Tríduo Pascal

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Evangelho da Solenidade da Santíssima Trindade - Mt 28, 16-20 - Ano B

Conclusão dos comentários ao Evangelho da Solenidade da Santíssima Trindade - Mt 28, 16-20 - Ano B
Jesus-Homem,autoridade suprema
18 Então Jesus aproximou-se e falou: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.
Evidentemente, não se refere Jesus neste trecho à sua natureza divina, pois, por esta tem poder absoluto desde todo sempre, sendo coeterno com o Pai. Trata-se, aqui, de uma comunicação da divindade à carne, do Filho de Deus ao Filho da Virgem: a autoridade suprema, absoluta e infinita é conferida à humanidade santíssima de Jesus.
São Paulo, escrevendo aos Colossenses, tornou clara a essência desse poder: “Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. N’Ele foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, Dominações, Principados, Potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem n’Ele. Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas. Porque aprouve a Deus fazer habitar n’Ele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na Cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na Terra e nos Céus(22).”

Ainda nesta passagem do Evangelho, é digna de nota a insuperável didática e senso de cerimônia do Ressuscitado. Vendo a hesitação de alguns e, ao mesmo tempo, para tornar mais solenes suas palavras, resolveu por bem pronunciá-las “aproximando-se”.
19 Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos,
Revestido de todo poder, Jesus não pede, mas ordena: “Ide”. Assim procede não só para exercer sua autoridade, mas para conferir aos enviados (os onze e seus legítimos sucessores) um caráter de oficialidade. Os Apóstolos, por extensão e participação do poder do Redentor, após essa determinação, passaram a agir em nome do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
E qual será o raio de ação desse poder conferido à Igreja em seu nascedouro? Universal! Sim, Jesus deseja expandir seu Reino sobre todos os povos e nações.
A Sabedoria Eterna e Encarnada havia educado com esmero seus Apóstolos antes de lançá-los a mares mais agitados, começando por adestrá-los dentro dos limites da própria nação: “A estes doze enviou Jesus, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: Não vades para entre os gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos, ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel” (23). Após a Ressurreição, já se encontram aptos a ensinar “a todas as nações”, cumprindo a ordem do Salvador.
Instrumentos para a conversão da humanidade
 …batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo…
Pela Teologia, sabemos ser a conversão fruto de uma graça eficaz, de iniciativa do próprio Deus. Entretanto, por razões de altíssimo conteúdo ontológico, ligadas ao instinto de sociabilidade, Deus quer servir-se de instrumentos humanos para converter as almas. Daí ter criado um método e, sobretudo, uma organização que se sintetizam neste versículo, ao proferir Jesus, de forma solene, a determinação de que uns ensinem os outros, sem acepção de pessoas ou de raças, conduzindo todos para a recepção do Batismo.
O Evangelho, enquanto mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, deve ser o caminho preparativo com vista à acolhida do neo convertido no seio da Igreja.
 20 e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!
Depois de batizado, o neófito deverá observar tudo o que foi prescrito pelo Divino Mestre. “A fé sem obras é morta”, diz São Tiago(24). Assim, é indispensável ele tornar sua vida e costumes de acordo com o Evangelho que ouviu e aceitou no seu coração. Não basta, portanto, ter fé e ser batizado; para salvar-se é obrigatório cumprir os mandamentos divinos. Essa prática virá sobretudo do amor, conforme diz São João: “Se me amais, observareis os meus mandamentos...”.(25)
Uma promessa para os que têm fé
‘Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo’.
Antes da Paixão, Jesus prometera: “Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós” (26). Mas agora, além de categórico, seu compromisso é permanente e mais substancial: “Estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Jesus certamente não se refere à presença eucarística com exclusividade, pois já afirmara: “Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (27). Ou seja, trata-se de uma presença misteriosa e atraente. Ele vivificará sua obra, a Igreja, animando-a e fortificando-a sem cessar. É a proclamação, segundo São Jerônimo, do triunfo da Igreja, pois Ele nunca se afastará dos fieis que n’Ele creem.
1 ) Sof 1, 12.
2 ) Mt 5, 37.
3 ) Hom. 15, De purificatione Beatae Mariae, PL 94, 79.
4 ) Lc 2, 34.
5 ) Jo 14, 6.
6 ) Cf. Mt 23, 13-33
7 ) Jo 3, 19-20.
8 ) Suma Teológica, III, 59, 2.
9 ) Dn 7, 13-14.
10 ) Lc 1, 32-33.
11 ) Cf. Suma Teológica, III, 46 e III, 59
12 ) Lc 24, 26.
13 ) Cf. Rom 8, 17; II Cor 6, 16
14 ) Cf. Mt 11, 29.
15 ) Veja-se, por exemplo: Col 3, 12; Ef 4, 2; Fil 2, 3; Jud 8, 16; Prov 15, 33; Prov 28, 12; Prov 22, 4; Miq 6, 8; I Pe 3, 8; Sof 2, 3.
16 ) Lc 18, 14.
17 ) Summa Theologica, II, II - q. CL XIX - 2.1
18 ) Cf. Jo 8, 44 e Mt. 23, 1-34.
19 ) Cf. Mt 28, 10.
20 ) Cf. Jo 16, 7.
21 ) Act 1, 6.
22 ) Col 1, 15-20
23 ) Mt 10, 5-6.
24 ) Ti 2, 26.
25 ) Jo 14, 15.
26 ) Jo 14, 18.

27 ) Mt 18, 20.

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