-->

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Evangelho VI Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45

Conclusão dos comentários ao Evangelho — 6º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45
Jesus completa a obra mandando aos sacerdotes a prova
“E o ameaçou, e logo o mandou retirar-se; e disse-lhe: ‘Guarda-te de o dizer a alguém, mas, vai, mostra-te ao príncipe dos sacerdotes, e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de testemunho’”.
A caridade também possui um como que santo pudor, semelhante ao da virtude da castidade, e por isso procura cobrir-se de véus aos olhares alheios. A este propósito, comenta São João Crisóstomo: “Deste modo, [Jesus] nos ensina a não procurar, como retribuição por nossas obras, honras humanas. [...] O Salvador o envia ao sacerdote para prova da cura, e para que ele não tivesse de ficar fora do Templo, mas pudesse rezar nele com os demais. Enviou-o também para cumprir o preceito da Lei, e para aplacar a maledicência dos judeus. Assim, pois, completou a obra mandando-lhes a prova de sua realização”.8
Estes versículos nos mostram o grande empenho de Jesus em que a Lei fosse observada. O miraculado queria seguir a Nosso Senhor e não mais abandoná-Lo, mas Ele lhe fala em tom severo e ameaçador, obrigando-o a apresentar-se ao sacerdote antes de tudo. Quando obtida uma cura tão brilhante e de uma doença que conduziria à morte, compreensível era que o beneficiado não quisesse se afastar, ainda que fosse para cumprir umas tantas prescrições legais, mas Jesus não desejava escandalizar ninguém, e por isso evitava causar a impressão de que suas ações eram contrárias às determinações de Moisés.
Ora, a Lei dispunha que neste caso o miraculado deveria oferecer três sacrifícios: um de culpabilidade, outro de expiação e um terceiro de holocausto (cf. Lv 14, 10-13). Os ricos ofertavam cordeiros, e os pobres, aves. Essas providências deveriam ser cumpridas com urgência; além do mais, no caso concreto, era apostólico para com os que serviam no Templo, o fato de tomarem logo conhecimento do milagre. Assim, uma vez constatado este, confeririam oficialidade ao mesmo, reintroduzindo o ex-leproso na sociedade, e de nada poderiam acusar o verdadeiro Messias, caso fossem acometidos pela costumeira inveja. Daí entender-se melhor a severidade com que o Divino Mestre Se dirige ao miraculado: “E o ameaçou e logo o mandou retirar-se...”.
Ainda quanto à necessidade exigida por Lei de apresentar-se ao sacerdote, podemos ver nela uma certa aproximação com a obrigatoriedade de buscar a Confissão, quando alguém é atingido pela lepra do pecado. Deve-se, entretanto, sublinhar a enorme superioridade do sacramento da Reconciliação sobre o antigo rito, pois restabelece a amizade da alma com Deus e consigo mesma, obriga à restituição dos bens quando mal obtidos, força o homem a conhecer-se melhor, etc. Quanto aos dois sacerdócios, há também vultosas diferenças. Na Antiga Lei, o sacerdote apenas constatava e registrava a cura corporal. No Novo Testamento, o Padre não só constata a cura, mas oferece sua laringe a Jesus para que Ele realmente a opere.
O Divino Mestre ficava nos lugares desertos
“Ele, porém, retirando-se, começou a contar e a publicar o sucedido, de sorte que (Jesus) já não podia entrar descobertamente numa cidade, mas ficava fora nos lugares desertos; e de todas as partes iam ter com Ele”.
Por mais que o comovido miraculado pudesse ter comprovado a severidade do Divino Mestre, esta não conseguiu frear a exuberância de sua alegria. Saiu ele por todos os cantos a proclamar a maravilha de que tinha sido objeto da parte do Salvador.
Por isso, não mais foi possível a Jesus mostrar-Se nas cidades. Viu-Se Ele na contingência de recolher-Se aos campos desertos, longe das gentes que O aclamavam logo ao encontrá-Lo. Teve, dessa forma, de abandonar por certo tempo Seu intenso apostolado, porém, dedicando-Se à pura contemplação tão amada por Ele. Essa contemplação, como sabemos, é causa dos bons frutos da ação, tal como comenta São Beda: “Depois de fazer o milagre na cidade, o Senhor se retira ao deserto, para manifestar que prefere a vida tranquila e separada das preocupações do século, e que por essa preferência Se consagra ao cuidado de sanar os corpos”.9
III – Considerações finais
Somos concebidos e nascemos sob os estigmas do pecado original; pelo pecado nos transformamos em inimigos de Deus.10 E se a lepra física enfeia o corpo, a da alma — o pecado —, a torna horrorosa aos olhos de Deus, dos Anjos e dos Bem-Aventurados. Essa “lepra” da alma traz consequências até mesmo para o corpo, pois, como diz Nosso Senhor, “o pecador se torna escravo do pecado” (Jo 8, 34), prejudicando, assim, até sua saúde física.
Efeitos da lepra do corpo e da “lepra” da alma
Se de um lado o leproso se torna um pária da sociedade, condenado ao isolamento e ao abandono, por outro lado, o pecado não só faz perder a inabitação da Santíssima Trindade na alma do pecador, como o exclui da sociedade dos eleitos e dos santos.
Além disso, a “lepra” da alma é mais contagiosa do que a física. A propagação da primeira se faz até à distância, por palavras, conversas, pensamentos, escândalos, maus exemplos, influência, maledicência, etc., e muitas vezes de maneira tal que não se consegue reparar os males oriundos de sua difusão.
Também não devemos olvidar que o fato de se comunicarem entre si os que sofrem dessa enfermidade física, e nem sequer com os que por ela não foram atingidos, não faz crescer sua desgraça. O mesmo não se dá com a “lepra” do pecado: ao sermos causa de contágio, aumentamos nossa culpa.
Por mais que a lepra conduza a miseráveis condições que, sem tratamento, só terminam com a morte, o pecado é muito pior, pois arranca da alma a paz de consciência, torna amarga a vida e prepara a morte eterna.
Consideremos ainda a grande superioridade da alma sobre o corpo. Aquela é criada à imagem da Santíssima Trindade e, enquanto obra-prima das mãos de Deus, leva ademais, sobre si, o infinito preço do preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso mesmo, os males da alma sempre são mais graves que os do corpo. E, sendo físicos os estigmas do mal de Hansen, são fáceis de serem reconhecidos pela vítima. Em sentido contrário, o pecador, quanto mais avança nas tortuosas vias do pecado, menos se dá conta do abismo no qual rola. Nesta perspectiva, como poderá ele obter a cura?
Terrível é ainda considerar que os sofrimentos do leproso abandonado à própria sorte terminam com seu falecimento e, se os aceitou com resignação e amor a Deus, abrirá seus olhos para a eternidade feliz. Os do pecador não só se perpetuam na eternidade, como se tornam incomparavelmente mais atrozes após a morte.
Não deixemos passar um dia sem receber a Jesus Eucarístico
E como curar a “lepra” do pecado?
Muitas são as vias que conduzem à cura total, isto é, à santidade plena. Há uma, entretanto, que se sobressai entre todas, e esta nos é indicada pelo Evangelho de hoje, quando afirma que o leproso “foi ter com Ele...”, ou seja, foi buscar Jesus.
Não se trata de esperar que Jesus vá ao pecador; é preciso que este vá em busca de Jesus. E, quanto mais avançado for o estado de sua “lepra”, mais confiança deverá ter de ser bem recebido por Ele. Jamais deve permitir qualquer fímbria de desânimo ou, pior ainda, de desconfiança.
E onde encontrá-Lo?
Jesus não está entre nós de passagem, como aconteceu na vida do leproso do Evangelho, mas de forma permanente: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20). Sim! Cristo se encontra constantemente na Eucaristia em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. E será na Comunhão frequente — melhor ainda na diária — que Ele irá assumindo interiormente os que em sua graça O recebem, para dessa forma torná-los cada vez mais semelhantes à Sua santidade.
Aquelas divinas e sagradas mãos, cujas carícias encantavam os pequeninos, e ao aproximarem-se dos enfermos, curavam a todos; aquelas mesmas mãos onipotentes que acalmavam os ventos e os mares, restituíam a vida aos cadáveres e perdoavam os pecados, estarão no interior do ser de quem receber Jesus na Comunhão Eucarística, para santificá-lo.
É de altíssima conveniência aceitar o convite que a Igreja faz a todos os batizados no sentido de que não deixem passar um só dia sem receber a Jesus Eucarístico; mas a ação d'Ele será ainda mais eficaz nas almas que o fizerem por meio d'Aquela que O trouxe à Encarnação: Sua e nossa Mãe, Maria Santíssima.
1 Cf. Suma Teológica I, q. 25, a. 2 e 3.
2 Cf. Suma Teológica III, q. 13, a. 1, ad 1.
3 Cf. Suma Teológica III, q. 13, a. 1c e 2c.
4 Suma Teológica III, q. 43, a. 1 resp.
5 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.
6 ORIGENES, Commentarium in evangelium Matthaei, 2, 2-3.
7 CHRYSOSTOMI, Joannis. Homiliæ in Matthæum, 25, 2 (PG 57, 329).
8 Apud AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea.

9 Cf. DENZINGER HÜNERMANN, 1528.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Evangelho VI Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45

Continuação dos comentários ao Evangelho — 6º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45
Cura do leproso
“E foi ter com Ele um leproso, fazendo-Lhe suas súplicas, e, pondo-se de joelhos, disse-Lhe: ‘Se queres, podes limpar-me’”.
A lepra sempre foi uma enfermidade dramática, com inenarráveis sofrimentos físicos e graves consequências sociais. Naqueles tempos era, ademais, na maior parte das vezes incurável.
A mais temida das doenças
Pequenas manchas brancas, insensíveis, em qualquer parte da epiderme — as quais, com o tempo, degeneram em úlceras e se espalham por todo o corpo — podem ser indício desse mal. No seu auge, pés e mãos se tornam edemaciados, as carnes se rasgam, as unhas caem e, em seguida, também os dedos e artelhos. A face se torna monstruosa e a voz enrouquece. Das narinas — já à mostra pela degenerescência de seu exterior, pois o nariz acaba por se descarnar — escorre um líquido purulento que se soma a uma terrível fetidez do hálito. Esses efeitos acabam por produzir na vítima, além das dores físicas, um abatimento de ânimo tão grande que facilmente o leva ao desespero, e, por fim, à morte. Se, pelo contrário, obtém a cura, uma assombrosa alvura lhe reveste o corpo de alto a baixo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Evangelho VI Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45

Comentário ao Evangelho — 6º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 1, 40-45
Naquele tempo, 40 um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41 Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42 No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. 43 Então Jesus o mandou logo embora, 44 falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” 45 Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-Lo.
Qual a pior das lepras?
A “lepra” da alma é mais contagiosa e terrível do que o mal de Hansen. Ela arranca a paz da consciência, torna amarga a vida e prepara a morte eterna. Se fosse tão visível quanto a lepra física, quão mais repulsiva seria aos nossos olhos!
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – Onipotência do verbo
Jesus Cristo fez notar Sua humanidade nascendo numa gruta em Belém, em sua fome, sede ou cansaço, e até mesmo quando dormiu na barca. Por outro lado, manifestou Sua divindade através dos incontáveis milagres realizados, por exemplo, quando acalmou os ventos e os mares pelo império de Sua voz, ou quando ressuscitou Lázaro. Enquanto Ser infinito, Ele é todo-poderoso,1 e por isso, excluído o que seja contraditório, todos os possíveis são objeto do Seu poder. “Onipotente” é o nome próprio de Deus (cf. Gn 17, 1), pois Sua Palavra é suficiente, em si, para produzir todas as criaturas (cf. Gn 1, 3-30).
Os milagres de Jesus são prova de Sua divindade
Ora, segundo nos ensina São Tomás, pelo fato de Sua natureza humana estar unida à divina, Jesus recebeu enquanto Homem a mesma onipotência que o Filho de Deus tem desde toda eternidade, pois ambas as naturezas possuem hipostaticamente uma só e única Pessoa.2 A própria alma adorável de Cristo, enquanto instrumento do Verbo — e não por si só — tem todo poder.3 Essa é a razão pela qual Cristo Jesus dominava qualquer enfermidade (cf. Mt 8, 8), perdoava os pecados (cf. Mt 9, 6; Mc 2, 9-11), expulsava os demônios (cf. Mc 3, 15), etc. Daí ter podido Ele afirmar: “Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt 28, 18); e mais tarde, São Paulo insistir nesse ponto fundamental de nossa fé: “Para nós, é força de Deus” (I Cor 1, 18); “Cristo é força de Deus e sabedoria de Deus” (I Cor 1, 24); e mais adiante: “também nos ressuscitará a nós com o Seu poder” (I Cor 6, 14).
A fé nessa onipotência de Deus permite-nos admitir mais facilmente as outras verdades e, de maneira especial, as ações que ultrapassam a ordem natural. A um Deus todopoderoso, são proporcionadas as obras excelentes e admiráveis: “Porque a Deus nada é impossível” (Lc 1, 37).
Diz-nos São Tomás de Aquino: “Pelo poder divino é concedido ao homem fazer milagres por duas razões: primeiro, e principalmente, para confirmar a verdade que alguém ensina. As coisas que pertencem à fé são superiores à razão humana e por isso não se podem provar com razões humanas; é preciso que se provem com demonstrações de poder divino. Deste modo, quando a pessoa realiza obras que só Deus pode realizar, pode-se crer que o que diz vem de Deus; como quando alguém apresenta um documento com o sigilo do rei, pode-se crer que o que no documento está contido provém da vontade do rei. Em segundo lugar, para mostrar a presença de Deus no homem pela graça do Espírito Santo. Quando a pessoa faz as obras de Deus, pode-se crer que Deus nela habita pela graça. Diz-se na Carta aos Gálatas: ‘Aquele que vos dá o Espírito e realiza milagres entre vós’ (Gl 3, 5).
Ora, em Cristo, uma e outra coisa era preciso demonstrar, a saber, que Deus nEle estava pela graça, não de adoção, mas de união; e que seu ensinamento sobrenatural provinha de Deus. Por isso, era de todo conveniente que Cristo fizesse milagres.
Ele próprio afirmou: ‘Se não quereis crer em Mim, crede em minhas obras’ (Jo 10, 38). E também: ‘As obras que meu Pai Me concedeu realizar, são elas que dão testemunho de Mim’ (Jo 5, 36)”.4 Esses são os motivos que levaram os Apóstolos a crer em Jesus depois do milagre por Ele operado nas Bodas de Caná da Galiléia (cf. Jo 2, 11); e muitos outros foram levados a crer, após a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11, 1-44).
Jesus mesmo chega a citar Suas obras como prova de Sua divindade: “Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres” (Mt 11, 4-5). “As obras que faço em nome de meu Pai, estas dão testemunho de Mim. Se Eu não faço as obras de meu Pai, não Me creiais; mas se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim, e Eu no Pai” (Jo 10, 25.37-38).
A Igreja: um milagre permanentemente renovado
Sim, Jesus Cristo é o Filho de Deus vivo, tal qual afirmou Pedro em Cesareia de Filipe (cf. Mt 16, 16), e portanto, onipotente tanto quanto o Pai. Mas, entre a multidão de Seus milagres, qual teria sido o mais extraordinário? Difícil dizê-lo com plena segurança. Entretanto, uma hipótese não deixa de ter considerável substância e grande aparência de ser a mais provável.
A Santa Igreja passou por inúmeros dramas ao longo de seus vinte séculos de existência; dramas esses capazes de fazer desaparecer qualquer estado ou governo. Já em seus primórdios, teve ela de enfrentar o “fixismo” religioso do povo judeu.
A Redenção se operou no âmbito dessa nação: as primeiras ações, organizações, proselitismo foram efetuados por judeus — o próprio Fundador, os Apóstolos, etc. — e exclusivamente sobre os israelitas. Contudo, em se tratando de uma mentalidade blindada em suas próprias concepções, era de se temer que a Igreja viesse a ser sufocada no seu nascedouro. Quem poderia prever as decisões do primeiro concílio, o de Jerusalém, que recusa o judaísmo e se abre aos gentios? Se o Espírito Santo não tivesse inspirado os Apóstolos nesse sentido, quantos anos de vida teriam sido concedidos à Igreja?
Pari passu, surgiu a heresia da Gnose que comprazia às más inclinações daqueles tempos. Diziam seus adeptos terem recebido a missão de explicar e resolver o problema da existência do mal no mundo. Foi um grande perigo para a Igreja naquela quadra histórica.
Seria um não mais acabar, se procurássemos enumerar todos os ataques sofridos pela Igreja ao longo de seus dois milênios. Basta-nos recordar as perseguições romanas, a invasão dos bárbaros, o arianismo, os cátaros e albigenses, Avignon, o Renascimento, protestantismo e humanismo, a Revolução Francesa, o comunismo. Ou seja, a Santa Igreja vem recebendo os mais violentos ataques que a História tenha conhecido, quer externa quer internamente.
Porém, nunca se pôde dizer ter chegado o fim. Isto só se dará quando se cumprir a profecia de Jesus: “Será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim” (Mt 24, 14). Foi em função dessa profecia que Ele mandou os Doze irem ao mundo inteiro, para pregar e batizar, até mesmo em meio às perseguições, mas sempre convencidos de que “as portas do inferno não prevalecerão contra Ela” (Mt 16, 18).
Afirmou ainda, categoricamente, o Redentor: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. [...] Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 18.20). Vemos, nestes dois versículos, o quanto a Igreja existiu, existe e existirá sempre por um milagre permanentemente renovado pelas divinas e adoráveis mãos de seu Fundador.

É na consideração da onipotência divina, tão claramente comprovada pelos milagres do Homem Deus, Jesus Cristo, de maneira especial o da imortalidade da Santa Igreja, que se deve compreender a cura do leproso narrada no Evangelho deste 6º Domingo do Tempo Comum.
Continua no próximo post