Continuação
Os Apóstolos foram purificados pela palavra
Vós já estais limpos em virtude da palavra que vos anunciei.
Os Apóstolos foram purificados pela palavra
Vós já estais limpos em virtude da palavra que vos anunciei.
Santo Agostinho, com suas características inconfundíveis de fé e senso teológico, comenta este versículo chamando a atenção para a eficácia da palavra. No próprio Sacramento do Batismo, o puro emprego da água, se bem que pudesse ser útil para lavar o corpo, nunca purificaria a alma. A eficácia do Sacramento exige também o uso da palavra com a intenção de operar essa purificação. É por ela que a água, ao escorrer pela cabeça do batizando, purifica a alma.
Vários Padres da Igreja são da opinião de que Jesus, nesta passagem, teria feito uma alusão indireta à apostasia de Judas, o qual se encontrava ausente a fim de perpetrar sua traição. Antes desse episódio, Jesus respondera a Pedro logo no início do Lava-pés: “Aquele que tomou banho não tem necessidade de se lavar, pois todo ele está limpo. Vós estais limpos, mas não todos” (Jo 13, 10-11). Ele bem sabia que Judas ia entregá-Lo, por isso disse: “Estais limpos, mas não todos”.
Observam outros ainda que, neste versículo, Jesus declara ter feito a tarefa de “agricultor”, ao purificar os Apóstolos com a palavra, apesar de pouco antes ter-Se autodenominado “videira verdadeira”.
Condição para permanecer em Cristo
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode por si mesmo dar fruto se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim.
Uma vez que se esteja limpo, é preciso perseverar nesse estado. Para tal, é indispensável cumprir os Mandamentos, pois “nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).
Frei Manuel de Tuya OP diz a respeito deste versículo algo digno de nota: “O verbo que emprega — permanecer — é um termo técnico próprio de João. Ele o usa 40 vezes em seu Evangelho e 23 em sua primeira Epístola. E aqui, com esse verbo, formula a íntima, permanente e vital união dos fiéis com Cristo”.
Com sua habitual clareza, Maldonado explica que essa permanência nossa em Jesus é como se Ele dissesse:
“‘Se quiserdes dar frutos e evitar que o Pai os arranque, permanecei em Mim. De minha parte, já fiz o que devia — comenta Teofilato —, ao limpar-vos com minha doutrina; agora fazei o que deveis. Permanecei, perseverai nessa limpeza que Eu vos obtive. Isso é, permanecei em Mim’. Leôncio e Cirilo observam: ‘Manda-lhes permanecer n’Ele, não só pela fé, mas principalmente pela caridade, dado que pela fé são muitos os que permanecem n’Ele sem, contudo, dar fruto algum’. Cristo referia-se àquela permanência em Si mesmo que produz frutos, o que é impossível sem a caridade. Às vezes vemos na videira muitos sarmentos secos, mortos, infrutíferos, porque não participam da seiva da raiz. Esses são os que aderem a Cristo só pela fé. São sarmentos, permanecem na videira, mas estão mortos e secos, porque não sorvem o líquido da graça de Cristo, da qual não se pode participar sem a caridade, que é vida da alma”.
P. Juan de Maldonado, SJ,
Comentarios a los cuatro Evangelios, BAC, 1954, v. III, pp. 821-822.
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