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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo 1, 6-8. 19-28

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO III DOMINGO DO ADVENTO (DOMINGO GAUDETE) – ANO B – Jo 1, 6-8. 19-28
6 Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à Fé por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” 20 João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 21 Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “Es o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22 Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” 23 João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor” — conforme disse o profeta Isaías. 24 Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está Aquele que vós não conheceis, 27 que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 28 Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando (Jo I, 6-8. I 9-28).
O SALVADOR: DOS BONS ALEGRIA E DESCONCERTO DOS RUINS
Caixa de texto:
A alegria suscitada pelo iminente nascimento do Redentor é para todos, sem distinção, ou só para aqueles que abrem o coração ao seu amor transformante?

I - ALEGRIA ANTE A IMINENTE VINDA DO SALVADOR
A Igreja, sendo uma instituição divina fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Cabeça deste Corpo Místico, possui a própria sabedoria d’Ele e tudo faz com conta, peso e medida. Assim, ela dispõe dois domingos do ano que, em meio à penitência, trazem a alegria: o 39 Domingo do Advento, chamado Domingo Gaudete, e o 49 Domingo da Quaresma, denominado Domingo Lætare.
O primeiro recebe este nome da palavra inicial da Antífona da entrada, extraída da Epístola de São Paulo, Apóstolo, aos Filipenses: “Gaudete in Domino semper: iterum dico, gaudete. Dominus enim prope est — Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (4, 4-5).
A perspectiva do término diminui o sofrimento
A experiência de todos aqueles que convivem com pessoas atingidas por qualquer sofrimento, físico ou moral, comprova que este se torna muito mais difícil de suportar pelo fato de elas não saberem quando será o seu término. Ao se receber a garantia de que a dor cessará em determinado momento, grande parte do tormento desaparece. Da mesma forma, sabe-se por estudos científicos que a alegria é causa do prolongamento de nossa existência e, pelo contrário, quando nos deixamos abater pela tristeza a vida se encurta.
Algo análogo se verifica na Liturgia deste Domingo Gaudete — a mais significativa de todo o Advento —, cujo principal objetivo é dar a cada um a vigorosa esperança de que, por fim, nosso Redentor está prestes a nascer e ajudar-nos a compreender com maior profundidade o Vinde, Senhor Jesus! repetido ao longo destas quatro semanas. Hoje transpomos o marco da ascensão penitencial e somos cumulados de alegria na perspectiva da vinda do Esperado de todas as Nações, que quase comemoramos antecipadamente. Em vista disso, a Igreja celebra este domingo com júbilo, flores, instrumentos musicais e paramentos róseos, implorando na Oração do Dia: “dai chegarmos às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene Liturgia”.’

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Comentário ao Evangelho – II Domingo do Advento - Mc 1, 1-8

1 Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 Está escrito no Livro do profeta Isaías: ‘Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. 3 Esta é a voz daquele que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’.
4 Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5 Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 6 João andava vestido de pelo de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. 7 E pregava, dizendo: ‘Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo’” (Mc 1, 1-8).
Fazei penitência!
A vestimenta e os hábitos de São João Batista destoavam muito dos costumes daquela sociedade. O contraste dos homens impuros e gananciosos, com aquela figura reta, simples, eloquente, e que bradava: ‘Fazei penitência!’, deixava as consciências profundamente abaladas.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

I – O mal no universo criado
À medida que progride, vai a ciência desvendando maravilhas insuspeitadas na vastidão sideral. Constantemente se descobrem novos corpos celestes, muitos deles de fulgurante beleza, dispostos em espaços astronômicos fora de qualquer padrão humano, locomovendo-se com velocidades assombrosas numa delicada e sublime harmonia, reflexo da perfeição do Criador.
Se essa constatação nos causa explicável admiração, consideremos que Deus, em sua onipotência, poderia ter criado infinitos universos, com infinitas outras criaturas, e esses infinitos seres estariam em sua presença por toda a eternidade. Dentro de cada um desses mundos, bem saberia Ele como a História se desenvolve a cada instante. Pois, como sublinha São Pedro na Segunda Leitura deste domingo do Advento, “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (II Pd 3, 8).
É próprio da Providência Divina ordenar os males para o bem
Ora, como conceber que Deus, sendo onipotente e a Bondade em substância, tenha criado este nosso universo onde o pecado pôde se fazer presente já na revolta de Lúcifer, antes da queda de nossos primeiros pais? Por qual razão lhes permitiu Ele a possibilidade de cair? Não teria sido melhor criar uma humanidade incapaz de se deixar arrastar por delírios como a construção da Torre de Babel?
Perguntas como estas afligiram homens de todas as eras, e tornam-se pungentes, sobretudo, em nossos dias tão marcados pelo hedonismo e pela aversão a qualquer sofrimento. Ante elas, cabe lembrar a doutrina de São Tomás de Aquino, segundo a qual “não é incompatível com a bondade divina permitir que haja males nas coisas governadas por Deus”.1

terça-feira, 14 de novembro de 2017

I DOMINGO DO ADVENTO – ANO B

I DOMINGO DO ADVENTO – ANO B
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33“Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. 34É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. 35Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36 Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. 37O que vos digo, digo a todos: Vigiai!” (Mc 13, 33-37).
As duas vindas de Nosso Senhor
O círculo e o losango são as mais perfeitas figuras geométricas segundo o conceito de São Tomás de Aquino, pois representam o movimento do efeito que retorna à sua causa. Cristo é a mais alta realização dessa simbologia porque, além de ser o princípio de todo o criado, é também o fim último. Daí encontrarmos, tanto no término do ano litúrgico, como em sua abertura, os Evangelhos que transcrevem as revelações de Jesus sobre sua última vinda.
A penitência, na expectativa do Natal
A Igreja não elaborou suas cerimônias através de um planejamento prévio. Organismo sobrenatural como é, nascido do sagrado costado do Redentor e vivificado pelo sopro do Espírito Santo, possui uma vitalidade própria com a qual se desenvolve, cresce e se torna bela, de maneira orgânica. Assim foi-se constituindo o ano litúrgico ao longo dos tempos, em suas mais diversas partes. Em concreto, o Advento surgiu entre os séculos IV e V como uma preparação para o Natal, sintetizando a grande espera dos bons judeus pelo aparecimento do Messias.
À expectativa de um grande acontecimento místico-religioso, corresponde uma atitude penitencial. Por isso os séculos antecedentes ao nascimento do Salvador foram marcados pela dor dos pecados pessoais e do de nossos primeiros pais. Mais marcante ainda se tornou o período anterior à vida pública do Messias: uma voz clamante no deserto convidava todos a pedirem perdão de seus pecados e a se converterem, para que assim fossem endireitados os caminhos do Senhor.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Evangelho da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano B - Jo 18,33b-37

Comentários ao Evangelho da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo - (Jo 18,33b-37)
Naquele tempo, 33b Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” 34 Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”
35 Pilatos falou: “Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”
36 Jesus  respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.
37 Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?”
Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. (Jo 18,33b-37)
Rei da eternidade
Antes de ser flagelado, coroado de espinhos e crucijicado, Nosso Senhor Jesus Cristo declara diante de Pilatos a sua soberania sobre toda a criação: “Eu sou Rei”.
I - A MAIS AUTÊNTICA DAS MONARQUIAS
Ao percorrer as páginas do Antigo Testamento, um dos episódios da história da nação eleita atrai a atenção de modo especial. Qual seu verdadeiro significado?
Em determinado momento, os israelitas sentem-se inferiorizados em relação aos outros povos governados por reis, enquanto eles vivem num regime teocrático, conduzidos por Deus através dos juízes. Então, pedem um monarca a Samuel. Discutem com o profeta, que se toma de indignação, mas são afinal atendidos nos seus anseios. Por fim, é chegada a hora de estabelecer o novo regime e Deus mesmo manda Samuel ungir Saul como rei (cf. I Sm 8, 4-22; 9, 17; 10, 1).
Ora, esta monarquia, assim instituída, nasce de uma infidelidade, e as palavras divinas, explicando ao último juiz de Israel as razões que levam o povo a agir desta maneira, não deixam lugar a dúvidas: “Não é a ti que eles rejeitam, mas a Mim, pois já não querem que Eu reine sobre eles” (I Sm 8, 7). Portanto, a nação eleita não quer mais ser governada diretamente por Deus. Acrescente-se ainda que as vantagens do personagem escolhido parecem ser bastante terrenas e naturais: “Não havia em Israel outro mais belo do que ele; dos ombros para cima sobressaía a todo o povo” (I Sm 9, 2). A julgar pela descrição, bastou apenas uma apresentação fisica de destaque e 30 cm de estatura a mais que o comum dos homens para conferir a Saul o título da supremacia.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Evangelho 33º Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 13, 24-32

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 24“Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, 25as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas.
26Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra.
28Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 29Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas. (Mc 13, 24-32).
30Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça. 31O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. 32Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.
Comentários ao Evangelho - 33º Domingo do Tempo Comum -  Mc 13, 24-32
Os novíssimos do homem
Ninguém sabe quando deverá comparecer diante do Senhor. Falando do fim do mundo, Jesus deseja também nos estimular à vigilância, preparando-nos para o momento em que chegar a nossa hora.
I – Os novíssimos no inicio e fim do ciclo litúrgico
No próximo domingo, celebraremos a Solenidade de Cristo Rei, marco do término de um ciclo litúrgico e da abertura de outro. Foi instituída por Pio XI, em 1925, se bem que tradicionalmente seja tão antiga quanto a própria Liturgia, conforme Schüster: “O Santo Sacrifício e o Ofício Divino são o solene e quotidiano tributo que a Igreja paga a Cristo, a título de Pontífice e de Rei” (1). As próprias Escrituras são ricas em citações sobre as grandezas e extensão do império d’Aquele que “traz escrito em seu manto e em sua coxa o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19, 16).
Nossa atual liturgia, reformada após o Concílio Vaticano II, é muito substanciosa quanto a textos da Revelação, e por isso se tornou ainda mais fácil descobrir e glosar aspectos da realeza de Cristo. Quer esteja Ele nas glórias de um Tabor, ou Menino nas palhas de um Presépio, ou até mesmo na agonia de um Calvário, sempre n’Ele veremos os resplendores de sua natureza divina por trás de sua realeza.
A liturgia deste domingo

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Evangelho XXXII Domingo do Tempo Comum – Ano B - Mc 12, 38-44

Comentário ao Evangelho – XXXII Domingo do Tempo Comum – Ano B
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
“Naquele tempo, 38 Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: ‘Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; 39 gostam das primeiras cadeiras nas Sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. 40 Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação’.
41 Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias. 42 Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. 43 Jesus chamou os discípulos e disse: ‘Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. 44 Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver’” (Mc 12, 38-44).
Dar, dar de si, dar-se por inteiro!
Em face das mentirosas aparências derivadas do orgulho, manifestadas na hipocrisia dos doutores da Lei, Nosso Senhor nos exorta a sermos sinceramente generosos como a pobre viúva, dando tudo de nós mesmos por amor a Ele.
I – A alegria de dar
Ao analisarmos a natureza, encontramos um fenômeno difundido por toda a criação, desde o reino mineral até o mundo dos seres angélicos. O Sol está sempre espalhando sua luz e seu calor sobre a Terra, beneficiando todos os seres que precisam dessa irradiação. As águas, no seu constante movimento, se evaporam e constituem nuvens que, depois de carregadas, despejam sobre o solo elementos indispensáveis para a vida. Constatamos a extraordinária variedade e a superabundância de peixes que povoam os mares e os rios para alimentar o homem, ou a riqueza de frutos que a terra lhe oferece ao longo de todo o ano. Vemos por aí como a natureza, por assim dizer, procura dar de si. Se seus elementos fossem passíveis de felicidade, a árvore frutífera, por exemplo, teria um júbilo enorme pelo fato de produzir frutas e ofertá-las ao homem; o mar se sentiria feliz em entregar-lhe os peixes; e a alegria do Sol consistiria em estar constantemente iluminando e aquecendo a Terra e os que nela habitam. Pois bem, essa generosidade que se verifica no universo inteiro é o princípio sobre o qual se funda a Liturgia de hoje: dar, dar de si, dar-se por inteiro!
CONTRASTE ENTRE EGOÍSMO E GENEROSIDADE

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10, 46-52

Comentários ao Evangelho XXX Domingo do Tempo Comum -  Ano B -  Mc 10, 46-52
Naquele tempo, 46Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho.
47Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 48Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 49Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” 50O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” 52Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.
 O Sacrifício de Cristo Sacerdote
A Liturgia de hoje se apresenta de forma simples, sintética e, entretanto, rica de substância, matizes e significado. A segunda Leitura, por exemplo, nos oferece um elevado mirante para apreciar as maravilhas selecionadas e extraídas da Escritura para o texto deste domingo. Todos os seus versículos se fixam no supremo Sacerdócio de Cristo.
Etimologia da palavra sacerdote
Duas são as origens etimológicas da palavra “sacerdote” (sacerdos, do latim): “sacra dos”, ou seja, quem “dá o sagrado”; ou “sacra dans”, aquele que é ungido com “um dote sagrado”. As duas etimologias são válidas, pois o sacerdote é um embaixador de Deus ante os homens e a estes confere as coisas sagradas, como são a verdadeira doutrina e a caridade; muito mais ainda, diviniza a natureza, comunicando-lhe a graça através dos sacramentos. Ademais, pertence também a ele a função de representar a sociedade em suas relações com Deus. Neste caso, ele oferece a Deus dons (orações, oblações, etc.) e sacrifícios pelos pecados. Nesse ofício de “dar coisas sagradas”, evidentemente se exige de quem o exerce a posse de um poder especial (“sacra dos”). Se esse poder não é comunicado por Deus, não há sacerdócio.

sábado, 10 de outubro de 2015

Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 10, 35-45

Comentários ao Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 10, 35-45
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”.
Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”
Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”
Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”
Eles responderam: “Podemos”.
E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
Reflexão: Há vida sem sofrimento?  
 A TEOLOGIA DO SOFRIMENTO
É frequente encontrar, nas pessoas que começam a abrir os olhos para o estudo da Religião, manifestações de uma indignada reação análoga à de Clóvis, rei dos Francos, ao ouvir o relato da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: ‘Ah! Por que não estava eu lá com os meus francos?”.1 Custa imaginar como pôde o Divino Salvador, a Suma Bondade, ser morto de maneira tão injusta e cruel, sem que ninguém, nem mesmo algum dos numerosos beneficiados por seus milagres, se apresentasse para defendê-Lo.
A resposta para essa dificuldade, vamos encontrá-la na Liturgia deste domingo, a qual trata daquilo que se poderia denominar a “teologia do sofrimento”.
Pelo sofrimento, chega-se à “ciência perfeita”
Na primeira leitura, o profeta Isaías mostra ter Nosso Senhor padecido tudo quanto era possível, para redimir o gênero humano:2 “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53, 10-11).
Nos divinos arcanos, aprouve ao Pai permitir que o Filho, o Servo de Javé, fosse “macerado com sofrimentos”. Expressão categórica que significa moer o trigo ou pisar a uva no lagar. E como passou Ele por essa “maceração”? Sereno, tranquilo, suportando tudo como um cordeiro, sem nenhuma queixa, com inteira paciência e submissão aos desígnios do Pai. Com isso, ensina São Tomás, “mereceu a glória da exaltação pelo abatimento da Paixão”.3
Pela via do sofrimento, explica o profeta, Jesus “alcançará luz e uma ciência perfeita”. Ora, o que poderia Nosso Senhor receber que ainda não tivesse? Ele é Deus, portanto, o Conhecimento e a Verdade em substância! A que ciência perfeita faz referência Isaías?

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10,17-30

Comentários ao Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP 

Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”
18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!”
20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”
22 Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!”
24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”
26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?”27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.
28 Pedro então começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. 29 Respondeu Jesus: 'Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa,  irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida - casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições - e, no mundo futuro, a vida eterna. Mc 10,17-30
O décimo terceiro Apóstolo?
Aquele que chegara correndo e se ajoelhara sôfrego diante de Nosso Senhor, retirou-se triste e abatido de Sua presença. Preferiu conservar os seus bens terrenos, desprezando — fato inédito no Evangelho — o “tesouro no Céu” oferecido pelo próprio Deus.
I – Fomos criados com uma vocação
Desde toda a eternidade, esteve prevista na mente divina a criação, no tempo, de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto homem,1 e de Sua Mãe, Maria Santíssima.2
Mas Deus não concebeu ambos isoladamente. Queria Ele que, à maneira de uma corte, houvesse quem os servisse. Todos nós estávamos incluídos nesse ato de pensamento e fomos amados por Ele como foi revelado a Jeremias: “Eu amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31, 3).
Nosso Senhor é o modelo tomado por Deus para a nossa criação, é Ele a nossa causa exemplar. Havendo de tornar possível, por Seus méritos, a nossa existência enquanto filhos de Deus, pois “todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça” (Jo 1, 16), constitui-Se em nossa causa eficiente. E, por termos sido criados para servi-Lo e adorá-Lo, é também a nossa causa final.
Fomos, em suma, concebidos em, por e para Jesus, pois “nEle foram criadas todas as coisas nos Céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1, 16). Isto configura um chamado feito a nós desde todo o sempre, tal como afirma o Apóstolo: “Deus nos salvou e chamou para a santidade, não em atenção às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus” (II Tm 1, 9). Deus nos convida a fazer parte da Santa Igreja, e nos chama à santidade. Mas, junto com esse apelo genérico, somos chamados a exercer uma função específica dentro do Corpo Místico de Cristo. É uma missão que cada um tem particularmente e não será dada a mais ninguém.
O Novo Testamento nos apresenta inúmeros exemplos no chamado feito pelo próprio Jesus aos escolhidos para serem Seus Apóstolos: vê Mateus na coletoria de impostos e lhe diz: “Segue-Me” (Mt 9, 9); no caminho de Damasco, São Paulo é lançado por terra e, ao ouvir a voz que o interpelava, responde: “Senhor, que quereis que eu faça?” (At 9, 6); cheio de pasmo após a pesca milagrosa, Pedro se prosterna diante do Mestre, exclamando: “Retira-Te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”, e escuta a divina promessa: “Doravante, serás pescador de homens” (cf. Lc 5, 8-10).
Tal como Mateus, Paulo ou Pedro, que tudo abandonaram imediatamente para seguir o Mestre, precisamos responder com prontidão, generosidade e alegria ao chamado que Jesus faz a cada um de nós.
Este é o ensinamento contido no Evangelho do 28º Domingo do Tempo Comum, como veremos a seguir.
II – O episódio do jovem rico

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

EVANGELHO XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM – Mc 10,2-16 – ANO B

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM –ANO B –  Mc 10,2-16
Naquele tempo, 2alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. 3Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” 4Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 5Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. 6No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. 7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. 8Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!”
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto. 11Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. 12E se a mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro, cometerá adultério”.
13Depois disso, traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. 15Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos. (Mc 10,2-16)
 A inocência, a eterna Lei...
Depois de restituir ao matrimônio a sua original pureza, o Divino estre ensina que a inocência deve reger o ser humano em qualquer estado de vida.
I – A Origem da instituição Matrimonial
A Liturgia do 27 Domingo do Tempo Comum nos apresenta, em palavras da Revelação, uma perfeita síntese da moral católica a respeito do matrimônio. A primeira leitura (Gn 2, 18-24), extraída do Gênesis, explica claramente por que Deus criou o homem e a mulher. Valendo-se de um recurso literário de extraordinário valor, o Autor Sagrado descreve os fatos de maneira poética e atraente, como se Deus fosse aos poucos dando-Se conta das reações de Adão e agindo em consequência.
Deus criou Adão com instinto de sociabilidade
Ao criar o primogênito do gênero humano, Deus pôs em sua alma o instinto de sociabilidade, que se manifesta pela necessidade de uma companhia e por um desejo inextinguível de amar e de ser amado. Depois de o introduzir no Jardim do Eden, disse Ele: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2, 18a), e fez desfilar diante de Adão todos os animais — que no Paraíso lhe obedeciam’ —, a fim de que lhes desse um nome. Deus assim o fez para que o primeiro homem, extremamente equilibrado, percebesse que, embora possuidores de rica simbologia, nenhum deles era capaz de preencher sua aspiração de amar, nem estava à sua altura, enquanto criatura racional. Terminado, pois, o cortejo da fauna criada por Deus, Adão desencantou-se, porque “não encontrou uma auxiliar semelhante a ele”(Gn 2, 20), e se sentiu só.
Uma vez que chegou a esta conclusão, “Deus fez cair um sono profundo sobre Adão” (Gn 2, 21) — já que era conveniente causar-lhe surpresa — e retirou-lhe uma das costelas, da qual formou Eva. Bem poderia ter modelado outro boneco de barro, mas preferiu tirá-la dele, visando deixar patente que um era feito para o outro. Deste modo, promovia entre ambos uma união completa.2

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Evangelho XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano B

Comentários ao Evangelho – XXVI Domingo do Tempo Comum – Ano B
Naquele tempo, 38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor. 41Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.
42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”. Mc 9,38-43.45.47-48
Ai de quem escandalizar!
O Divino Mestre nos mostra como não se pode fazer a mínima concessão ao mal, pois para conquistar o Céu é preciso ser íntegro na prática do bem.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – O homem, imagem do Supremo rei e celeste pintor
O magnífico Museu do Prado, em Madri, recebe diariamente milhares de visitantes que percorrem suas extensas galerias, desejosos de admirar o incomparável acervo de obras-primas dos maiores artistas da História.
Há muitos anos, um homem que lá entrara despercebido em meio à multidão foi retirado pouco depois, algemado, por policiais. Seja por desequilíbrio mental, seja por maldade, em certo momento de descuido dos funcionários do museu, ele jogou um líquido negro sobre o famoso retrato equestre do Imperador Carlos V, pintado por Ticiano. O crime chocou a opinião pública. Por um gesto estúpido, ficara seriamente danificado o célebre quadro.
Ora, se grave é estragar uma obra artística desse quilate, quem leva outros a pecar faz muito pior: estraga não uma valiosa pintura, mas uma alma, espiritual e imortal, da qual é expulsa a luz da graça. E a imagem assim conspurcada não representa um monarca desta Terra, mas o Supremo Rei e Celeste Pintor, autor de todos os predicados destruídos pelo pecado.
Sobre as sérias consequências de cada ato humano nos advertirá o Divino Redentor neste Evangelho do 26º Domingo do Tempo Comum.
II – A preocupação pelos bens sobrenaturais
O trecho do Evangelho considerado nesta Liturgia é antecedido por uma admoestação de Nosso Senhor aos Apóstolos, sobre o orgulho. Sabendo o Mestre, por seu conhecimento divino, que em caminho para Cafarnaum estiveram discutindo sobre qual deles era o maior, ensinou-lhes a, pelo contrário, cada um se considerar inferior aos outros: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos” (Mc 9, 35). Para isso, é indispensável ter sempre presente o quadro das próprias misérias e evitar as comparações com os demais.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Evangelho XXV Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 9,30-37

Comentários ao Evangelho XXV Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 9,30-37
Naquele tempo, 30 Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31 pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33 Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?”34 Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35 Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”
36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 37 “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”. (Mc 9,30-37)
Uma sociedade marcada pela inocência
A sociedade humana no Paraíso
Uma sociedade que se desenvolvesse no Paraíso Terrestre, composta por uma humanidade em estado de justiça original, seria regida pela graça divina e favorecida por dons preternaturais e sobrenaturais concedidos por Deus. Nela reinariam a plena harmonia e o total entendimento entre os homens, sem inveja nem rivalidades. Cada qual admiraria a virtude dos outros, alegrando-se com eles e desejando-lhes a maior santidade possível.
Aconteceu, contudo, que o homem pecou e foi expulso do Paraíso. Despojada dos dons de que gozavam nossos primeiros pais, a humanidade ficou sujeita à doença, à morte, ao desequilíbrio psíquico e a tantas outras mazelas.
Mais grave ainda, a alma perdeu o dom da integridade, pelo qual dominava a concupiscência e mantinha as paixões em perfeita ordem.1 Sem este dom, elas entraram em ebulição, tornando necessária ao ser humano uma contínua luta interior para poder governá-las. A inocência entrou em estado de beligerância para se preservar do pecado.
A causa mais profunda das dissensões
Consequências dessa desordem são a inveja e as rivalidades, principal causa, por sua vez, das rixas e dissensões. Pois, como afirma o Apóstolo São Tiago na segunda leitura deste 25º Domingo do Tempo Comum, “onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más” (Tg 3, 16).

sábado, 12 de setembro de 2015

Evangelho XXIV Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 8,27-35

Comentário ao Evangelho XXIV Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 8,27-35
Naquele tempo, 27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29 Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”.
30 Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a respeito. 31 Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32 Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33 Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
34 Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”. (Mc 8,27-35)
Salvar ou perder a vida?
Preparando os Apóstolos para o que havia de vir, Jesus lhes revela ao mesmo tempo sua divindade e sua próxima Paixão. As reações de Pedro lhe valem o louvor e a repreensão da parte do Senhor, e o episódio termina com Jesus nos convidando a segui-Lo: “Tome a sua cruz”.
I – A via eleita por Deus para a redenção
O orgulho de nossa natureza decaída leva o homem, não poucas vezes, a imaginar-se Deus ou a Ele procurar igualar-se.
Talvez por essa razão, mas, sobretudo, pelas limitações de nosso estado de contingência, se tivéssemos de imaginar um Salvador, este teria de ser glorioso, transcorrendo sua missão de vitória em vitória, e coroada por um esplendoroso triunfo final. Assim O conceberam os filhos de Zebedeu e sua mãe: “Ele disse-lhe: ‘Que queres?’ Ela respondeu: ‘Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda’” (Mt 20, 21). “Eles responderam: ‘Concede-nos que, na tua glória, um de nós se sente à tua direita e outro à tua esquerda’” (Mc 10, 36-37).
Essa mentalidade acompanhou o povo eleito, inclusive os Apóstolos, até a descida do Espírito Santo, conforme nos declara São Lucas nos Atos dos Apóstolos: “Então, os que se tinham congregado interrogavam-No: ‘Senhor, porventura, chegou o tempo em que vais restaurar o reino de Israel?’” (At 1, 6). Jesus já havia declarado que retornaria ao Pai, que seu Reino não era deste mundo, etc. Entretanto, nada disso bastara; os anseios de domínio não os abandonavam um só instante. Eram essas as ideias fixas que tornaram obscura a fé do povo eleito, dificultando-lhe aderir aos dogmas da Encarnação, Paixão e Morte do Cordeiro de Deus.
De fato, o grande mistério de um Homem-Deus padecente e moribundo, pregado numa cruz entre dois ladrões, abandonado por seu povo, desprezado por todos e, mais especialmente, pelas altas autoridades, só é admissível com uma vigorosa fé. Todavia, essa foi a via eleita por Deus para a Redenção.
A glória não esteve ausente na Paixão do Senhor. Muito pelo contrário, é impossível imaginá-la maior ou, até mesmo, acrescível de alguma fímbria, por minúscula que seja. Porém, ela não pode ser vista através de um prisma meramente temporal. Essa glória só é compreensível através dos mirantes da eternidade. Aliás, se bem que nasçamos nos calendários deste mundo, nosso destino post mortem não tem limites no tempo, e é em função dele que devemos pautar nossa existência.
Esse é o fundo de quadro no qual se desenrola a Liturgia do 24º Domingo do Tempo Comum.
A síntese do presente Evangelho se concentra em dois extremos harmônicos. De um lado, recebem os Apóstolos a revelação da divindade de Jesus e, de outro, da Paixão do Senhor. Como anexos a esse quadro de enorme paradoxo, há a reação de Pedro e, por fim, a declaração de Jesus sobre a condição para segui-Lo: “Tome a sua cruz”.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Evangelho XXIII Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 7,31-37

Evangelho XXIII Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 7,31-37
Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole.
32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”
35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”. ( Mc 7,31-37)
Uma surdez pior que a surdez
O milagre da cura do surdo-mudo nos alerta contra a perigosa perspectiva de uma surdez muito pior que a física: o fechamento de nossas almas à voz de Deus.
I — A PERSPECTIVA CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO
As maravilhas aprendidas por uma criança nas aulas de catecismo de hoje não foram nem sequer sonhadas no Antigo Testamento pelos maiores patriarcas, reis ou profetas. De fato, sem a revelação feita por Nosso Senhor Jesus Cristo, eles jamais poderiam conceber, por exemplo, a existência da Santíssima Trindade — mistério inatingível pela inteligência humana e só cognoscível a partir do testemunho do próprio Deus. O mesmo se diga do caudal de graças em profusão trazido por Nosso Senhor, desde o momento de sua Encarnação, e que se espalharia por todo o gênero humano, a ponto de se tornar possível levar uma vida semelhante à do Paraíso Terrestre, embora, é claro, sem os benefícios físicos nem outros tantos dons perdidos pelo pecado de nossos primeiros pais.
Não é descabido, portanto, afirmar terem sido estes grandes homens cegos para aquilo que uma criança de nossos dias vê, surdos para oque ela entende, e até paralíticos, porque não conseguiam realizar as obras de que somos capazes depois da Redenção operada pelo Divino Cordeiro. Cegos, surdos e paralíticos de Deus...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Evangelho XXII Domingo do Tempo Comum – Ano B - Mc 7, 1-8.14-15.21-23

Comentário ao Evangelho XXII Domingo do Tempo Comum – Ano B
Naquele tempo, 1 os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2 Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. 3 Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4 Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. 5 Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo Me honra com os lábios, mas seu coração está longe de Mim. 7 De nada adianta o culto que Me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8 Vós abandonais o Mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. 14 Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de Si e disse: “Escutai todos e compreendei: 15 o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 21 Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22 adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem” (Mc 7, 1-8.14-15.21-23).
 Onde está o meu coração?
Face à hipocrisia farisaica, o Divino Mestre demonstra que o homem não se define pelas exterioridades, mas sim pelas intenções do coração.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – Qual o comportamento à altura da vida divina?
Todos nós nascemos em pecado, como inimigos de Deus e objeto de sua ira (cf. Ef 2, 3), mas, chamados a obter a posse da visão beatífica, fomos — ao lado dos Anjos — elevados à vida divina. Vida tão superior à simplesmente natural, que a graça — pela qual dela participamos — pertence ao sexto plano da criação, muito acima dos minerais, dos vegetais, dos animais, dos homens e até mesmo dos Anjos. É o próprio Deus quem toma a iniciativa de introduzi-la em nós pelo milagre extraordinário do Batismo que nos faz filhos d’Ele. Quando o sacerdote derrama água sobre a nossa cabeça e diz “Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, deixamos de ser meros animais racionais para nos tornarmos entes divinos, com as virtudes da fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza, temperança, e todos os dons do Espírito Santo infundidos na alma.
Na Liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum encontramos estímulos, convites e esclarecimentos a respeito desta vida, para podermos merecer chegar à sua plenitude, ao passar do tempo à eternidade.
A vida sobrenatural: dom do “Pai das luzes”
Na segunda leitura (Tg 1, 17-18.21b-22.27) insiste São Tiago: “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes” (1, 17a). Não há dádiva mais perfeita do que esta vida sobrenatural! Três são as criaturas que têm “até certo ponto infinita dignidade”,1 pois Deus não podia fazê-las mais excelentes: Jesus Cristo Homem, Maria Santíssima e a visão beatífica; e esta última já a possuímos em germe, neste mundo, através da graça.
O “Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1, 17b) porque é o Ser Absoluto, “de livre vontade nos gerou pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas” (Tg 1, 18). Sim, Ele nos gerou para a vida divina através do seu Verbo, que Se encarnou para que todos tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Por isso nos cabe receber com humildade a Palavra de Deus, que é capaz de salvar nossas almas (cf. Tg 1, 21b).

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Evangelho 21º domingo do Tempo Comum – Ano B - Jo 6,60-69

Comentário ao Evangelho 21º domingo do Tempo Comum – Jo 6,60-69 – Ano B
Naquele tempo, 60 muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61 Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62 E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63 O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64 Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.
65 E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66 A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67 Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68 Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69 Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
 “A quem iremos, Senhor...?”
Em um episódio decisivo no anúncio do Reino de Deus, os discípulos se dividiram entre aqueles que se escandalizaram com as palavras de Jesus e aqueles que, mesmo sem entendê-las, aceitaram-nas por um ato de fé.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias
I – Jesus é o pão da vida
A contradição dos judeus
“Como poderá este dar-nos a sua carne para comermos?” (Jo 6, 52) — perguntavam entre si os judeus que ouviram Jesus fazendo referência ao Sacramento da Eucaristia. E Ele lhes respondeu: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6, 53).
Com uma fé insuficiente, como poderiam alcançar o verdadeiro significado das revelações feitas pelo Messias?