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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Evangelho - A Ascensão de Jesus

Continuação
Por que Jesus conviveu quarenta dias com os Apóstolos, em Corpo glorioso
Por aí se pode compreender o quanto, após a Paixão de Jesus, as saudades dos Apóstolos e discípulos giravam em torno de um relacionamento de certa forma equivocado. Entende-se melhor também a necessidade do Redentor conviver com eles quarenta dias em Corpo glorioso, pois Jesus “não quis que permanecessem sempre carnais nem amando-O com amor terreno. Queriam que estivesse sempre com eles, carnalmente, movidos pelo mesmo afeto pelo qual Pedro temia vê-Lo padecer. Consideravam-No seu mestre, consolador e protetor, homem, afinal, como eles próprios; e se não vissem algo diferente julgá-Lo-iam ausente, sendo que Ele estava presente em todos os lugares com sua majestade”.
Por outro lado, em face da lembrança traumatizante dos dias da Paixão, “convinha agora levantar-lhes o ânimo para começarem a pensar n’Ele espiritualmente, como o Verbo do Pai, Deus de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas; esse pensamento lhes era vedado pela carne que viam. Convinha, sim, confirmá-los na fé, vivendo com eles quarenta dias, mas era ainda mais conveniente separar-Se de suas vistas para que Quem na terra os estava acompanhando como irmão os socorresse desde o Céu como Senhor, e eles aprendessem a pensar n’Ele como em Deus” (2).
“Não vos deixarei órfãos”
O próprio Jesus havia afirmado:
“É melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-Lo enviarei. (...) Eu vou para o Pai, e já não Me vereis” (Jo 16, 7.10). E, de fato, os Apóstolos nunca mais O encontraram, pois, ao penetrar no Céu, deixou de estar presente na terra de modo natural.
Em contrapartida, Ele mesmo prometera:
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). E realmente Ele está entre nós, na Eucaristia, debaixo dos véus das Sagradas Espécies. Ademais, nunca deixa de nos acompanhar: “Subindo aos Céus, Ele não abandona de modo algum aqueles que adotou” (3). Estas belas palavras de São Leão Magno fazem eco às de Nosso Senhor: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18).
Consola-nos constatar o quanto se tem cumprido essa promessa ao longo destes vinte e um séculos, dia após dia, das mais variadas maneiras. Não poderia ser que sua Ascensão constituísse um abandono daqueles por quem Ele se Encarnou e morreu no Calvário. Seu retorno ao Pai só pode ter-se dado na sequência desse amor incomensurável d’Ele a cada um de nós. A Ascensão deu-se por uma conveniência sua, mas também para benefício nosso. São Tomás nos ensina: “O lugar deve ter proporção com quem nele está. Ora, Cristo, após a Ressurreição, deu início a uma vida imortal e incorruptível, e o lugar no qual habitamos é lugar de geração e de corrupção, ao passo que o lugar celeste é um lugar de incorrupção. Logo, não era conveniente que Cristo, após a Ressurreição, permanecesse na terra e, sim, que subisse ao Céu” (4). E ao ocupar um lugar no Céu, proporcionado à sua Ressurreição, “algo se Lhe acrescentou no que diz respeito ao decoro do lugar, o que redunda em bem da glória”. E citando o Salmo 15, 11: “À tua destra delícias eternas até o fim”, São Tomás aplica a este versículo o comentário da glosa: “Terei prazer e alegria quando estiver sentado a teu lado, após ter sido tirado da vista humana”.
Continua...

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