Tríduo Pascal

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Evangelho 19° domingo do Tempo Comum – Ano C – 2013 Lc 12, 32-48

Continuação dos comentários ao Evangelho XIX Domingo Tempo Comum Ano C 2013
“Estejam cingidos os voss os rins e acesas as vossas lâmpadas”
35 Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 36 Fazei como os homens que esperam o seu senhor quando volta das núpcias, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 37 Bem-aventurados aqueles servos, a quem o senhor quando vier achar vigiando. Na verdade vos digo que se cingirá, os fará pôr à sua mesa e, passando por entre eles, os servirá. 38 Se vier na segunda vigília, ou na terceira, e assim os encontrar, bem-aventurados são aqueles servos.
Sem uma ilação muito precisa, São Lucas passa a reproduzir duas parábolas afins quanto à sua substância. A primeira delas está contida nestes quatro versículos. Ambas são precedidas por uma incisiva recomendação do Divino Mestre: a necessidade de manter cingidos os rins, como também de conservar acesas as lâmpadas.
Simbolismo do ato de cingir-se e das lâmpadas acesas
Conforme nos descrevem as próprias Escrituras Sagradas (cf. Ex 12,11; 17, 13), os hebreus — e em geral os orientais — procuravam por meio de um cíngulo atado à cintura recolher um pouco suas longas túnicas, tanto para, desta forma, poderem caminhar com mais desenvoltura, como também para facilitar o serviço à mesa.
São pedro, o administrador fiel
Porém, o conhecimento destes costumes levanta uma perplexidade para a perfeita compreensão do significado do simbolismo das figuras empregadas pelo Salvador, nesta passagem: por que devem os servidores colocar-se em situação de viagem se estão apenas aguardando o retorno do senhor da casa? Ademais, qual a razão de encontrarem-se dispostos a servir à mesa quando o senhor chegaria satisfeito pelo que comera na festa?
Essas dificuldades são inteiramente superadas pela real explicação das minúcias dos costumes orientais daqueles tempos. Como já vimos anteriormente, eles usavam túnicas bem folgadas, que chegavam até os pés. Ora, para caminhar ou para o serviço, era indispensável recolher as extremidades da vestimenta, retendo-a e tornado mais curta sua extensão mediante um cíngulo bem ajustado à cintura.
Por sua vez, esse cingir de rins fazia parte também da boa compostura e educação, sobretudo para receber ou servir alguém de categoria superior. Dentro da própria casa podia-se estar à vontade na intimidade familiar, deixando de usar o turbante, o calçado e também o cíngulo. Descalço, sem cobertura e, sobretudo, com roupa solta, era a nota comum de intimidade, de despreocupação e até de um certo relaxamento. Ora, é justamente essa a nota inconveniente a ostentar diante do senhor que chega da festa.
Quanto à figura das lâmpadas, torna-se fácil sua compreensão se nos reportarmos à parábola das virgens prudentes e das virgens loucas (cf. Mt 25,1-13). “Quando o dono da casa chega de noite, costumam os criados ir à sua frente com tochas acesas. Assim quer Cristo que façamos também nós. As tochas acesas significam que devemos ter tudo preparado para receber Cristo no dia do Juízo, de modo a não termos nada a pôr em ordem naquela ocasião. Haverá coisa mais simples do que, quando o dono bata à porta, acender a luz necessária? Ora, até isto quer o Senhor que esteja já feito antes de sua chegada. Pois, além de que ele não esperaria até o outro acender a tocha, essa espera seria indecorosa e inadequada à dignidade do dono da casa” (13).
A chegada do Senhor
Em seguida (v. 36) começa, propriamente dita, a primeira parábola. Em seus detalhes percebe-se ultrapassar a realidade. Trata-se de uma alegoria, pois, para receber o senhor, não seria necessário estar desperta toda a criadagem. Tanto mais que é sempre de conhecimento certo a hora de saída para uma festa, mas não a de retorno, a qual, aliás, não costuma ser cedo.
No relacionamento humano normal não se daria jamais um fato como o descrito nos versículos acima. Nenhum senhor exigiria de seus servos — nem sequer naqueles tempos — que esperassem, em vigília, a sua volta de uma festa. Quando muito — e aqui se compreende — o porteiro. Ademais, encontrando-os todos acordados, depois de um cumprimento, determinaria que fossem dormir, mas jamais os colocaria a servir à mesa, sobretudo em horas tão avançadas.
Diante dessa pluralidade de inusitados, discerne-se claramente que essas exceções só podem se verificar no plano sobrenatural da graça de Deus: “Serei Eu mesmo a tua recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1). “O significado verdadeiro e completo é que se, ao chegar, Cristo nos encontrar vigilantes e preparados pelas boas obras, Ele nos fará como senhores no Céu, porque comeremos e beberemos como tais na mesa do seu Reino” (14).

A insistência sobre uma possível segunda ou terceira vinda do senhor visa, evidentemente, reforçar a grande necessidade de estarmos vigilantes.
Continua no próximo post

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