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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A caridade é paciente, é benigna

Comentários de Mons João Clá Dias
A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; 5 não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; 6 não se alegra com a iniquidade, mas regozija-se com a verdade. 7 Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. (1 Cor 13, 4-7)
Vamos fazer um exame de consciência.
Como é que está minha paciência? Eu suporto? Eu tolero? Quando me fazem alguma qualquer eu tomo com tranquilidade?
Eu não sou paciente se não tenho caridade. Não tendo caridade, por mais que eu tenha fé, dinheiro, faça atos extraordinários, não adiantou nada, não adiantou absolutamente nada. Não sou nada. Não adiantou nada.
Eu sou benigno? Eu vejo com bondade alguém que vem me pedir um auxílio? Ou eu sou vingativo: “Esse aqui está me pedindo este auxílio, mas antes ele fez tal coisa, tal outra, e agora é a hora de eu pegar o pescoço dele e esmagar, apertar o pescoço dele até ele pedir perdão”?
Se eu não sou benigno, eu não tenho caridade. E não tendo caridade, por maior que seja minha fé, não adiantou de nada.
Um vai, faz um ato extraordinário, eu olho e digo: “ Uh! Até que enfim! Este foi mais longe do que eu incomparavelmente. Era o que eu queria, que alguém me passasse para que a glória de Deus. Está ótimo”. E fico contente.
Se eu os tenho isso, quer dizer, se eu tenho essa reação, é porque eu possuo a caridade. Está ótimo.
Mas se eu vejo outro que fez algo melhor do que eu, entristeço-me e tenho vontade de eu fazer no lugar dele, eu não tenho caridade.
— Ah, mas eu tenho fé!
— Não adianta de nada.
— Mas eu creio!
— Não adianta de nada, porque não é nada. São Paulo é quem diz.
Temeridade aqui é no sentido de fazer um juízo: “Fulano me olhou assim agora, porque não sei quanto, porque não sei o quê...”.
Ainda que ele tenha olhado com más intenções ou coisa que o valha e é meu irmão, nem percebi, passo por cima, esqueço.
Dizer: “Eu hoje trabalhei como um mouro. Fiz isto, fiz aquilo, fiz aquilo outro. Sento-me na cama, mas um homem realizado porque eu fiz mesmo”. Perdeu tudo o que fez. Tudo o que ele fez foi perdido.
Parece que é um buraquinho assim. Ele fez um universo, e o que aconteceu? Esse universo passou por esse buraquinho e foi tudo embora. Satanás levou embora para o Inferno, chegou no Inferno e disse:  “Hahahaha! Aquele tonto trabalhou como um demônio, como um de nós, e, entretanto, agora perdeu tudo!”.
Perdeu tudo, mas continua com fé. Não adianta de nada, porque faltou o amor.
Toda a capacidade de amor que ele deveria pôr em Deus, aplicou para si, perdeu tudo!

Texto extraído de uma conferência de 4/3/2000, sem revisão do autor.

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