Continuação dos comentários ao Evangelho 5º Domingo do Tempo Comum Lc 5 1-11 - Ano C 2013
2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
Naquela época o lago de Genesaré era centro de intensa atividade pesqueira, que constituía o principal meio de subsistência da população local. Como o exercício da profissão exigia sempre a ação em conjunto, os pescadores se reuniam em pequenas equipes, sendo comum duas ou mais dessas corporações se associarem. Com barca própria e sob a direção de um arrais, os grupos de consócios uniam esforços na faina de cada jornada e partilhavam o produto final obtido.
No episódio aqui contado, as duas embarcações — uma, de Simão; outra, de Zebedeu — haviam regressado após uma noite de vãs tentativas. Ao estado de desapontamento geral dos pescadores somavam-se os incômodos de outros fatores humanos, como o cansaço da noite passada em claro e a necessidade de lavar as redes, labor indispensável depois da pesca, fosse esta bem ou mal sucedida.
Segundo a cuidadosa pedagogia do Mestre, era assim, exaustos e sentindo-se fracassados, que os pescadores se encontravam nas condições ideais para receber a missão a eles reservada.
A barca, símbolo da Igreja
3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
Como todos os atos de Nosso Senhor, a escolha da barca tem profundo significado. Os comentários a esse respeito são unânimes: com tal gesto, Cristo quis indicar a proeminente posição de Simão no colégio apostólico, o qual em breve seria constituído, simbolizando a barca a Igreja, então nascente. “A partir da Igreja, Jesus, pessoalmente ou através de Pedro, seu Vigário, instrui o mundo. ‘Onde está Pedro, aí está a Igreja’. Isto nos dá a medida da adesão que devemos professar à Sé de Pedro”,2 explica o Cardeal Gomá y Tomás.
Ademais, um pequeno detalhe desperta nossa atenção: terá Jesus subido na barca estando ela na areia — sem molhar os pés, portanto — ou foi preciso dar alguns passos dentro da água, até chegar à embarcação? Tanto em uma quanto na outra hipótese, a areia se beneficiou por ser próprio Deus feito homem. Terá o mesmo acontecido E uma das muitas curiosidades provocadas pelas si ativas evangélicas...
Aproveitando o natural declive da praia, onde o público se encontrava apinhado, o Mestre pediu a Simão que se distanciasse um pouco da margem, formando um original anfiteatro. Admirável era a poesia da cena: enquanto a embarcação balançava pausadamente nas águas ao sabor da ondulação, o Criador do Céu e da Terra, Deus Encarnado, doutrinava a multidão!
Continua no próximo post.
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2) GOMA Y TOMAS, Isidro. El Evangelio explicado. Años
primero y segundo de la vida pública de Jesús. Barcelona: Balmes, 1930, v.11,
p.80.
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