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sábado, 12 de novembro de 2011

O prêmio e o castigo

Jesus insiste na necessidade de estarmos preparados para o momento de comparecer ante o tribunal divino. Nesse sentido é a parábola das virgens tolas e das prudentes, com a qual se inicia o capítulo 25 de São Mateus. O mesmo se diga da parábola dos talentos, que vem logo a seguir. Ambas ilustram o discurso escatológico iniciado no capítulo 24 do mesmo evangelista, quando nosso Redentor adverte para os acontecimentos que marcarão o fim do mundo: “Como o relâmpago parte do oriente e ilumina até o ocidente, assim será a volta do Filho do Homem...”.
Era natural que, na sequência desses ensinamentos, Ele passasse à descrição do último ato da história da humanidade: o Juízo Final.
A segunda vinda de Jesus
“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante d’Ele...”.
Assim Nosso Senhor inicia a descrição dos instantes finais dos homens nesta terra. Meditemos sobre isso, seguindo o categórico conselho do Eclesiástico: “Em todas as tuas obras, medita nos teus novíssimos e não pecarás eternamente” (7,40). “Novíssimo” é um termo vindo do latim novus, e quer dizer também “último”. É com esse significado que a Escritura o utiliza, para indicar os últimos acontecimentos de nossa vida: morte, juízo, Céu ou Inferno.
De início, reparemos na linguagem empregada agora pelo Divino Mestre. Não se exprime mais por comparação nem metáfora (“O reino dos céus é semelhante..”), mas fala diretamente: “Quando o Filho do Homem voltar na sua glória...”.
Não nos deixa dúvida quanto à realização do Juízo Universal, verdade, aliás, anunciada outras vezes por Ele mesmo: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! (...) No dia do juízo, haverá menos rigor para Tiro e para Sidônia que para vós!” (Mt 11,21-22). “No dia do juízo, os ninivitas se levantarão contra esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas” (Mt 12,41).
O tribunal
Todas as nações se reunirão diante dele”, diz o Senhor. Quer dizer, nenhum homem, por mais poderoso que tiver sido, poderá subtrair-se a essa convocação. Não haverá espaço para exceções, tergiversações, adiamentos. A ordem é peremptória.
Também os anjos deverão comparecer, afirma Jesus: “...e todos os anjos com ele”. Ora, se os homens é que serão julgados, qual a razão dessa presença angélica?
Segundo explica a Suma Teológica, o Juízo Final “relaciona-se de algum modo com os anjos, na medida em que eles interferiram nos atos dos homens”. Assim, o principal papel das criaturas angélicas será o de servir de testemunhas.
Mas, de alguma maneira, os anjos serão também julgados: “Não sabeis que julgaremos os anjos?”, pergunta São Paulo (1 Cor 6,3). E São Pedro afirma o mesmo a respeito dos demônios: “Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitounos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento” (2 Pe 2,4). Os anjos de Deus terão um prêmio, que será a grande alegria em vista da salvação de seus protegidos, enquanto os demônios terão um acréscimo de tormento, ao “multiplicar-se a ruína dos maus que por eles foram induzidos ao pecado” (Suma, Suplem. 89,8).
Ainda no concernente à constituição do tribunal, certos homens terão um papel importante: serão co-juízes com Nosso Senhor. Isto é afirmado, entre outros, por São Paulo: “Não sabeis que os santos julgarão o mundo?” (1 Cor. 6,2). Segundo a Suma, esses co-juízes, “varões perfeitos”, julgarão por comparação com si mesmos, porque “trazem gravados em si os decretos da justiça divina” (Suplem. 89,1).

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