CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS
AO EVANGELHO DA SOLENIDADE DE CRISTO REI CRISTO REI - Lc 23, 35-43 ANO C - 2013
Rei
do interior dos homens e de todas as exterioridades
Não
houve, nem jamais haverá um só monarca dotado da capacidade de
governar o interior dos homens, além de bem conduzi-los na harmonia
de suas relações sociais, seus empreendimentos, etc. O único Rei
pleníssimo de todos os poderes é Cristo Jesus.
Exteriormente,
pelo seu insuperável e arrebatador exemplo — além de suas
máximas, revelações e conselhos — Ele governa os povos de todos
os tempos, tendo marcado profundamente a História com sua Vida,
Paixão, Morte e Ressurreição. Por meio do Evangelho e sobretudo ao
erigir a Santa Igreja, Mestra infalível da verdade teológica e
moral, Jesus perpetua até o fim dos tempos o imorredouro tesouro
doutrinário da fé. Através dessa magna instituição Ele orienta,
ampara e santifica todos os que nela ingressam, e vai em busca das
ovelhas desgarradas. Aqui precisamente se encontra o principal de seu
governo neste mundo: o Reino Sobrenatural que é realizado, na sua
essência, através da graça e da santidade.
Nosso
Senhor Jesus Cristo enquanto a “videira verdadeira” é a causa da
vitalidade dos ramos. A seiva que por eles circula, alimentando
flores e frutos, tem sua origem n’Aquele Unigênito do Pai (Jo 15,
1-8). Ele é a Luz do Mundo (Jo 1, 9; 3, 19; 8, 12; 9, 5) para
auxiliar e dar vida aos que dela quiserem se servir para evitar as
trevas eternas. Jesus — segundo a leitura de hoje — é “a
cabeça do corpo que é a Igreja, é o Princípio, o Primogênito
entre os mortos, de maneira que tem a primazia em todas as coisas,
porque foi do agrado do Pai que residisse n’Ele toda a plenitude e
que por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, pacificando
pelo Sangue da sua Cruz, tanto as coisas da terra, como as do Céu”
(Col 1, 18-20).
O
Reinado de Cristo, em nosso interior, se estabelece pela participação
na vida de Jesus Cristo. Só no Homem-Deus se encontra a plenitude da
graça, enquanto essência, virtude, excelência e extensão de todos
os seus efeitos. Os outros membros do Corpo Místico participam das
graças que têm sua origem em Jesus, a cabeça que vivifica todo o
organismo. Quem de maneira privilegiadíssima tem parte em grau de
plenitude nessa mesma graça, é a Santíssima Virgem.
Dada
a desordem estabelecida em nós após o pecado original, acrescida
pelas nossas faltas atuais, nossa natureza necessita do auxílio
sobrenatural para atingir a perfeição. Sem o sopro da graça, é
impossível aceitar a Lei, obedecer aos preceitos morais, não
elaborar razões falsas para justificar nossas más inclinações e
conhecer, amar e praticar a boa doutrina de forma estável e
progressiva. Ela refreia nossas paixões e as equilibra nos gonzos da
santidade, orienta nosso espírito, modera nossa língua, tempera
nosso apetite, purifica nosso olhar, gestos e costumes. É através
da graça que nossa alma se transforma num verdadeiro trono e, ao
mesmo tempo, cetro de Nosso Senhor Jesus Cristo. E é nessa paz e
harmonia que se encontra nossa autêntica felicidade, e esse é o
Reino de Cristo em nosso interior.
E
qual o principal adversário contra esse Reino de Cristo sobre as
almas? O pecado! Por isso mesmo, se alguém tem a desgraça de o
cometer, nada fará de melhor do que procurar um confessionário e
com arrependimento ali declará-lo a fim de ver-se livre da inimizade
de Deus. É impossível gozar de alegria com a consciência
atravessada pelo aguilhão de uma culpa. Nessa consciência não
reinará Cristo; e se ela não se reconciliar com Deus, aqui na
terra, tampouco reinará com Ele na glória eterna.
A
IGREJA, MANIFESTAÇÃO SUPREMA DO REINADO DE CRISTO
O
júbilo e às vezes até mesmo a emoção, penetram nossos corações
ao contemplarmos estas inflamadas palavras de São Paulo: “Cristo
amou a Igreja e Se entregou a Si mesmo por ela, para a santificar,
purificando-a no batismo da água pela Palavra, para apresentar a Si
mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga ou coisa
semelhante, mas santa e imaculada”
(Ef 5, 25-27).
Porém,
ao analisarmos a Igreja militante, na qual hoje vivemos, com muita
dor encontramos imperfeições — ou, pior ainda, faltas veniais —
nos mais justos, conferindo opacidade a essa glória mencionada por
São Paulo. Entre as ardentes chamas do Purgatório, está a Igreja
padecente, purificando-se de suas manchas. Até mesmo a triunfante
possui suas lacunas, pois, exceção feita da Santíssima Virgem, as
almas dos bem-aventurados foram para o Céu deixando seus corpos em
estado de corrupção nesta terra, onde aguardam o grande dia da
Ressurreição.
Portanto,
a “Igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e
imaculada”,
manifestação suprema da Realeza de Cristo, ainda não atingiu sua
plenitude.
E
quando definitivamente triunfará Cristo Rei? Só mesmo depois de
derrotado seu último inimigo, ou seja, a morte! Pela desobediência
de Adão, introduziram-se no mundo o pecado e a morte. Pelo seu
Preciosíssimo Sangue Redentor, Cristo infunde nas almas sua graça
divina e aí já se dá o triunfo sobre o pecado. Mas a morte será
rendida com a Ressurreição no fim do mundo, conforme o próprio São
Paulo nos ensina:
“Porque
é necessário que Ele reine, ‘até que ponha todos os inimigos
debaixo de seus pés’. Ora, o último inimigo a ser destruído será
a morte; porque Deus ‘todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés’
” (I Cor 15, 25- 26).
Cristo
Rei, por força da Ressurreição que por Ele será operada,
arrancará das garras da morte a humanidade inteira, como também
iluminará os que purgam nas regiões sombrias. Ao retomarem seus
respectivos corpos, as almas bem-aventuradas farão com que eles
possuam sua glória; e assim, serão também os eleitos outros reis
cheios de amor e gratidão ao Grande Rei. Apresentar-se-á o Filho do
Homem em pompa e majestade ao Pai, acompanhado de um numeroso séquito
de reis e rainhas, tendo escrito em seu manto: “Rei dos reis e
Senhor dos senhores” (Apoc 19, 16)
Continua no próximo post.
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