Continuação dos comentários ao Evangelho 21º Domingo do Tempo Comum - Lc 13, 22-30– Ano C - 2013
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26 Então começareis a
dizer: Comemos e bebemos em tua presença, tu ensinaste nas nossas praças.
É bem verdade. Quantas vezes nós nos aproximamos da mesa da
Comunhão e nos beneficiamos dos demais Sacramentos, ouvimos boas pregações
sobre o Evangelho, além dos conselhos em particular, no seio da Igreja fundada
pelo Redentor. Porém, que proveito tiramos de todos esses privilégios? Eles nos
são dados para melhor cumprirmos os Mandamentos. Insensatos são aqueles que se
entregam a uma vida de pecado até a hora da morte, arriscando- se a ouvir dos
lábios de Jesus a sentença irrevogável de eterna reprovação. Só então
entenderão as palavras do Divino Mestre: “Pois,
que aproveitará a um homem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma?”
(Mt 16, 26).
27 Ele vos dirá: Não sei
donde sois; afastai-vos de mim vós todos os que praticais a iniquidade.
Esta resposta contém duas afirmações:
1. “Não sei donde sois...”Não devemos imaginar que somente
serão objeto da rejeição de Jesus os não-batizados. Também a nós, batizados,
poderá ser ela aplicada se não cumprirmos nossos deveres. Neste caso, Jesus se
dirigirá a nós de maneira ainda mais explícita: “Eu vos arranquei das trevas do
pecado e vos redimi às custas de meu próprio sangue, elevando-vos à dignidade
de filhos da Igreja. Mas vós quisestes as vias do orgulho e, seguindo o
conselho de Satanás, obedecer à lei do mundo e entregar-vos às paixões. Não
ouvistes a voz da graça e a de meus Ministros”...
2. “... afastai-vos de mim vós todos que praticais a iniquidade”.
Ser repelido por Deus é o mais terrível dos tormentos eternos, segundo nos
ensina a Teologia. Nós somos criados com vistas à felicidade eterna, ou seja, a
conhecer a Deus face a face e amá-Lo como Ele mesmo se ama – sempre guardadas
as devidas proporções. Nossa alma tem sede desse convívio com Deus e só n’Ele
repousaremos. Ora, o vermo-nos expulsos por Aquele que é a única Causa de nossa
alegria, significaria para nós um tormento sem comparação. Que terrível
palavra: “Afastai-vos de mim...”
Porta do céu
28 Ali haverá choro e
ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob, e todos os profetas no
Reino de Deus, e vós serdes expulsos para fora.
Devido à nossa sensibilidade física reforçada pelo instinto
de conservação, somos levados a julgar o fogo do Inferno o pior dos tormentos.
Na realidade, possui ele uma intensidade fortíssima, a ponto de tornar
desprezível qualquer forno de alta combustão na face da terra e, portanto, sua
capacidade de infligir sofrimentos é incalculável. Porém, a maior dor se
encontra apontada nas últimas palavras do versículo 28: “... serdes expulsos para fora”.
Que o Inferno existe, as Escrituras e o Infalível Magistério
da Igreja proclamam como verdade revelada.
A Teologia busca razões claras para ajudar-nos na aceitação
fácil desse indispensável dogma de Fé, como explica Pablo Buyse, em sua obra
Dios, el alma y la religión: “Focalizemos, por exemplo, o seguinte caso, por
desgraça muito frequente na vida passional. Um homem pretende seduzir uma
angelical jovem. Ao resistir esta, profere uma ameaça. Em vão. A lâmina de um
punhal ameaça o peito da jovem. Não cede apesar de tudo. O grito de raiva do
malévolo se confunde com o grito de dor da vítima, que cai agonizante. O
sedutor, desesperado, crava em seu próprio peito o punhal banhado ainda no
sangue de sua vítima. Vede aí, um ao lado do outro, dois cadáveres: o do
verdugo e o de uma mártir. Pode Deus confundi-los num mesmo destino? Não, mil
vezes não. É preciso que esse criminoso seja castigado na outra vida e se
premie para sempre essa virtude”
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