Conclusão dos comentários ao Evangelho – 19º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 14, 22-33
III – O invencível auxílio de Jesus
Ao dar de comer
àquela multidão, com base em tão diminuto número de pães e peixes, demonstrou
Jesus seu poder sobre o alimento, fato, aliás, já comprovado nas bodas de Caná.
Descendo do monte, após ter passado a noite em oração, mostrou seu domínio
sobre as águas, os ventos e as ondas em agitação. E ao servir-Se desses
elementos para deslocar-Se ao encalço dos Seus discípulos, manifestou também o
quanto Sua onipotência se aplica ao Seu Sagrado Corpo. A sensibilidade de Suas
testemunhas estava, assim, preparada para a revelação sobre a Eucaristia, que
em breve seria feita.
De outro lado, a
barca, sacudida pela tempestade, transportando Seus Apóstolos, bem poderia ser
a imagem da Igreja em luta, nos mares deste mundo, em plena noite, visando
desembarcar nas margens do Reino Eterno. Ela é invencível porque nessa solidez
foi erigida pelo seu Fundador e, por isso, resiste a todas as forças que contra
ela se insurgem.
Sobre a montanha de
Deus, encontra-Se a sós, rezando, Jesus. E, nos momentos mais críticos, surge
Ele em auxílio da humana debilidade dos Seus. Nada se constituirá em obstáculo
para aqueles que pedirem o seu amparo. Trata-se de saber o que pedir. Quem se
deixar avassalar pelo temor, face aos riscos e ameaças, confiando mais em suas
próprias forças do que em Jesus Cristo, será derrotado. Pelo contrário,
armando-se de robusta e inquebrantável Fé, tudo poderá.
Apesar dos pesares,
se alguém que está próximo de Jesus sentir a impotência de sua natureza, um
grito de socorro será suficiente para que Ele lhe estenda a mão e o leve à
barca. Nela subindo, os elementos se acalmarão por sua simples presença e, ao
fim desta existência, aportará nas praias da Eternidade. Ao desembarcar,
entenderá com enorme consolação o papel dAquela que em certo momento
recomendou: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5).
Não é sem sabedoria e
propósito que Santo Hilário assim conclui: “E quando vier o Senhor, encontrará
sua Igreja cansada e rodeada dos males que o Anticristo e o espírito do mundo
suscitarão. E como os costumes do Anticristo impelirão os fiéis a todo gênero
de tentações, eles terão medo até da vinda de Cristo, pelo temor que o
Anticristo lhes infundirá por meio das falsas imagens e fantasmas que lhes
apresentará. Mas o Senhor, que é tão bom, afasta deles esse temor, dizendo:
‘Sou Eu’, e afasta, pela fé em sua vinda, o iminente perigo”.18
1TUYA, OP, P. Manuel de. Bíblia
Comentada – II Evangelios. Madri: BAC, 1964, p. 343.
2 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Áurea.
3 MALDONADO, SJ, Pe. Juan de. Comentarios a los cuatro Evangelios – I
Evangelio de San Mateo. Madri:
BAC, 1950, pp. 536-537.
4 Apud AQUINO, São Tomás de.
Op. cit.
5 LAGRANGE, Pe. M. J. Évangile selon Saint Matthieu. 7ª ed. Paris: J. Gabalda et Cie.
Éditeurs, 1948, p. 293. Segundo a divisão do tempo criada pelos romanos e
adotada pelos judeus, a noite começava às seis horas da tarde e dividia-se em
quatro vigílias de três horas cada uma: a primeira das seis às nove, e assim
por diante, sendo que a última era das três às seis da manhã. Portanto, no fim
da noite, os Apóstolos encontravam-se ainda na metade de uma travessia que
poderia ter sido feita em duas, ou no máximo três horas.
7 Cf. AQUINO, São Tomás de.
Suma Teológica, Supl. q. 84, a. 1.
8 Cf. LAGRANGE, Op. cit. p.
294.
9 MALDONADO,
Op. cit. p. 538.
10 GOMÁ Y TOMÁS, D. Isidro, El Evangelio explicado, Barcelona:
Ediciones Acervo, 1966, p. 672.
11 Cf. MALDONADO, Op. cit, p. 540.
12 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Áurea.
13 TUYA, Op. cit., p. 345.
14 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Áurea.
15 San Agustín, De verb. Dom., serm. 13 y 14.
16 MALDONADO, Op. cit., p. 542.
17 Idem, ibídem, p. 543.
18 Apud AQUINO, São Tomás de.
Catena Áurea.
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