Tríduo Pascal

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Evangelho 5º Domingo do Tempo Comum - Ano A - 2014 - Mt 5, 13-16

Continuação dos comentários ao Evangelho 5º Domingo do Tempo Comum - Ano A - 2014 - Mt 5, 13-16
A Carta Magna do Reino de Deus
Na área abarcada pela pregação de Jesus se levanta uma colina verdejante. Ele, “vendo as multidões” (Mt 5, 1) que tinham chegado de toda parte à sua procura, subiu a essa montanha e pronunciou seu mais sublime sermão, síntese de todos os seus ensinamentos.
Como tivemos oportunidade de considerar em outras ocasiões,6 já era chegado o momento de expor sua doutrina e indicar aos discípulos o caminho da salvação. Assim, contradizendo de modo frontal as máximas e os costumes vigentes em sua época, nas oito Bem-aventuranças o Divino Mestre prega “aos avarentos a pobreza, aos orgulhosos a humildade, aos voluptuosos a castidade, aos homens do ócio e do prazer o trabalho e as lágrimas da penitência, aos invejosos a caridade, aos vingativos a misericórdia e aos perseguidos as alegrias do martírio”.7
Não sem razão receberam estas Bem-aventuranças o título de “Carta Magna do Reino de Deus”. Segundo explica o Catecismo da Igreja Católica, elas “traçam a imagem de Cristo e descrevem sua caridade; exprimem a vocação dos fiéis associados à glória de sua Paixão e Ressurreição; iluminam as ações e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; são iniciadas na vida da Virgem Maria e de todos os Santos”.8
As características da missão dos discípulos
O simples enunciado das Bem-aventuranças pressagiava uma renovação do mundo, o advento de uma nova civilização, de uma humanidade libertada do paganismo. Enfim, algo que a História ainda não conhecera. Não nos esqueçamos de que em geral vigorava a escravidão e a lei de talião — olho por olho, dente por dente —, que hoje nos causa horror, mas que na Antiguidade representou uma mitigação da violência arraigada na sociedade em que prevalecia sempre o mais forte e a vingança desapiedada, era prática comum.
Logo depois de proclamá-las solenemente, Jesus vai Se dirigir sobretudo aos Apóstolos e discípulos, utilizando uma linguagem muito expressiva para lhes indicar as qualidades necessárias ao cumprimento de sua missão. E o faz diante de todos, de modo a tornar manifesta a obrigação daqueles mais chamados a guiar, ensinar e santificar os fiéis.
O sal do convívio humano
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 13a “Vós sois o sal da terra”.
Foi o sal sempre muito apreciado e valorizado pela humanidade, por ser bom conservante dos alimentos e por realçar o seu sabor. No Império Romano o pagamento aos soldados era feito com ele ou também se destinava uma quantia em dinheiro para sua aquisição, originando o termo salário. O elevado grau de salinidade do Mar Morto facilitou o uso frequente de tal condimento na Palestina, desde tempos imemoriais Havia no Templo, inclusive, um depósito no qual se guardava o sal a ser empregado nas diversas cerimônias, uma vez que no Antigo Testamento não se oferecia a Deus animal algum sem antes temperá-lo com sal (cf. Lv 2, 13; Ez 43, 24), que também era usado na preparação dos perfumes litúrgicos (cf. Ex 30, 35).

Ao afirmar: “Vós sois o sal da terra”, Nosso Senhor declara que seus discípulos — ou seja, todos os batizados — devem enriquecer o mundo propiciando um novo sabor ao convívio humano, evitando a brutalidade e a corrupção dos costumes.
Continua no próximo post

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