Tríduo Pascal

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Evangelho XXIII Domingo do Tempo Comum - Ano C - 2013 - Lc 14, 25-33

Comentários ao Evangelho XXIII Domingo do Tempo Comum - Ano C - 2013 - Lc 14, 25-33
 “Naquele tempo, 25 grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-Se, Ele lhes disse: 26 ‘Se alguém vem a Mim, mas não se desapega de seu pai e de sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de Mim, não pode ser Meu discípulo. 28 Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário 29 ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30 ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31 Ou ainda: Qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32 Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser Meu discípulo!’” (Lc 14, 25-33).
 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser Meu discípulo!’” Lc 14, 33
Amarras e lastros na vida espiritual
Em junho de 1783, os irmãos Joseph-Michel e Jacques-Étienne Montgolfier, filhos de um fabricante de papel de Lyon, conseguiram fazer voar, perante os assombrados olhos dos seus conterrâneos, um grande balão feito de linho, com 32 metros de circunferência. Cheio de ar quente fornecido pela combustão de palha seca, a aparatosa invenção elevou-se várias centenas de metros acima do solo e percorreu em dez minutos uma distância de dois a três quilômetros. Três meses depois, repetiram com êxito sua experiência no Parque de Versalhes, diante de Luís XVI, Maria Antonieta e toda a corte da França.
Desde então, foi muito aperfeiçoada a técnica de fabricação dos aeróstatos, mas o princípio de seu funcionamento — baseado numa das mais elementares leis da Física — continua inalterado: sendo mais leve, o ar quente tende a subir. Enquanto está sendo enchido de ar, o balão fica preso ao solo por amarras. Em certo momento, são elas soltas e o engenho inicia sua ascensão, sendo então preciso ir liberando lastros gradativamente para ele poder atingir uma altura maior.
Esta é uma bela imagem da elevação das almas a Deus. “Aquecidas” pela prática das virtudes, especialmente da caridade, iniciam elas a subida espiritual e começam a “voar”. Costuma haver, porém, em consequência do pecado, amarras que as prendem à terra e lastros que dificultam seu itinerário rumo à perfeição. É imperioso, portanto, cortar aquelas e alijar estes, para o espírito humano poder elevar-se ao transcendente e ao eterno. À semelhança de nosso corpo, padecem as almas dos danosos efeitos de uma espécie de lei da gravidade espiritual por onde nos sentimos atraídos para o mais baixo, o mais trivial, o que nos exige menos esforço.
Até para as pessoas consagradas existem amarras e lastros, por vezes mais difíceis de soltar do que os dos simples fiéis. Se os religiosos não corresponderem ao convite da graça para viver num patamar mais elevado, poderão sentir uma como que vertigem por onde tenderão a se apegar com especial veemência ao que é terreno.
Para ajudar a vencer esses entraves nas instituições religiosas, tem o Espírito Santo suscitado, ao longo dos tempos, as mais diversas formas de espiritualidade que intensificam o desapego dos bens passageiros. Algumas nos causam espanto por sua radicalidade. Por exemplo, a Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos vive de esmolas, como tantas outras, mas seus membros não podem pedi-las: devem esperar que elas lhes sejam oferecidas espontaneamente!1
Em vista dessa nossa má tendência, Cristo nos ensina serem indispensáveis a renúncia e a abnegação, para sermos verdadeiros discípulos Seus.
Odiar o pai e a mãe?
“Naquele tempo, 25 grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-Se, Ele lhes disse:”.
No início de Sua pregação, apenas alguns iam atrás do Divino Mestre, mas, em pouco tempo, o número dos Seus seguidores foi crescendo até formar um público considerável. A esta altura do Evangelho de São Lucas, quando Ele Se encaminha pela última vez a Jerusalém, já se pode dizer que “grandes multidões acompanhavam Jesus”.
Entretanto, nem todos poderiam ser chamados propriamente Seus discípulos. Como sublinha o Cardeal Gomá, aquelas multidões seguiam Nosso Senhor “movidas talvez por pensamentos demasiado humanos, pressagiando quiçá a glória temporal do Reino Messiânico”.2
Foi esse o motivo que levou Jesus a voltar-Se para eles a fim de ensinar-lhes — e também a nós — o verdadeiro significado do Reino dos Céus e as condições para alcançá-lo.
Jesus deve ser amado com um amor perfeitíssimo

26 “Se alguém vem a Mim, mas não se desapega de seu pai e de sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até da sua própria vida, não pode ser Meu discípulo”.
Continua no próximo post

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