O Tempo do Advento
compõe-se de quatro semanas, representando os séculos e milênios que esperou a
humanidade pela vinda do Redentor. Nesse período, tudo na Liturgia se reveste
de austeridade — omite-se o Glória, os paramentos são roxos e as flores não
enfeitam mais o interior dos templos — para lembrar “nossa condição de peregrinos,
ancorados ainda na esperança”, como afirma o famoso liturgista Manuel Garrido.
Com sabedoria divina e
usando de insuperável arte, neste mês de novembro, a Igreja termina um ciclo
litúrgico e dá início a outro. Por que usa a Igreja de um método, à primeira
vista, repetitivo, sendo seu tesouro insuperavelmente amplo e variado? Qualquer
um a quem ocorrer esta pergunta logo perceberá provir ela de uma impressão
superficial e errônea. Em realidade, a Encarnação e o Nascimento do Salvador
tomam cores mais ricas ao serem focalizados na perspectiva do retorno de Cristo
no fim do mundo, pois todos esses acontecimentos referem-se a um mesmo Ser
e têm, portanto, profundas analogias entre si. O Natal e o Juízo Final
constituem os extremos opostos de um só e imenso arco. Na Manjedoura,
encontramos o Menino “que há de vir
julgar os vivos e os mortos” (2 Tm 4, 1). No Vale de Josafá, veremos o
próprio Inocente nascido na Gruta de Belém “voltar
sobre as nuvens com grande poder e glória” (Mc 13, 26). Ao surgir, Jesus
dividiu a História em duas eras e, em seu retorno, finalizará o tempo e abrirá
as portas da eternidade: “Revestido de Sua glória, Ele virá uma segunda vez
para conceder-nos em plenitude os bens prometidos, que hoje, vigilantes, esperamos”.
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