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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Eis o Cordeiro de Deus

“Eis o Cordeiro de Deus”
Assim se expressa o Pe. Andrés Fernández Truyols SJ:
“E, no outro dia, enquanto se achava o Batista em companhia de dois de seus discípulos, João e André, vendo de novo passar Jesus, repetiu aquela mesma profunda e dulcíssima declaração da véspera: ‘Eis o Cordeiro de Deus’.
“Os dois discípulos, ao ouvirem —quiçá pela segunda vez — essa sentença dos lábios de seu mestre, pronunciada com tanto amor e certeza, iluminados sem dúvida e movidos pela graça interior que o próprio Cordeiro de Deus lhes comunicava, despedem-se daquele que até então haviam tido por mestre e se dispõem a seguir Jesus.
“O Batista não opõe a menor resistência; pelo contrário os estimula a irem atrás do novo Mestre. ‘João era o amigo do Esposo. Não procurava sua própria glória, mas dava testemunho da Verdade. Por isso não queria reter consigo seus discípulos, impedindo-os de seguir o Senhor; pelo contrário, ele mesmo lhes aponta Aquele que eles deviam seguir’ (Santo Agostinho, Tratado 7 sobre São João)” (4).
Segundo Maldonado, o Batista tinha os olhos cravados em Jesus por estar “cheio de admiração e de religioso espanto”. Torna-se patente que Jesus passeava. Para onde ia Ele? Alguns Padres manifestam-se favoráveis à hipótese de que Jesus estava à procura de São João Batista. Entretanto, Maldonado não é dessa opinião e julga estivesse o Salvador distraindo-se ou caminhando em outra direção e, por isso, “deixou-se ver por João para que d’Ele desse novo testemunho” (5).
Já São João Crisóstomo ressalta outros importantes detalhes desse episódio: “E como muitos não prestavam atenção no que São João dizia desde o princípio, procura chamar-lhes a atenção pela segunda vez, e por isso diz: ‘No dia seguinte, outra vez estava João e dois de seus discípulos’.
“Mas, por que o Batista não percorria toda a Judéia e pregava por toda parte sobre o Salvador, em vez de permanecer somente nas cercanias do Rio Jordão, aguardando que Ele ali chegasse para dá-Lo a conhecer? Porque queria que isso se tornasse evidente pelos próprios milagres de Jesus. Veja-se, aliás, de que modo esse seu procedimento foi causa de maior edificação: João Batista apenas fez saltar uma pequena faísca e logo se levantou um grande incêndio. Se tivesse dito essas palavras percorrendo as aldeias e cidades, essas coisas todas pareceriam estar sucedendo em decorrência de um plano humano, e o seu louvor soaria como suspeito; por essa razão os profetas e os apóstolos falaram de Jesus Cristo em sua ausência, mas o Batista em sua presença física; os outros, porém, falaram d’Ele depois de sua Ascensão.”
São João Crisóstomo termina com este comentário: Para constar que ele não manifestava Jesus apenas pela voz, mas O designava também com os olhos, acrescenta: ‘E olhando para Jesus que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus’” (6).
“Convém que Ele cresça e eu diminua”
Frei Manuel de Tuya OP, muito acertadamente comenta que esse trecho do Evangelho de hoje aponta uma continuação da missão do Batista, de anunciar a chegada do Messias, e de dar testemunho d’Ele. Do mesmo modo como antes procedera diante das multidões e do próprio Sinédrio, agora o faz perante seus dois discípulos: “Não os reterá, mas os orientará rumo a Cristo. Desfará seu ‘círculo’ para fazer crescer o de Cristo. É o tema desta passagem: ‘Convém que Ele cresça e eu diminua’ (Jo 3, 30)” (7).
O famoso Fillion vê esse trecho sob um outro ângulo e afirma que a exclamação de São João, “eis o Cordeiro de Deus”, foi suficiente para produzir nos dois discípulos, de maneira repentina, uma reação de maravilhamento (8). Já Maldonado manifesta-se favorável à ideia de que o precursor julgava seus dois discípulos prontos para seguir o Messias (9).

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