Comentários ao Evangelho I Domingo da Quaresma - Ano A
Naquele tempo, 1 o Espírito conduziu Jesus ao
deserto, para ser tentado pelo diabo.
2 Jesus
jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve
fome. Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de
Deus, manda que estas pedras se transformem em pãesl” 4Mas Jesus respondeu:
“Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca
de Deus”.
5 Então o
diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-O sobre a parte mais alta do Templo,
6 Lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo! Porque está escrito
Deus dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, e eles Te levarão nas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra”. Jesus lhe respondeu: “Também está
escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!”
8 Novamente,
o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-Lhe todos os reinos do
mundo e sua glória, Lhe disse: “Eu Te darei tudo isso, se Te ajoelhares
diante de mim, para me adorar”. 10 Jesus lhe disse: “Vai-te embora, satanás,
porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a Ele prestarás
culto”. 11 Então o diabo O deixou. E os Anjos se aproximaram e serviram a Jesus
(Mt 4, 1 - 1 1).
Sua vitória é nossa força
Ao triunfar
sobre o demônio e as tentações no deserto, Nosso Senhor nos dá a principal
garantia de que também nós, sustentados pela graça, podemos transpor incólumes
todas as lutas espirituais.
“A VIDA DO HOMEM
SOBRE A TERRA É UMA LUTA”
Os fenômenos da
natureza humana, mesmo os mais comuns, não raras vezes obedecem a leis que, ao
serem analisadas com atenção, podem nos proporcionar valiosas lições. E o que
acontece quando sofremos uma fratura e somos obrigados, por exemplo, a manter
engessado durante longo período um braço ou uma perna. No momento em que o
gesso é retirado comprovamos que o membro atingido, embora antes fosse forte e
vigoroso, tornou-se flácido. A musculatura ficou atrofiada pela imobilidade,
sendo necessário submetê-la a sessões de fisioterapia para readquirir seu
aspecto normal. Algo parecido se verifica com o homem que trabalhou a vida
inteira e, ao se aposentar, opta por uma existência sedentária, permanecendo
sentado na maior parte do dia numa confortável cadeira de balanço. Tal regime o
expõe, com o tempo, a alguma grave doença, pois a constituição do ser humano
exige movimento, esforço e combate.
Isso tem sua
reversibilidade na vida espiritual, e até com maior razão. Nossa alma precisa
exercitar-se constantemente na virtude a fim de aderir ao bem com toda a força,
para o que as dificuldades, sobretudo a tentação, contribuem com um importante
estímulo, como recorda Santo Agostinho: “Nossa vida neste desterro não pode
existir sem tentação, já que o nosso progresso é levado a cabo pela tentação.
Ninguém se conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado se não
vence; nem vence se não peleja; nem peleja se lhe faltam inimigo e tentações” .
A Liturgia
deste 1º Domingo da Quaresma nos ensina a reconhecer a necessidade e o valor da
tentação.