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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

“Se não vos tornardes como meninos..."

Apresentaremos em vários posts os comentários de Mons João a respeito do natal.

FEZ-SE MENINO E HABITOU ENTRE NÓS
A pleno júbilo repicam os sinos à meia-noite. Numa envolvente atmosfera de alegria, paz e harmonia, marcam eles o início da Missa do Galo. No interior do edifício sagrado quase não há sombras, a luz domina o ambiente, em inefável sintonia com o órgão e as melodiosas vozes. Os fiéis sentem-se atraídos a meditar sobre um dos principais mistérios de nossa fé, a Encarnação do Verbo, o nascimento do Menino Jesus.
Deus quis se fazer conhecer pelos homens
Cada festa litúrgica, ao nos propor a consideração de um determinado aspecto do Salvador, desperta em nós reações às vezes intensas: o Tabor nos causa admiração pelo brilho do acontecimento; acompanhando os Passos da Paixão, as lágrimas banham nossas faces; vibramos de gáudio ao considerar a Ressurreição e a Ascensão. E a doçura radiante emitida pela manjedoura de Belém não só nos encanta, como pervade nossas almas e as envolve em doce suavidade.
Ali está a Bondade em essência, sob a roupagem de nossa débil natureza. Nela realizou-se um dos maiores desígnios da Trindade Santíssima em relação aos habitantes deste vale de lágrimas. Deus falou-nos durante séculos, através das criaturas e dos profetas, tornando patente seu empenhado desejo de fazer-Se conhecer pelos homens. E, afinal, acabou por nos enviar seu próprio Filho. “Nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual ele criou o universo”(Hb 1, 2).
A partir de então, Ele se pôs ao alcance de nossa inteligência, pelas obras de Deus humanado. Quem poderia imaginar um meio mais excelente de comunicação entre Criador e criaturas?
Majestade e humildade se osculam
Junto ao Presépio encontraremos a mais bela e eficaz manifestação do grande poder de Deus: uma criança nascida para elevar, pela ação da graça, o gênero humano tão decaído pelo pecado. Por essas razões, ao adorar Aquele tenro e delicado Menino, louvaremos a gloriosa majestade de Deus fazendo-se compatível com a humildade.
Majestade e humildade infinitas, extremos opostos, paradoxo adorável. Esse Divino Menino, com todas as contingências inerentes à infância, tem, entretanto, na plenitude, a visão beatífica. Ele sente o frio do inverno, padece fome e sede, chora, e, sem embargo, é totalmente feliz. Nós O contemplamos na sua imensa fragilidade, de dentro da qual Ele está redimindo o mundo.
As palavras do vocabulário humano são insuficientes para comentar o quanto o Natal é uma das mais belas provas do amor de Deus pelos homens. Contentemo-nos com a afirmação de São João: “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
“Puer natus est nobis!”
“Nasceu-nos um Menino!” Haverá maneira mais singela de referirmo-nos a Deus? Abandona Ele os fulgores da divindade e se apresenta, sobre palhas, na fragilidade de um recém-nascido. Durante séculos e séculos suspiraram os profetas por esse dia, tornado, por fim, realidade: “Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz. Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre” (Is 9, 5-6).

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