveres durante o
cerco de Jerusalém, ‘do mesmo modo’, oferecendo sacrifícios”.
E escreve Didon: “É provável que os sábios de então, os
saduceus, cortesãos do poder estrangeiro; os fariseus, que acreditavam no
triunfo de Israel, no orgulho cego de sua piedade sem virtude, sorrissem das
ameaças do Profeta; o próprio povo sempre mais comovido com o presente do que
com o futuro afastado, não parece ter-se impressionado com elas.
“A profecia todavia não tardou em verificar-se: quarenta
anos mais tarde, os soldados de Tito degolavam no Templo os últimos partidários
exasperados da independência nacional; e as casas de Jerusalém, incendiadas,
desabavam, como a torre de Siloé, sobre os habitantes da cidade impenitente.
“Este futuro terrível para o qual a nação se precipita, não
deixa mais o pensamento do Profeta; comove-O e entristece-O mais do que a sua
própria morte; quereria preveni-lo, abalando as consciências e abrindo-as à voz
de Deus. Se compreendessem o dever do momento, renunciariam aos sonhos
terrestres que as enganam, acolheriam a Boa-Nova do Reino, de Israel
transformado, deixando os romanos prosseguir na sua obra, tornar-se-ia o
verdadeiro povo espiritual de Deus. Nunca destino mais sublime foi oferecido a
uma nação; nunca se deu exemplo de mais incurável cegueira. Jesus em vão
procurava desenganá-la”.
Assim, no ano 70, segundo muitos comentaristas, se cumpriram
ambas as profecias incluídas no Evangelho de hoje. O historiador judeu Flávio
Josefo, testemunha ocular daqueles acontecimentos, relata cenas dramáticas,
como a de uma mãe que, movida pela fome e pelo desespero, assou ao forno o
próprio filho, para comê-lo.
Continua no próximo post
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