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domingo, 1 de janeiro de 2012

Evangelho do Natal - final

Deus se torna acessível e imitável
Ensina-nos a Filosofia nada existir em nossa inteligência que não tenha antes passado pelos sentidos. Daí uma grande dificuldade em conhecermos a Deus. As próprias parábolas do Divino Mestre procuram involucrar as doutrinas em figuras e imagens, para tornar acessível ao espírito humano a assimilação de um universo de princípios éticos, morais e religiosos. O homem necessita do conhecimento concreto para compreender o espiritual. A Epístola de hoje nos revela o grande milagre realizado pela Providência, naquela Noite Feliz:
Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos aos nossos pais pelos profetas, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio de seu Filho” (Heb 1, 1-2).
Percorramos todos os conselhos e considerações descritos no livro da Sabedoria, ou no Eclesiástico, e veremos nada se comparar com a contemplação do Menino-Deus reclinado no Presépio. Deduzir as aplicações decorrentes da Lei Moral escrita numa pedra, não é fácil para o espírito humano e, menos ainda, conceber a imagem de Deus. Entretanto, ao fazer-se homem, Deus se tornou acessível e imitável.
Na mais feliz noite da História, os atributos de Deus se tornaram menos impenetráveis para nós. Jesus, além de externar a grandeza de sua onipotência, elevando o homem à divinização pela graça, pôde dizer- se impecável: “Quem de vós poderá argüir-me de pecado?” (Jo 8, 46). Só n’Ele foi possível contemplar a grandeza absoluta na inteira harmonia com a plenitude da despretensão e humildade.
Essas dádivas todas começaram seu curso na Gruta de Belém, trazidas pelo Menino-Deus, coberto não só pelo estrelado manto da noite, mas também por um véu de mistério. Ele padece frio, chora e, entretanto, é supremamente feliz. Frágil e quase um indigente, porém, está redimindo o mundo inteiro. Não está ainda na plenitude do uso de seus sentidos, mas regala-se no gozo da visão beatífica. Tudo isso “porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele crer não pereça mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
ADOREMOS AQUELE QUE NOS AMOU E REDIMIU
Nessa bem-aventurada noite, ao nos depararmos com um Menino e Deus ao mesmo tempo, ternura e veneração se unem em nossas almas num ato de adoração Àquele que nos criou e nos redimiu. A consideração da grandeza dadivosa desse amor divino que assume as insuficiências de nossa natureza, predispondo-se a tudo sofrer, sacrificando-se até a morte de cruz pelo desejo de nos fazer bem, arranca de nós — apesar de nossa maldade — os maiores atos de gratidão e de reciprocidade. Aquela criança indefesa crescerá e, quando adulta, manifestará sua benquerença por todos, percorrendo praças e ruas das inúmeras cidades de seu país, curando os enfermos, restituindo o caminhar aos paralíticos, a voz aos mudos, a audição aos surdos, a vida aos cadáveres. Sempre se reportando ao Pai, sem jamais deixar de perdoar a quem quer que se arrependesse de seus pecados, doce e afável com seus discípulos, nunca saiu dos limites de sua pobreza e humildade.
CONCLUSÃO
João dá testemunho d’Ele e clama: ‘Este era aquele de Quem eu disse: O que há de vir depois de mim é mais do que eu, porque existia antes de mim. Todos nós participamos de sua plenitude, e recebemos graça sobre graça; porque a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo’” (vv. 15-17).
Com os olhos postos no Menino Jesus, e pela intercessão de Maria e José, agradeçamos os incontáveis benefícios descidos e infundidos sobre nós a partir daquela “Beata Nox”, e imploremos a graça da santidade. Assim, livres de todo pecado, passemos não só uma noite, mas uma Eternidade Feliz.

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