Tríduo Pascal

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Evangelho 5º Domingo do Tempo Comum - Ano A - 2014 - Mt 5, 13-16

Continuação dos comentários ao Evangelho 5º Domingo do Tempo Comum - Ano A - 2014 - Mt 5, 13-16
A graça: o sal da vida sobrenatural
13b “Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.
Para bem compreendermos o que o Salvador nos quer ensinar com esta figura, podemos imaginar uma matéria neutra, semelhante à areia branca, finíssima, que ao ser objeto de um influxo passasse a ser sai. Ela salgaria porque transmitiria uma propriedade que não pertence à sua natureza, mas lhe foi infundida. Ora, se esse sai se tornasse insosso, voltaria a ser o que era antes, ou seja, areia!
De modo análogo, pelo Sacramento do Batismo, que nos confere a graça santificante, somos elevados da ordem natural à ordem sobrenatural e recebemos uma como que capacidade salífera para dar um novo sabor à existência e fazer bem aos outros. Todavia, o discípulo que perde a vida da graça e renuncia a ser “o sal da terra”, “não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.
A luz do bom exemplo
14a “Vós sois a luz do mundo”.
Confiando-nos a missão de sermos “a luz do mundo”, Jesus nos convida exatamente a participar de sua própria missão, a mesma que fora proclamada pelo velho Simeão no Templo, quando, tomando o Menino Deus nos braços, profetizou que Ele seria “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). Nosso Senhor veio trazer a luz da Boa-nova e do modelo de vida santa. A doutrina ilumina e indica o caminho, enquanto o exemplo edificante move a vontade a percorrê-lo.
Neste mundo imerso no caos e nas trevas, pela ignorância ou pelo desprezo dos princípios morais, os discípulos de Jesus devem, com o auxílio da graça e o bom exemplo, iluminar e orientar as pessoas, ajudando-as a reavivar a distinção entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio, apontando o fim último da humanidade: a glória de Deus e a salvação das almas, que acarretará o gozo da visão beatífica.
Para que isso se concretize, a condição é sermos despndidos e admirativos de tudo o que no universo é reflexo das perfeições divinas, de modo a sempre procurarmos ver o Criador nas criaturas. Assim, nossas cogitações e nossas vias terão um brilho proveniente da graça. Expressiva figura dessa realidade espiritual nos é proporcionada pela lâmpada elétrica incandescente. O tungstênio é, em si, um elemento vil e de escassa utilidade. No entanto, perpassado pela corrente elétrica e em uma atmosfera na qual o ar foi substituído, ele ilumina como nenhum outro metal. A eletricidade representa a graçadivina, enquanto a debilidade do tungstênio bem simboliza o nosso nada. A necessidade de certo vácuo para a incandescência do filamento ressalta ainda mais como, para refletirmos a luz sobrenatural, precisamos reconhecer com alegria o nosso vazio, o nosso pouco mérito, as nossas limitações e faltas, e não opor nenhuma resistência à ação de Deus. Deste modo, como filamentos de tungstênio ligados à corrente da graça, poderemos ser transmissores da verdadeira luz para o mundo.
O pregador deve ser coerente
14b Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte”.
Relativamente próxima do monte das Bem-aventuranças se eleva a cidade de Safed, situada a cerca de mil metros de altitude.9 Supõe-se, então, que Jesus tenha feito alusão a ela nesta passagem, utilizando uma imagem familiar a todos os presentes. Ao mencionar a impossibilidade de permanecer oculta uma cidade com essas características, Nosso Senhor chama a atenção para a visibilidade de todas as ações do homem, a fortiori se ele recebeu uma missão especial de Deus: “fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos Anjos e aos homens” (I Cor 4, 9). Nesse sentido, nada no agir humano é neutro, e tudo o que fazemos repercute no universo em benefício ou prejuízo das demais criaturas. Por conseguinte, temos a obrigação de irradiar o bem, pela palavra e pela vida.
Em virtude disso, Santo Antônio de Pádua afirma ser indispensável para o pregador viver o que prega: “A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, por favor, as palavras; falem as obras. Estamos cheios de palavras, mas vazios de obras, e, por isso, somos amaldiçoados pelo Senhor. Ele mesmo amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente fothas. Ao pregador foi dada a lei, escreve São Gregório, de realizar aquilo que prega. Em vão se gaba do conhecimento da lei quem destrói com as obras a doutrina”.10
A luz deve brilhar para todos
15 “Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde eia brilha para todos os que estão na casa”.

Postas em lugar alto para melhor difusão da luz, as lâmpadas de azeite, naquela época, eram em geral feitas de argila, sendo dotadas de dois orifícios: um para o azeite e outro para o pavio. A linguagem do Divino Mestre, como sempre, é ao mesmo tempo simples e muito cogente, e o exemplo não poderia ser mais significativo, pois só um insensato ocultaria uma lâmpada acesa debaixo de um alqueire — vasilha para medir cereais — ou de uma cama (cf. Mc 4, 21; Lc 8, 16), onde, além de ser totalmente inútil, correria o risco de provocar um incêndio.
Continua no próximo post

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva seus comentarios e sugerencias