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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Evangelho 15º Domingo Tempo Comum - ano B

Continuação dos comentários ao Evangelho Mc 6, 7-13

10 “E disse-lhes: ‘Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali’”.
Ao tratar sobre este mesmo episódio, o Evangelista São Mateus é mais detalhado, especificando que deve ser escolhida a casa de uma pessoa digna: “Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida” (Mt 10, 11).
É quase intuitiva a razão pela qual Nosso Senhor lhes faz essa recomendação. “Sem uma prudente escolha — comenta Fillion —, poderiam pôr em risco sua reputação pessoal e prejudicar a causa do Reino dos Céus. Não devem ir para a casa do mais rico ou do mais influente, mas sim para a que seja mais digna. Recebidos numa casa, ali permanecerão até à partida. Mudar-se para outra seria sinal de superficialidade ou de pouca mortificação, que desdouram a dignidade apostólica”.9



11 “Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele”.
Uma vez mais, à semelhança do exemplo por Ele ‘’dado em Nazaré, Nosso Senhor adverte que não se deve insistir com aqueles que não querem acreditar na Boa Nova.
O tempo é uma criatura de Deus, de cujo uso Lhe deveremos prestar contas. Desperdiçá-lo, insistindo em evangelizar quem não quer salvar-se, implica em deixar de pregar àqueles que aproveitariam melhor a mensagem da Salvação. Não terão estes razões para recriminar, no dia do Juízo, quem os privou de tão precioso bem?
A linguagem dos símbolos fala muito mais aos homens do Oriente do que a nós, ocidentais, que herdamos uma mentalidade dada ao utilitarismo. Rasgar as vestes em sinal de indignação, cobrir a cabeça de cinzas para significar a penitência ou grande tristeza eram atitudes, entre outras, que os orientais sentiam necessidade de tomar para expressar seus sentimentos mais vivos. Assim também, ao ser alvo de grande rejeição, o gesto de bater as sandálias para sacudir o pó expressa o rompimento total, a vontade de não levar consigo nem sequer a poeira da terra cujos habitantes não quiseram aceitar a Boa Nova.
Pirot e Clamer descrevem a origem de tal costume: “Procediam assim os judeus quando saíam do solo pagão e entravam na Terra Santa. Para deixar claro que não queriam guardar nenhum contato impuro, eles sacudiam até o pó de suas sandálias, gesto simbólico que assinalava quão completa era a ruptura entre o judeu e o pagão. Da parte dos Apóstolos, esse gesto destinava-se a mostrar aos judeus rebeldes à voz da graça, que eles se tornaram indignos da mensagem que lhes foi oferecida, a ponto de, doravante, serem considerados e tratados como pagãos. Assim agiram em Antioquia da Pisídia, quando uma revolta provocada pelos judeus os forçou a deixar essa cidade e ir para Icônio (cf. At 13, 51)”.10
Efeitos da pregação
12 “Eles partiram e pregaram a penitência”.
A penitência tem aqui o sentido de conversão do coração; ou seja, penitência interior, mais do que atos externos de mortificação — por exemplo, jejuar, vestir-se de saco ou cobrir-se de cinza —, como os que faziam tantas vezes os fariseus, para serem vistos e louvados pelos homens.
“A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida, com a esperança da Misericórdia divina e a confiança na ajuda da Sua graça” — conforme ensina a Igreja.11
Continua no próximo post

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