1 Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2
Está escrito no Livro do profeta Isaías: ‘Eis que envio meu mensageiro à tua
frente, para preparar o teu caminho. 3 Esta é a voz daquele que
clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’.
4 Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando
um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5 Toda a região
da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam
seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 6 João andava vestido
de pelo de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. 7 E pregava,
dizendo: ‘Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de
me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8 Eu vos batizei com
água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo’” (Mc 1, 1-8).
Fazei penitência!
A vestimenta e os hábitos de São João Batista destoavam muito dos
costumes daquela sociedade. O contraste dos homens impuros e gananciosos, com
aquela figura reta, simples, eloquente, e que bradava: ‘Fazei penitência!’,
deixava as consciências profundamente abaladas.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias,
EP
I – O mal no universo criado
À medida que
progride, vai a ciência desvendando maravilhas insuspeitadas na vastidão
sideral. Constantemente se descobrem novos corpos celestes, muitos deles de
fulgurante beleza, dispostos em espaços astronômicos fora de qualquer padrão
humano, locomovendo-se com velocidades assombrosas numa delicada e sublime
harmonia, reflexo da perfeição do Criador.
Se essa constatação
nos causa explicável admiração, consideremos que Deus, em sua onipotência,
poderia ter criado infinitos universos, com infinitas outras criaturas, e esses
infinitos seres estariam em sua presença por toda a eternidade. Dentro de cada
um desses mundos, bem saberia Ele como a História se desenvolve a cada
instante. Pois, como sublinha São Pedro na Segunda Leitura deste domingo do
Advento, “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (II Pd
3, 8).
É próprio da Providência Divina ordenar os males para o bem
Ora, como conceber
que Deus, sendo onipotente e a Bondade em substância, tenha criado este nosso
universo onde o pecado pôde se fazer presente já na revolta de Lúcifer, antes
da queda de nossos primeiros pais? Por qual razão lhes permitiu Ele a
possibilidade de cair? Não teria sido melhor criar uma humanidade incapaz de se
deixar arrastar por delírios como a construção da Torre de Babel?
Perguntas como estas
afligiram homens de todas as eras, e tornam-se pungentes, sobretudo, em nossos
dias tão marcados pelo hedonismo e pela aversão a qualquer sofrimento. Ante
elas, cabe lembrar a doutrina de São Tomás de Aquino, segundo a qual “não é
incompatível com a bondade divina permitir que haja males nas coisas governadas
por Deus”.1