Continuação dos comentários ao Evangelho 6º Domingo do Tempo Comum – Ano A – 2014
JESUS CONDENA A MORAL FARISAICA
Nos
versículos seguintes, Nosso Senhor utiliza várias vezes as expressões “Vós
ouvistes...” e “Eu vos digo...” para confrontar a moral de exterioridades,
praticada pelos fariseus, com a verdadeira moral. Cristo, Ele mesmo, é a
Palavra eterna, posta aqui em contraposição à palavra dos fariseus. A Lei
antiga e imutável vai ser levada agora até as últimas consequências,
denunciando as interpretações errôneas daqueles que se apresentavam diante do
povo como “mestres” infalíveis.
Participação no pecado de
homicídio
21 “Vós ouvistes o que foi dito aos
antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém,
vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem
disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o
irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando tu
estiveres levando a tua oferta para o altar, e aí te lembrares que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, 24 deixa a tua oferta aí diante do altar, e vai
primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta”.
Os
fariseus consideravam o homicídio um pecado gravíssimo, mas não reputavam ser
falta moral encolerizar-se com o irmão, ou dizer-lhe toda espécie de desaforos.
Nosso
Senhor mostra-lhes que quem assim procede também será réu no dia do Juízo,
pois, ao se deixar levar deste modo pelo ódio, ele já encetou as vias
conducentes ao homicídio, participando em certa medida desse crime e merecendo
por isso análogo castigo.
Mais
ainda. Com sua palavra e exemplo, ensinou Jesus que na Nova Aliança o
relacionamento entre os homens deve, pelo contrário, pautar-se pelo respeito,
consideração e estima de forma a não dar ocasião a qualquer queixa recíproca.
Preparemo-nos para o dia do Juízo
25 “Procura reconciliar-te com teu
adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te
entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado
na prisão.
26 Em verdade Eu te digo: dali não sairás,
enquanto não pagares o último centavo”.
O
“adversário” de que fala Nosso Senhor neste versículo simboliza, sob certo
prisma, Ele mesmo: o Bem substancial do qual nos tornamos inimigos ao pecar.17
O mais necessário e urgente, portanto, é procurar primeiro nos reconciliar com
Ele, reconhecendo as nossas faltas, pedindo perdão por elas e fazendo firme
propósito de doravante não nos desviarmos das retas vias do Redentor. Pois,
cedo ou tarde, terminará nossa peregrinação terrena e compareceremos diante do
Supremo Juiz, que pronunciará uma sentença justíssima e inapelável. Se nesse
dia nosso divino Adversário ainda tiver algo a declarar contra nós, a dívida
será saldada, na melhor das hipóteses, no fogo do Purgatório, do qual não se
sai sem pagar até o último centavo.
Trata-se,
portanto, de agir com total integridade no caminho rumo ao derradeiro
julgamento. De nada valerão racionalizações com as quais burlamos nossa
consciência, porque jamais será possível ludibriar a Deus. Ele está dentro de
nós e nós estamos dentro d’Ele. Tudo se faz em sua presença, e todos os nossos
atos virão à tona no dia do Juízo Final para serem conhecidos pela humanidade e
pelos anjos.
Vigilância e fuga das ocasiões
27 “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás
adultério’. 28 Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com
o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.
29 Se o teu olho direito é para ti ocasião
de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de
teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30 Se a tua mão
direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De
fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o
inferno”.
A Lei
de Moisés condenava o adultério e castigava-o com a morte (cf. Lv 20, 10). Mas
a moral farisaica, fundada em ritos e exterioridades, em nada se importava com
a lascívia dos olhares ou dos maus desejos.
“Todo
aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu
adultério com ela no seu coração”: refere-Se aqui Nosso Senhor ao nono
Mandamento do Decálogo, o qual condena também o pecado interior: “Não cobiçaras
a mulher do teu próximo” (Dt 5,21).
Logo a
seguir, o Divino Mestre frisa a radicalidade com que devem ser praticados os
Mandamentos, exortando-nos a levar até os últimos extremos o princípio da fuga
das ocasiões de pecado. “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mt 26,
41), dirá Ele no Horto das Oliveiras. A oração é indispensável, mas não
suficiente: é também necessário vigiar e afastar-se completamente daquilo que
conduz ao pecado, sobretudo em matéria de castidade.
Continua no próximo post
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