Comentários de Mons João Clá Dias
A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se
ensoberbece; 5 não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se
encoleriza, não guarda rancor; 6 não se alegra com a iniquidade, mas regozija-se
com a verdade. 7 Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. (1 Cor 13,
4-7)
Vamos fazer um exame de
consciência.
Como é que está minha
paciência? Eu suporto? Eu tolero? Quando me fazem alguma qualquer eu tomo com
tranquilidade?
Eu não sou paciente se não
tenho caridade. Não tendo caridade, por mais que eu tenha fé, dinheiro, faça
atos extraordinários, não adiantou nada, não adiantou absolutamente nada. Não
sou nada. Não adiantou nada.
Eu sou benigno? Eu vejo com
bondade alguém que vem me pedir um auxílio? Ou eu sou vingativo: “Esse aqui
está me pedindo este auxílio, mas antes ele fez tal coisa, tal outra, e agora é
a hora de eu pegar o pescoço dele e esmagar, apertar o pescoço dele até ele
pedir perdão”?
Se eu não sou benigno, eu não
tenho caridade. E não tendo caridade, por maior que seja minha fé, não adiantou
de nada.
Um vai, faz um ato
extraordinário, eu olho e digo: “ Uh! Até que enfim! Este foi mais longe do que
eu incomparavelmente. Era o que eu queria, que alguém me passasse para que a
glória de Deus. Está ótimo”. E fico contente.
Se eu os tenho isso, quer
dizer, se eu tenho essa reação, é porque eu possuo a caridade. Está ótimo.
Mas se eu vejo outro que fez
algo melhor do que eu, entristeço-me e tenho vontade de eu fazer no lugar dele,
eu não tenho caridade.
— Ah, mas eu tenho fé!
— Não adianta de nada.
— Mas eu creio!
— Não adianta de nada, porque
não é nada. São Paulo é quem diz.
Temeridade aqui é no sentido de
fazer um juízo: “Fulano me olhou assim agora, porque não sei quanto, porque não
sei o quê...”.
Ainda que ele tenha olhado com
más intenções ou coisa que o valha e é meu irmão, nem percebi, passo por cima,
esqueço.
Dizer: “Eu hoje trabalhei como
um mouro. Fiz isto, fiz aquilo, fiz aquilo outro. Sento-me na cama, mas um
homem realizado porque eu fiz mesmo”. Perdeu tudo o que fez. Tudo o que ele fez
foi perdido.
Parece que é um buraquinho
assim. Ele fez um universo, e o que aconteceu? Esse universo passou por esse
buraquinho e foi tudo embora. Satanás levou embora para o Inferno, chegou no
Inferno e disse: “Hahahaha! Aquele tonto
trabalhou como um demônio, como um de nós, e, entretanto, agora perdeu tudo!”.
Perdeu tudo, mas continua com
fé. Não adianta de nada, porque faltou o amor.
Toda a capacidade de amor que
ele deveria pôr em Deus, aplicou para si, perdeu tudo!
Texto extraído de uma
conferência de 4/3/2000, sem revisão do autor.
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