IV – A obrigação do bom exemplo
A conclusão do Evangelho de
hoje nos leva a compreender que, assim como não podemos causar escândalo —
sobretudo aos pequenos —, em sentido contrário, temos a obrigação de edificar o
próximo. E como reparação pelos inúmeros escândalos que observamos, devemos
viver dando bom exemplo a todos, praticando o esforço de fazer tudo aquilo que
possa nos tornar modelos de santidade para os que conosco convivem. Porque são
os exemplos que arrastam e motivam a trilhar o mesmo caminho. Não é por outro
motivo que a Igreja nos apresenta a vida dos santos como modelo para seguirmos.
A cada momento, todo homem está
influenciando o seu próximo ou recebendo a influência dele. Está sendo para ele
ora pastor, ora ovelha; ora mestre, ora discípulo; continuamente dando e
recebendo algo. É o princípio da Comunhão dos Santos, por onde cada ato nosso
repercute no Corpo Místico da Igreja. Nesse sentido, nada em nossa vida é
neutro: tudo pesa para bem ou para mal!
O que me impede de praticar a virtude?
Diante de uma liturgia que nos
exorta a rejeitar tudo quanto pode nos afastar de Deus e nos estimula a
edificar o próximo, não é descabido propor um pequeno exame de consciência.
O que me impede de praticar com
integridade a virtude? Que apegos materiais me impelem a tomar em consideração
muito mais as coisas humanas do que as divinas? O que me leva a fechar-me sobre
mim e, portanto, a não passar na prova desta vida, cujo desfecho será o prêmio
ou o castigo eterno? Há algo que me arrasta ao pecado com frequência ou revela em
mim defeitos de alma como caprichos, comparações, invejas, impureza ou o apego
ao dinheiro? O que devo cortar para salvar-me?
E, depois de nos analisarmos,
precisamos pedir a graça de ter a coragem de agir com presteza, porque sem o
auxílio de Deus não é possível praticar os Mandamentos de forma estável, menos
ainda com perfeição.
Em Nossa Senhora encontraremos a força para mudarmos
Na Liturgia hoje comentada, não
é mencionada Nossa Senhora. Entretanto, é a Ela que devemos dirigir o nosso
olhar, porque, como afirma São Bernardo no Memorare,
Ela jamais abandona quem recorre à sua maternal proteção.
Portanto, cientes da nossa
miséria, voltemo-nos para Maria Santíssima, pedindo: “Ó Mãe, tende misericórdia
de nós! Obtende-nos a graça de ter no coração a alegria de praticar a Lei de
Deus na sua integridade”.
E como Deus deseja a nossa
plena santificação, estejamos certos de sermos atendidos com superabundância!
1 SÃO JERÔNIMO.
Commentarii in Mathæum I,10. In: Obras Completas. Madrid: BAC, 2002, v.II,
p.107.
2 MALDONADO, SJ, Juan de.
Comentarios a los Cuatro Evangelios. Madrid: BAC, 1951, t.II, p.156-157.
3 Idem, p.155.
4 SANTO AGOSTINHO. Carta
a Dárdano, 187,12,36. In: Obras de San
Agustín. 2.ed. Madrid: BAC, 1972, t.XIa, p.559.
5 SÃO
JOÃO CRISÓSTOMO. Homilía sobre San Mateo, 58, 2. In: Obras de San Juan
Crisóstomo. Madrid: BAC, 1956, p.222-223.
6 SÃO JERÔNIMO, op. cit.,
p.243, 245.
7 SÃO JOÃO CRISÓSTOMO,
op. cit., 58, 3, p.225.
8 Cf. SÃO TOMÁS DE
AQUINO. Suma Teológica. II-II, q.43, a.1. 9 SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, op. cit., 59,
4, p.244.
10 Idem, p.244-245.