Continuação dos comentários ao Evangelho – 4º Domingo do Advento - Ano A – 2013 – Mt 1, 18-24
21a “Ela dará à luz um filho, e tu lhe
darás o nome de Jesus,...”.
Logo
depois de revelar-lhe a miraculosa maternidade de Maria, o anjo dirige-se a São
José como verdadeiro chefe da família, a quem compete dar o nome à criança.
Trata-se do reconhecimento de sua participação no magno acontecimento da
Encarnação: apesar de não haver contribuído em nada fisicamente para aquela
concepção, e embora sendo inferior a Jesus e Maria no plano sobrenatural, é-lhe
reconhecido o direito, como esposo, sobre o fruto das entranhas de sua mulher.
Cumpre-se a profecia de
Isaías
21b “... pois Ele vai salvar o seu povo dos
seus pecados”.
As
primeiras palavras do anjo haviam salientado o acerto da atitude heroicamente
virtuosa de São José quando, considerando estar diante de uma manifestação
sobrenatural cujo significado ele não alcançava, decidiu guardar silêncio e
confiar na Providência Divina.
Mas,
aqui, a realidade surge mais grandiosa do que ele poderia ter imaginado. O
Menino “vai salvar o seu povo dos seus pecados”, disse-lhe o anjo. Ora, isto só
é possível a Alguém divino. Deixa assim patente o mensageiro celeste que o
filho por nascer de Maria era não só Filho do Altíssimo, mas também Deus Ele
próprio.
Com
base simplesmente nas profecias do Antigo Testamento, ninguém poderia afirmar
que o Messias, o Justo, seria o próprio Criador! Pois a Encarnação do Verbo, a
Redenção e a participação do homem na natureza divina, pela graça, são verdades
inacessíveis à mente humana pelo mero concurso da razão.
Ademais,
ao dizer “vai salvar o povo dos seus pecados”, aponta bem o anjo a diferença
entre a missão sobrenatural do Messias e a ilusão mundana, nutrida pelos
fariseus, de uma libertação do jugo dos romanos e de uma supremacia temporal do
Povo Eleito. “O meu Reino não é deste mundo”, dirá mais tarde Nosso Senhor (Jo
18, 36).
22 “Tudo isso aconteceu para se cumprir o
que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 ‘Eis que a virgem conceberá e dará à
luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, o que significa: Deus está
conosco’”.
As
palavras do anjo a São José haviam confirmado de modo irretorquível estar se
cumprindo naquele momento a profecia feita por Isaías ao rei Acaz, a qual se
encontra na Primeira Leitura da liturgia deste domingo: “Eis que uma virgem
conceberá e dará à luz um filho...” (Is 7, 14). O que fora incompreensível para
Acaz por causa da sua dureza de coração, o Esposo de Maria compreendeu
inteiramente graças à sua robusta e humilde fé.
A obediência exímia de
São José
24 “Quando acordou, José fez conforme o
anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa”.
Bem
podemos imaginar que, vencida a provação, ao acordar de manhã foi São José logo
adorar a Jesus Cristo no seu primeiro e mais santo Sacrário: Maria Santíssima.
Deus tinha Se encarnado e ali estava, sob sua guarda! Ele já não mais poderia
olhar para Nossa Senhora sem adorar o Deus-Menino entronizado naquele incomparável
Tabernáculo.
É
de supor-se que, sem dizer palavra alguma, ele tenha se ajoelhado diante de
Nossa Senhora. Ela teria discernido, por esse ato de seu esposo, que Deus lhe
comunicara a grande nova, e deve ter dado graças ao Senhor.
Sem
dúvida São José, depois de atravessar, com admirável paz de alma, uma terrível
e lancinante provação, teve esse momento gloriosíssimo da adoração ao Menino
Jesus vivendo em Maria.
Continua...
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