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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

André e João encontram Jesus

37 Ouvindo as suas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus.
Desde toda a eternidade, Jesus vira esses dois discípulos e os amara; agora, com seus olhos humanos e sem Se deixar perceber, o Salvador os contempla de soslaio. Ele sempre quis atraí-los, mas, seguindo uma zelosa diplomacia, deixou a cargo de quem os formara tomar a iniciativa de encaminhá-los. De sua parte, Jesus não faz senão oferecer ao Precursor um pequeno pretexto, ou seja, passa diante de seus olhos.
O Batista demonstra uma vez mais sua total devoção ao Salvador, pois aproveita imediatamente a oportunidade. Ele teme que Jesus passe e não volte!
Quantas vezes esse mesmo Jesus se apresenta ao longo da caminhada de nossa vida! Ora é uma inspiração, ou um bom anseio pervadido de consolação, às vezes até uma dor de consciência e um arrependimento, ou exemplos de virtude ou de maldade aos quais assistimos... Sim, Jesus nos aparece de mil modos, e eis aqui o grande modelo diante de nós nesse Evangelho. Devemos ser ávidos dessas ocasiões para discernirmos as divinas insinuações de Jesus.
Fiéis aos ensinamentos de seu mestre, no entusiasmo pela figura do Cordeiro tão bem apresentada ao longo de enlevantes conversas e pregações, os dois discípulos resolveram segui-Lo. Conforme explica Frei Manuel de Tuya, “seguir alguém”, “ir atrás de”, era sinônimo, nos meios rabínicos, de ir à sua escola, ser seu discípulo (10). Portanto, seguiram-No nos dois sentidos da palavra, ou seja, fisicamente e com o intuito de passarem a ser seus discípulos.
Quantas vocações ficaram abandonadas pelos caminhos da História pelo fato de não reagirem como esses dois! Quantas perdições!
Da sua parte, Maldonado, com base em vários Padres da Igreja, ressalta a importância da pregação (11). Nesse versículo, Jesus colhe os primeiros frutos do rico plantio de João.
38 Jesus, voltando-Se para trás e vendo que O seguiam, disse-lhes: “Que buscais?” Eles disseram- Lhe: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde habitas?”
Jesus nunca deixa de vir ao nosso encontro e jamais se nega a encorajar-nos nas vias do bem. Tão afetuosa e paternal é sua atitude com os dois que chega a nos comover. Ambos manifestam uma inocente ansiedade de dirigir-se a Jesus; entretanto, por respeito ou temor reverencial, não ousam abordá-Lo. Segundo a boa educação de todos os tempos, cabe a quem tem autoridade iniciar a conversa, e Jesus o faz com suma bondade, porque discerne o fundo do desejo de ambos e coloca-os à vontade.
“Rabi” é o título que Lhe conferem, e assim demonstram quanto anseiam por aprender sua doutrina. Em seguida Lhe fazem uma pergunta: “Onde moras?” Comenta Alcuíno a este respeito: “Não querem se beneficiar do magistério de forma passageira, e por isso Lhe perguntam onde vive para que, de futuro, possam ouvir suas palavras em segredo, visitá-Lo muitas vezes e instruir-se muito melhor” (12).
O Evangelho é perene e, por isso, também a nós Jesus pergunta: “Que buscais?” Ou seja, o que procuramos nos lugares freqüentados por nós, em nossas companhias, amizades, ações, etc.? Buscamos a glória de Deus e de sua Santa Igreja? Será o Reino dos Céus, a edificação dos outros, nossa salvação, nossa santificação? Ou, pelo contrário, será nossa vanglória, nosso amor próprio, nossa sensualidade, nossos prazeres? É possível que nós não Lhe queiramos responder agora, porém, no dia do Juízo — particular e final —, deveremos prestar- Lhe contas exatas, diante dos Anjos e dos homens.
Imitemos os dois discípulos, e perguntemos a Jesus onde vive Ele sobrenatuatualmente. Imaginemos qual seria sua resposta. Certamente não O encontraremos nos espetáculos imorais, nem nas disputas vaidosas, etc. Antes de tudo, Jesus vive no Céu, como no tabernáculo, mas também no coração dos inocentes, de todos os que se mantêm na graça de Deus e fogem do pecado. Nós bem o sabemos..

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