CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS
AO EVANGELHO DA SOLENIDADE DE CRISTO REI CRISTO REI - Lc 23, 35-43 ANO C - 2013
SE
CRISTO É REI, MARIA É RAINHA
Se
Cristo é Rei por ser Homem-Deus e recebeu o poder sobre toda a
Criação no momento em que foi engendrado, daí se deduz ter sido
realizada no puríssimo claustro maternal de Maria Virgem a excelsa
cerimônia da unção régia que elevou Cristo ao trono de Rei
natural de toda a humanidade. O Verbo assumiu de Maria Santíssima
nossa humanidade, e assim adquiriu a condição jurídica necessária
para ser chamado Rei, com toda a propriedade. Foi também nesse mesmo
ato que Nossa Senhora passou a ser Rainha. Uma só solenidade nos
trouxe um Rei e uma Rainha.
CONCLUSÃO
Agora
sim, estamos aptos a entender e amar a fundo o significado do
Evangelho de hoje. A resposta ao povo e aos príncipes dos sacerdotes
que escarneciam contra Jesus: “Salvou
os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus”
(v. 35), como também aos próprios soldados romanos em seus
insultos: “Se
és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo”
(v. 37), transparece claramente nas premissas até aqui expostas.
Eles
eram homens sem fé e desprovidos do amor a Deus, julgando os
acontecimentos em função de seu egoísmo e por isso levados a se
esquecerem de sua contingência. Cegos de Deus, já há muito
afastados de sua inocência primeva, perderam a capacidade de
discernir a verdadeira realidade existente por trás e por cima das
aparências de derrota que revestiam o Rei eterno transpassado de dor
sobre o madeiro, desprezado até pelas blasfêmias de um mau ladrão.
Não mais se lembram dos portentosos milagres por Ele operados, nem
sequer de suas palavras: “Julgas porventura que Eu não posso rogar
a meu Pai e que poria já ao meu dispor mais de doze legiões de
anjos?” (Mt 26, 53). Sim, se fosse de sua vontade, numa fração de
segundo poderia reverter gloriosamente aquela situação e manifestar
a onipotência de sua realeza, mas não o quis, como o fez em outras
ocasiões: “Jesus,
sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-se de
novo, Ele só, para o monte”
(Jo 6, 15).
Quem
discerniu em sua substância a Realeza de Cristo foi o bom ladrão,
por se ter deixado penetrar pela graça. Arrependido em extremo,
aceitou compungido as penas que lhe eram infligidas, e reconhecendo a
Inocência de Jesus no mais fundo de seu coração, proclamou os
segredos de sua consciência para defendê-La das blasfêmias de
todos: “Nem
tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? Quanto a nós se fez
justiça, porque recebemos o castigo que mereciam nossas ações, mas
Este não fez nenhum mal”
(vv. 40-41). Eis a verdadeira retidão. Primeiro, humildemente ter
dor dos pecados cometidos; em seguida, com resignação abraçar o
castigo respectivo; por fim, vencendo o respeito humano, ostentar bem
alto a bandeira de Cristo Rei e aí suplicar-Lhe: “Senhor,
lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino!”
(v.
42)
Tenhamos
sempre bem presente que só pelos méritos infinitos da Paixão de
Cristo e auxiliados pela poderosa mediação da Santíssima Virgem
nos tornaremos dignos de entrar no Reino.
Seguindo
os passos da conversão final do bom ladrão, poderemos esperar com
confiança ouvir um dia a voz de Cristo Rei dizendo também a nós:
“Em
verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso” (v.
43).
1 )
cf. Hb 1, 2-5.
2 )
Enarrat. in Ps. 5 n. 3: PL 37, 83