Reações volúveis e pragmáticas da multidão
23 Estando em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos acreditaram no Seu nome, vendo os milagres que fazia. 24 Mas Jesus não Se fiava neles, porque os conhecia a todos, 25 e não necessitava de que Lhe dessem testemunho de homem algum, pois sabia por Si mesmo o que há em cada homem.
Certamente é feita aqui uma referência à primeira Páscoa que Jesus passou em Jerusalém, logo após ter realizado o milagre das Bodas de Caná. E por que não Se fiava naqueles que passaram a crer por causa dos milagres?
Corações volúveis, inconstantes e pragmáticos, num primeiro instante pervadidos de admiração, mas em menos de três anos prefeririam Barrabás aos milagres. No fundo, não amavam a verdade em tese, e menos ainda em substância. Com alguma razão diria um político francês que o povo se vinga dos seus próprios aplausos.
“Qual a causa dessa inconstância que levava Cristo a não Se fiar plenamente neles? Os milagres os deslumbravam e lhes falavam como ‘sinais’ do poder e da dignidade messiânica de Cristo, mas restava neles um fundo, uma atitude de reserva. Provavelmente, mais que falta de Fé, era falta de uma entrega total a Cristo. Talvez tencionassem segui-Lo à maneira de um discípulo dos famosos mestres Hillel ou Shammaí, mas não entregar-se inteiramente a Ele, assumindo as consequências dessa entrega na ordem moral e religiosa (cf. Jo 3, 16.18.21; 6, 28.30). Já ‘desde este primeiro contato com as multidões de Jerusalém, mostram-se eles tal como aparecerão sempre no Evangelho de João: impressionáveis e rapidamente conquistáveis pelos milagres de Jesus, mas superficiais e de adesão precária’”.15
Por outra parte, não poucas vezes, é cego o testemunho dos homens, pois baseia-se nas aparências exteriores. E quão pouca importância devemos atribuir aos discursos, pensamentos e relambórios de outros, a nosso respeito! Quando elogiosos, não nos levem eles à soberba; nem à perturbação, quando críticos e contrários. E, em nosso relacionamento com Jesus, o que Ele deseja é “nosso abandono, de pensamento e vontade, à sua direção; não quer que nos conservemos no egoísmo espiritual de quem regateia pensamento e vontade. Jesus sabe tudo: não precisa do testemunho de homem, porque penetra com seu olhar até o fundo de nosso pensamento e de nosso coração. Não nos escusemos, entreguemo-nos generosamente a suas graças”.16
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