Tríduo Pascal

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Evangelho da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano B - Jo 18,33b-37

Conclusão dos comentários ao Evangelho da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo - (Jo 18,33b-37)
A plenitude da realeza
Sim, Nosso Senhor Jesus Cristo é Rei e o seu império se estabelece em duas etapas. Na primeira, a deste mundo, seu campo de realização é a Santa Igreja Católica e seu objetivo a santificação das almas. A jurisdição de Nosso Senhor se exerce no interior dos corações pela graça e, na aparência, deixa agir os homens segundo os seus desejos, uma vez que ainda estão em estado de prova. Legisla pela infalibilidade pontifícia, julga no confessionário e executa seus decretos de forma não manifesta. Contudo, este Reino é invencível, como Ele mesmo afirmou quando prometeu a imortalidade à sua Igreja, dizendo “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18), e como já prenunciava também a profecia de Daniel: “Seu poder é um poder eterno que não Lhe será tirado, e seu Reino, um Reino que não se dissolverá” (7, 14b).
Além de não ser destruída — apesar de todas as tentativas dos seus inimigos —, a Santa Igreja irá produzindo incontáveis frutos ao longo dos séculos, sempre superiores uns aos outros; mas os seus últimos e mais belos aspectos reluzirão no fim do mundo, no dia em que o Divino Rei consumar a sua vitória sobre a morte, o pecado e o demônio, e for glorificado como fidelíssimo Filho do Pai.

Iniciar-se-á, então, a outra fase de seu reinado. Por isso, na segunda leitura (Ap 1, 5-8) desta Solenidade, o Livro do Apocalipse nos põe diante de um horizonte feito de grandeza que culmina no Juízo Final: “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o Soberano dos reis da Terra. A Jesus, que nos ama, que por seu Sangue nos libertou dos nossos pecados [...], a Ele a glória e o poder, em eternidade. Amém” (1, 5-6). Todos os povos verão a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo enquanto Rei — agora de modo patente e ostensivo —, bons e maus, os que vão para o Céu e os condenados ao inferno.
“Olhai! Ele vem com as nuvens, e todos os olhos O verão, também aqueles que O traspassaram. Todas as tribos da Terra baterão no peito por causa d’Ele. Sim. Amém!” (Ap 1, 7). Restaurada a criação na sua ordem perfeita, Ele a devolverá ao Pai e dirá: “Aqui está o poder que Eu conquistei. Entrego novamente o universo em vossas mãos”. E, nesse momento, o nosso Rei terá recebido a plenitude da realeza por direito de conquista.
V - SOMOS DA LINHAGEM DO REI
Solenidade de Cristo Rei, convidando-nos a voltar a atenção e o coração para estes panoramas grandiosos, pede a compenetração de especiais responsabilidades em nossa vida.
Uma vez que participamos da natureza divina e nos tornamos filhos de Deus pelo Batismo, dentre outros privilégios cabe-nos inclusive a sua realeza, pois, além de sermos cortesãos de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis, pertencemos à sua família como verdadeiros irmãos d’Ele, elevados à categoria de príncipes. Ele quer fazer-nos consortes da felicidade que possui desde todo o sempre como Filho Unigênito, gozando do convívio e da familiaridade com o Pai e o Espírito Santo, e nos há de associar também à manifestação da sua magnificência, quando vier no fim dos tempos. Esta é a nossa nobreza.
Portanto, se nos alegramos por ser da mesma linhagem e da família real de Nosso Senhor Jesus Cristo, templos da Santíssima Trindade, somos obrigados a levar esta filiação até as suas últimas consequências em nossa existência diária.
Senhor, sou vosso!
O que pedimos na Oração do Dia, na Missa da Solenidade de Cristo Rei? “Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do Universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, Vos glorifiquem eternamente”.9 Que as criaturas O glorifiquem na sua grandeza régia! Ora, para glorificar o seu soberano, um súdito deve, antes de tudo, ser fiel às suas leis e recomendações.
As Leis de meu Rei se encontram nos Dez Mandamentos, no Evangelho e também no meu interior, pelo senso moral que recebi desde a infância. Em relação a elas preciso ser inteiramente reto, perseverar na graça de Deus, procurando praticar a virtude ao máximo, com aspiração cada vez mais acentuada pela perfeição e pela santidade, pois nada ofende mais este Rei do que o pecado. Se, pelo contrário, eu escolher as vias do vício e deformar minha própria consciência para viver no indiferentismo, renuncio à participação na realeza d’Ele e seguirei outros reis: o demônio, o mundo e a carne.
Nesta magnífica Solenidade da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo a alma pervadida por tantas maravilhas, bênçãos e graças, desejo voltar-me para Ele e dizer: “Senhor, sou vosso! Sou vossa! Apesar de minhas debilidades e fraquezas, reinai em meu coração, em meus pensamentos e sentimentos. Reinai em minha alma através de Maria Santíssima, o trono que escolhestes para nascer, Rainha por ser Mãe vossa, e também minha Mãe”.
1) Cf. PIO XI. Quas primas, n.21-23.
2) Cf. Idem, n.25.
3) Segundo a determinaçäo do Papa Pio XI na Encíclica Quas primas, a Solenidade de Cristo Rei deveria ser celebrada no último domingo de outubro: “Pareceu-nos, também, ser o último domingo de outubro muito mais apropriado que todos os demais para esta festividade, pois ele é praticamente o término do AnoLitúrgico; e, assim, sucederá que os mistérios da vida de Cristo, comemorados no transcurso do Ano, terminem e recebam seu coroamento nesta Solenidade de Cristo Rei” (Idem, n.31). Na Liturgia atual, entretanto, celebra-se no último domingo do Tempo Comum.
4) TEOFILATO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In loannem, c.XVIII, v.33-38.
5) SANTO AGOSTINHO. In loannis Evangelium. Tractatus CXV nl. In: Obras. 2.ed. Madrid: BAC, 1965, v.XIV, p.565.
6) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Super loannem. CXVIII, lect.6.
7) RITO DA MISSA. Oração Eucarística: Prefácio da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. In: MISSAL ROMANO. Trad. Portuguesa da 2a. edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.385.
8) SAO JOAO CRIS OSTOMO. Homilía LXXXIV, nl. In: Homilías sobre el Evangelio de San Juan (61-88). Madrid: Ciudad Nueva, 2001, v.111, p.260.

9) SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO, op. cit., p.384.

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