Conclusão dos comentários ao Evangelho 22º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 16, 21-27
IV – Esperança na verdadeira vida
A liturgia de hoje
nos incentiva a vivermos de acordo com nossa fé, em coerência com os princípios
da Religião. A não orientarmos nossa conduta visando obter riquezas, elevada
posição social, amizades terrenas ou qualquer outro bem deste mundo, ignorando
quão efêmeros são os benefícios que tudo isso proporciona.
A termos sempre em
vista que nosso fim último não se cumpre aqui na Terra, e que na eternidade,
para a qual nascemos, só valem os méritos espirituais.
Para quem se salva, a
verdadeira vida começa depois da morte. Por isso a Igreja celebra a festa de um
santo no dia de seu nascimento para o Céu. Devemos portanto, à imitação dos santos,
aceitar todos os sofrimentos, repulsas e humilhações que a prática da virtude
nos imponha neste vale de lágrimas, certos de que eles se transformarão em
glória quando nos encontrarmos na Visão Beatífica.
Em resumo, o
Evangelho de hoje nos dá esta lição: o homem vale na medida em que estiver
disposto a enfrentar a dor por amor a Deus. A vida na face da Terra está cheia
de dificuldades e sofrimentos; se os abraçarmos com amor, eles virão
acompanhados de uma suave alegria, nobilitarão nossos corações e nos prepararão
para o Céu; se, pelo contrário, nos deixarmos arrastar pelas paixões, nossa
alma insatisfeita e degradada terá encetado as vias do inferno.
Portanto, em união
com Nosso Senhor Jesus Cristo, abracemos decididamente a nossa cruz e sigamos o
Divino Mestre rumo à glória da eternidade, onde não haverá sequer sombra de
padecimento, mas só a felicidade total e imperecível: “Per crucem ad lucem”!
Nos períodos de
provações, refugiemo-nos junto ao Santíssimo Sacramento, e recorramos a Nossa
Senhora, invocando-A por meio da recitação do Rosário, confiantes em que, finda
a noite escura, renascerá com maior esplendor o sol da consolação espiritual.
1 TUYA, OP, Manuel
de. Biblia comentada. Evangelios. Madri: BAC, 1964, v.II, p.369.
2 SÃO JOÃO
CRISÓSTOMO. Obras.
Homilías sobre el Evangelio de San Mateo (46-90). Madri: BAC, 1956, p.137.
3 A “luz primordial”,
segundo a conceitua o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, é a virtude dominante
que uma alma é chamada a refletir, imprimindo nas demais sua tonalidade
particular. Em outras palavras, seria o pórtico pelo qual uma pessoa é chamada
a entrar, para depois amar todas as perfeições de Deus.
4 MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los cuatro
Evangelios. Evangelio de San Mateo. Madri: BAC, 1950, v.I, p.601.
5 TANQUEREY, Adolphe. La divinisation de la
souffrance. Paris: Desclée et Cie, 1931, p.VIII.
6 GARRIGOU-LAGRANGE,
OP, Réginald. La
seconde conversion et les trois voies. 3.ed. Paris: Du Cerf, 1951, p.22-23.
7 Idem, p.42.
8 Cf. SÃO JOÃO DA
CRUZ. Noite Escura. Ver especialmente l.1, c.814 (noite dos sentidos); l.2
c.5-10 (noite do espírito); l.2, c.7 (noite da vontade).
9 SÃO FRANCISCO DE
SALES. Obras Selectas. Madri: BAC, 1954, v.II, p.802.
10 CIC 1022.
11 SÃO TOMÁS DE
AQUINO. Suma Teológica, I-II, q.87, a.1, resp.
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