CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO VI DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C – 2013 Jo 14, 23-29
“... e meu Pai o amará ...”
Entretanto,
esse amor a Jesus não confere a quem o possui somente a fidelidade aos divinos
ensinamentos. Dele se origina um fruto muito mais precioso: “e meu Pai o
amará”.
Se
o amor a Deus nos traz tão grande benefício, que se poderá dizer do fato de ser
alguém objeto de seu amor? São Tomás explica-nos, como sempre com magistral
lucidez, quão grande é a capacidade de difusão do bem, por sua própria natureza
(3). Quanto maior é a perfeição, mais tende ela a comunicar-se plenamente.
Desde os seres mais simples, como os minerais, até o sobrenatural, há uma
verdadeira sinfonia do dar-se em toda a ordem da criação.
Correm
caudalosos os rios em busca dos oceanos, fertilizando a terra por onde passam.
E tanto as águas doces dos lagos e rios, quanto as salgadas do mar, fornecem ao
homem alimento em profusão. O sol não cessa de fazer incidir seus calorosos e
essenciais raios sobre todo o orbe, dando brilho e vitalidade a tudo quanto
diante dele se apresenta. Os vegetais com suas substâncias, folhas, flores e
frutos, embelezam os panoramas, perfumam os bosques e jardins, oferecem-nos seu
oxigênio e nos agradam com seus sabores. As laboriosas abelhas produzem seu mel
para alimento e alegria dos homens. Os animais se multiplicam e tornam
aprazíveis nossas refeições e nossos entretenimentos. E a nota predominante
dessa grande sinfonia é sempre a superabundância.
No
plano da humanidade, o grau de comunicatividade do bem é ainda maior. Os
pensadores, ou os artistas, desejam invariavelmente dar amplo conhecimento de
tudo que surge de suas mentes ou de suas mãos. Uma alma, quanto mais se eleva
nas vias da virtude, mais cresce no empenho em fazer bem aos outros.
Ora,
Deus é o Bem por excelência, o Bem substancial, e por isso convém a Ele o
comunicar-Se às criaturas em grau também excelente e pleno (4). Eis o mais
elevado aspecto do mistério da Encarnação, ou seja, em Jesus, sua privilegiada
e santíssima alma e seu sagrado corpo constituem uma só Pessoa com o Verbo
Eterno. N’Ele estão as propriedades humanas e toda a essência divina. N’Ele, o
amor do Pai chegou aos limites infinitos. E, através da fé, colocou ao alcance
dos homens a plenitude do Bem, que é o próprio Deus, conforme os ensinamentos
de Jesus a Nicodemos: “De fato, Aquele a Quem Deus enviou fala palavras de
Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida. O pai ama o Filho e pôs todas
as coisas em sua mão. Quem acredita no Filho tem a vida eterna” (Jo 3, 34-36). Mais
tarde Jesus acrescentará: “A vontade de meu Pai que me enviou é que todo o que
vê o Filho e crê n’Ele, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último
dia” (Jo 6, 40).
E
logo após Jesus, na ordem do ser, e juntamente com Ele no plano divino e eterno
da criação, encontra-se no mais alto grau de santidade, enquanto objeto desse
amor eficaz de Deus, a Virgem Maria.
Ela foi eleita para ser a Mãe do Verbo Encarnado, por estar penetrada do mais
excelente amor a Deus na ordem das puras criaturas e por ser a mais amada pela
Trindade Divina.
Continua no próximo post.
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